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Estado de Minas PALESTRA

Gilberto Gil e o líder indígena Benki Piyãko dão aula-show hoje em BH

O músico e o líder indígena falam sobre cultura e meio ambiente na apresentação "Outras florestas", no Palácio das Artes, neste sábado (4/6)


04/06/2022 04:00 - atualizado 03/06/2022 21:26

Usando pintura indígena no rosto, cocar e colares, o líder Benki Piyãko, fotografado de perfil, sorri
O líder indígena Benki Piyãko, representante da etnia Achaninca, conversará com Gilberto Gil sobre a situação dos povos originários (foto: Instituto Yorenka Tasorentsi/ Divulgação)

Prestes a completar 80 anos, Gilberto Gil vai vivenciar, neste sábado (4/6), a experiência inédita em sua trajetória de ministrar uma aula-show presencial, no Grande Teatro do Palácio das Artes, às 21h. Acompanhado dos filhos Bem e José, ele vai conversar com Benki Piyãko, representante político e xamânico dos achanincas, povo indígena do Acre, sobre questões relacionadas à cultura, ao meio ambiente e à inclusão social.

O evento marca o lançamento do projeto Outras Florestas, criado pela ONG Contato com o intuito de aproximar essas três áreas. Desenvolver ações de reflorestamento urbano em áreas degradadas das periferias de Belo Horizonte, onde se situam as serras de onde brotam muitas nascentes, está entre os primeiros objetivos do projeto.

“A gente começou a montar um roteiro dessa aula-show perpassando por todos esses elementos caros ao debate da questão ambiental e climática no mundo, intercalando com a criação artística do Gil, as músicas que ele fez ao longo da carreira sobre essa temática”, aponta Helder Quiroga, um dos fundadores da Contato.

Ele conta que havia feito, no ano passado, uma live com Gil sobre a relação entre tecnologia e cultura, e que o formato acabou servindo de modelo para o que se verá nesta noite no Palácio das Artes. Sobre a dinâmica da aula-show, ele diz que, após uma fala institucional da Contato, contextualizando o surgimento do projeto Outras Florestas, a jornalista Maíra Lemos vai mediar a conversa com Gil, que pontua sua fala com músicas de seu repertório relacionadas ao tema proposto.

RARAS 

Quiroga guarda sigilo em relação ao roteiro musical, mas diz que inclui músicas que Gil não apresenta ao vivo há mais de 20 anos. “É um momento único da presença dele em Belo Horizonte, porque não é só o cantor e compositor, é o Gil integral, que é também um grande orador e um grande pensador da atualidade. Ter esse Gil em sua materialização total no palco representa um momento de troca no campo das ideias que não se vê em um show comum”, afirma.

Ele adianta que, depois do terceiro ou quarto bloco de músicas e conversa, Benki, uma das principais lideranças indígenas da atualidade, entra no palco para somar com suas vivências, iniciando sua participação com uma canção tradicional dos achanincas. Quiroga, que já havia promovido um encontro entre os dois em 2014, por meio da Contato, destaca a potência desse diálogo.

“Você tem, de um lado, um preto velho que é um dos maiores artistas brasileiros vivos, e de outro lado uma jovem liderança indígena, com o lugar de fala apropriado para esse projeto, com um discurso muito incisivo”, pontua. Ele entende que o atravessamento entre cultura e meio ambiente é indispensável para se buscar um novo modelo de cidadania. “Estamos vivendo um momento que exige um diálogo transversal cada vez mais potente”, diz.

em paisagem ao ar livre com céu azul e sol poente, indivíduos de etnia indígena caminham em fila
A exposição 'Povos originários - Guerreiros do tempo', de Ricardo Stuckert, será aberta na Galeria Arlinda Corrêa Lima, antes da aula-show (foto: Ricardo Stuckert/Divulgação )

Fotos de Ricardo Stuckert

O lançamento do Outras Florestas será marcado, também pela inauguração da exposição “Povos originários – Guerreiros do tempo”, do fotógrafo Ricardo Stuckert, que retrata sua vivência, ao longo de 25 anos, com etnias indígenas na região amazônica.

Inédita no Brasil, a mostra, que esteve recentemente em cartaz na Argentina, será aberta ao público, a partir das 19h, na Galeria Arlinda Corrêa de Lima, com entrada franca.

“Espero que a exposição e o livro (homônimo, lançado este ano) promovam uma reflexão sobre a importância dos indígenas como os verdadeiros guardiões das florestas. Eles são os responsáveis por manter as florestas brasileiras sãs. Eles precisam que seus territórios sejam demarcados, que suas comunidades não sejam invadidas, precisam ser respeitados. Preservar essas populações e as terras habitadas por elas é hoje uma questão de sobrevivência para todos nós”, diz Stuckert.

POVOS ORIGINÁRIOS 

O fotógrafo destaca que o processo de seleção das imagens que compõem livro e exposição foi orientado pelo desejo de que o público pudesse sentir, por meio delas, a importância dos povos originários para o Brasil e para o mundo. “Depois de tantos anos viajando pelas aldeias, foi um processo longo e de muita reflexão”, comenta.

“O modo de viver do indígena é fantástico. Eles vivem com simplicidade, com aquilo que a floresta oferece. Da terra tiram os alimentos e as plantas medicinais. Do rio bebem a água e pescam o peixe para saciar a fome. Têm orgulho de manter a cultura preservada. Nos ensinam a importância de viver em comunidade, de respeitar e preservar a natureza”, afirma.

Helder Quiroga observa que, além de lançar o projeto da Contato, a aula-show e a exposição marcam também a abertura da Semana do Meio Ambiente. Sobre o preço dos ingressos para a aula-show, a partir de R$ 200, ele explica que serve para cobrir os custos de produção e desenvolver as primeiras ações do projeto Outras Florestas. 

“A alta geral dos preços, de gasolina, passagem aérea, alimentação, hospedagem, isso afeta a produção cultural no país inteiro”, diz, chamando a atenção para o fato de que o evento não conta com nenhum tipo de patrocínio. “Estamos atuando de maneira militante com esse projeto.”

OUTRAS FLORESTAS

Aula-show com Gilberto Gil e Benki Piyãko, neste sábado (4/6), às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, 31.3236-7400). Ingressos para plateia 1 a R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia); plateia 2 a R$ 250 (inteira) e R$ 125 (meia); e plateia superior a R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia), à venda no site da Fundação Clóvis Salgado, na plataforma Eventim ou na bilheteria do teatro




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