Dez anos depois de virar um fenômeno global com o hit "Gangnam Style", o rapper sul-coreano Psy afirma que está no melhor momento de sua vida, orgulhoso de seu "maior troféu", mas livre da pressão de repetir tamanho sucesso.
Publicado no YouTube em 15 de julho de 2012, o videoclipe extravagante se tornou um êxito avassalador, com a 'dança do cavalo' que provocou milhares de imitações e paródias.
Foi o primeiro vídeo do YouTube a superar um bilhão de visualizações e permitiu a Psy conseguir algo que os artistas do K-pop antes dele não conseguiram: reconhecimento global.
No auge da popularidade, o rapper estava em todos os cantos: dividindo o palco com Madonna, liderando um 'flash mob' para uma multidão diante da Torre Eiffel ou se apresentando para o presidente americano Barack Obama.
Mas o sucesso de "Gangnam Style" foi uma faca de dois gumes: a fama trouxe a pressão para obter outro grande sucesso. Psy descreve o momento como um dos períodos mais difíceis de sua vida.
As coisas ficaram "mais pesadas e difíceis porque... toda vez eu tinha que ter esse tipo de música", declarou Psy à AFP em uma entrevista na semana passada na sede de sua empresa em Gangnam, o distrito luxuoso de Seul que ele ironizou na canção.
"Eu tinha uma dependência enorme da canção (...) Mas você, aconteceu há 10 anos, então agora sou realmente livre", explica o artista de 44 anos.
A canção não apenas transformou a carreira de Psy, mas também mudou a indústria, ao demonstrar que um artista que não usa uma língua dominante como o inglês pode atingir audiências internacionais através da internet.
Também alterou a forma de compilação das paradas de sucesso e levou a Billboard a levar em consideração o número de visualizações no YouTube e de reproduções nas plataformas de streaming.
O papel inovador de Psy foi reconhecido por alguns dos maiores nomes do K-pop, que agora acumulam fama internacional.
"Ele é alguém a quem sempre sou grato", declarou Suga, membro do grupo BTS, em um vídeo no mês passado. "Com 'Gangnam Style', ele abriu o caminho para o K-pop nos Estados Unidos".
- Queen e hip-hop -
Psy, cujo nome verdadeiro é Park Jae-sang, já era uma estrela na Coreia do Sul muito antes de "Gangnam Style".
Ele cita como uma de suas referências o grupo Queen, que descobriu ao assistir um vídeo do famoso show da banda britânica em Wembley em 1986.
"Pensei: quero ser um vocalista como ele" (Freddie Mercury), disse Psy à AFP. "Na época, eu não era bom na música, nem um cantor muito bom... era apenas um dançarino divertido".
Ao frequentar a universidade nos Estados Unidos no final da década de 1990, ele ouviu o que muitos consideram como a 'era dourada' do hip-hop, com rappers como Tupac Shakur e The Notorious B.I.G.
"Eu literalmente ouvia hip-hop todos os dias na rádio. E eu pensei: se não posso cantar tão bem, eu tenho que fazer rap. Assim posso ser um frontman", explicou.
Depois de estrear em 2001, ele rapidamente ganhou fama com performances engraçadas e explosivas. E ganhou vários prêmios locais.
Algo controverso para um astro coreano, várias canções e videoclipes receberam classificação de apenas para adultos por sua linguagem.
Depois de "Gangnam Style", Psy lançou três álbuns.
O mais recente, "Psy 9th", foi lançado em abril pelo P NATION, selo e agência de artistas que fundou em 2019.
Embora mais afastado dos holofotes, o rapper não se considera acabado e divide o tempo entre a música e sua empresa.
E recorda com carinho e orgulho do grande sucesso mundial.
"É o maior troféu da minha vida. Quando faço um show, esta é minha arma mais poderosa", afirmou à AFP.
E isto foi demonstrado durante uma apresentação em uma universidade de Seul na semana passada, quando uma multidão cantou todas as canções durante o show, que também incluiu músicas de seu primeiro álbum, lançado há mais de duas décadas.
O fato de o público jovem conhecer todas as letras é algo especial para Psy.
"Hoje em dia (eu digo a mim mesmo): 'Uau, cara, você é muito popular. Eles amam você'".
"Como eu tenho sorte como artista. Estou mais feliz do que nunca".