Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Minas Tênis Clube retoma série de concertos, com recital de pianista russo


Para todo músico clássico que almeja uma carreira como solista, os concursos são a principal porta de entrada. E o pianista russo Alexander Yakovlev participou (e ganhou) um número impressionante deles. Ele já venceu mais de 50 prêmios em concursos internacionais em todos os continentes – em 30 deles levou o primeiro lugar.





Yakovlev retorna nesta terça (7/6) a Belo Horizonte para marcar a volta, depois de dois anos de interrupção, da série Concertos Gerdau, no Centro Cultural Unimed-BH Minas. Nesta temporada, o projeto, criado em 2013 pela musicista e professora Celina Szrvinsk, que também faz sua direção musical, terá apresentações até novembro.

No repertório desta noite, diz ele, há peças de pianistas que circularam pelo mundo e que conhecem as tradições de diferentes regiões. “Desde a estilização romântica de Brahms, passando pelas variações do barroco de Handel até as obras-primas da música russa de Tchaikovsky e Stravinsky. Vou tocar transcrições para piano de fragmentos de seus balés, ‘O quebra-nozes’ e ‘Petrushka’”, conta.

O piano entrou na vida de Yakovlev aos 6 anos, por iniciativa dele mesmo, que pediu um instrumento de presente para sua avó. “Lembro-me bem de que na época meus amigos jogavam futebol no quintal e eu praticava piano seis horas por dia. Muita gente perguntava por que eu não estava jogando como todo mundo. Bem, me parece que nenhum deles se tornou grande jogador, enquanto eu sou um pianista reconhecido.”






MEMORÁVEL

Graduado no Conservatório de Rostov, na Rússia, onde também fez mestrado, seguido de estudos em Viena e Berlim, Yakovlev conseguiu um marco na carreira em 2006, quando venceu o Concurso Chopin em Roma – na época, além do Grand Prix, ele levou para casa um piano de cauda.

“Esta vitória foi memorável porque também foi transmitida pela rádio do Vaticano, e o próprio papa (Bento XVI) ouviu a performance”, diz.

No atual ponto da carreira, Yakovlev busca estudar peças que ainda não tocou e fazer gravações. A quem está começando, ele tem uma dica: “Tente não ser pianista, mas um músico e procure uma oportunidade para se expressar através da música”.

De volta às turnês, ele comenta que tentou tirar o melhor do período em que ficou impossibilitado de tocar ao vivo. “A pandemia não foi um problema na minha vida, mas uma oportunidade de desbloquear meu potencial e conseguir novas oportunidades de comunicação com o ouvinte. Primeiramente, tive a oportunidade de estudar uma grande quantidade de repertório novo. Em segundo lugar, comecei a fazer muitas gravações de vídeo, que passei a postar na forma de transmissões on-line no YouTube e receberam bastante reconhecimento em todo o mundo.”





Ele vê as redes sociais e as plataformas de streaming como divulgadoras da música clássica. “É ótimo que você possa encontrar quase qualquer registro na internet. Lembro-me da época em que saía em turnê e chegava a uma cidade grande, Berlim por exemplo, especificamente para comprar um CD com minha performance favorita de uma sinfonia de Mozart ou Beethoven. Hoje, qualquer um pode ouvir isso sem sair de casa. Mas é claro que nenhuma das melhores gravações substitui e não substituirá uma performance ao vivo.”

Sobre a Guerra na Ucrânia, Yakovlev prefere opinar falando de música. “Os políticos fazem política e eu faço o que posso, música. Uma pessoa deve escolher seu próprio destino, sem imposições.”

Yakovlev cita Beethoven e Scriabin (compositor e pianista russo) para falar sobre a união por meio da música. “A ideia deles me é cara: todas as pessoas são irmãs, e tento transmitir essa ideia através da música. Existe uma lenda sobre a civilização babilônica, onde as pessoas viviam e falavam a mesma língua. Quando o vento soprou, todas as palavras ficaram confusas e todos começaram a falar línguas diferentes. Talvez essa primeira linguagem universal tenha sido a música e sonho que, por meio dela, as pessoas vão se entender melhor”, afirma.

CONCERTOS GERDAU

Recital do pianista Alexander Yakovlev. Nesta terça (7/6), às 20h30, no Centro Cultural Unimed-BH Minas, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). À venda na bilheteria e no site Eventim