Atento aos movimentos da natureza, das águas, dos animais e das plantas, o cantor, compositor e violeiro Wilson Dias lança neste sábado (4/6), às 20h, no Teatro Francisco Nunes, o álbum “Ser (tão) infinito”. O CD traz 13 canções, nas quais o violeiro exercita parcerias com o poeta João Evangelista (“Cantiga de tecer a vida”, “Berimbau saudade” e “Chuva forte”), a cantora e compositora Déa Trancoso (“Olho d’água”) e os violeiros Rodrigo Delage (“Canoa velha”) e Bilora (“História de menino”).
Wilson (viola) se apresenta acompanhando por Edson Fernando e Gladson Braga (percussão), Luadson Constâncio (piano), Sérgio Rabello (violoncelo e baixo acústico), Pedro Gomes (baixo elétrico) e Wallace Gomes (violão). Participam ainda do show Leopoldina, Rodrigo Delage e Ana Tereza, filha de Wilson Dias.
Ele ressalta que esse é um disco feito em plena pandemia. “A palavra saudade está muito presente nele. Isso porque senti, realmente, muita saudade. Aliás, acho que não foi somente isso, não foi uma coisa somente minha. Mas a gente viveu tempos difíceis e a saudade batia à nossa porta a cada momento. O desejo de encontrar, de abraçar e a saudade só aumentavam.”
O 'REMÉDIO' CAETANO
O violeiro observa que o disco contém ainda outra espécie de saudade. “Aquela coisa de a gente imaginar as viagens que poderia fazer, entrar nas casas das pessoas, além de outras coisas que víamos pela TV. A música que abre o disco se chama ‘Caminho’, na qual fiz um apanhado das coisas que fui vendo. Por exemplo, assisti a uma live do Caetano Veloso e aquilo foi um remédio naquele momento, acredito que para todos, logo que começou a pandemia e no meio dela.”
“Depois, vi Chico Buarque em uma ação com as mulheres do Movimento da Reforma Agrária, do MST, e achei aquilo fantástico”, lembra o violeiro. “Ele acolhendo aquele povo, de certa forma, levando uma palavra de incentivo para aquelas pessoas que estavam passando por um momento muito difícil. E aquela cena do papa Francisco, de joelhos, no Vaticano, aquilo também mexeu comigo profundamente, ele sozinho e isolado. Aquela cena ficou marcada para o mundo inteiro.”
A respeito do nome que deu ao disco, o artista afirma que “para ser tão infinito é necessário registrar, especialmente a canção. Quando você registra a música, ela deixa de estar no seu ambiente. Quando você parte dessa, faz as suas viagens, ela fica aí, de certa forma, garantindo a perenidade”.
Ele observa ainda que “o nome do disco faz uma alusão a esse sertão, que como bem disse Guimarães Rosa, está dentro da gente, é real. Ele está dentro de cada um de nós, ao mesmo tempo, é imaginário, então permite várias interpretações”.
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CONVIDADOS ESPECIAIS
Wilson Dias está especialmente feliz de ter ao seu lado no palco os artistas que participaram do disco. “Leopoldina canta comigo ‘Canoa velha’. Foi um presente que ganhei. A voz dela é algo que me toca profundamente, uma das coisas mais belas que ouvi nos últimos tempos”, afirma.
O violeiro Rodrigo Delage participará do show dividindo com Wilson Dias os vocais numa canção de domínio público, mais precisamente uma adaptação chamada “Sodade Maria”. Já Ana Tereza, filha do artista, cantará com ele “Olho d’água”, a canção que fecha o disco.
“Ela tem uma voz muito bonita, superdoce”, comenta o pai. “Para mim, é um momento de festa, de reencontro com o público, porque a gente ficou esse tempo todo afastado do palco, não só eu, mas todos os músicos. Sofremos muito naquele tempo de pandemia. A gente estar retomando esse caminho do encontro, dos shows é algo sensacional.”
“SER (TÃO) INFINITO”
Show de lançamento do CD de Wilson Dias, neste sábado (4/6), às 20h, no Teatro Francisco Nunes (Avenida Afonso Pena, 1.321, Parque Municipal, Centro). Ingressos a R$ 40 (inteira). Mais informações: (31) 3277-6325