Guilherme Augusto
O Instituto Inhotim agora detém a propriedade definitiva de todas as 23 galerias e obras de arte permanentes do museu, além da área de 140 mil hectares que o abriga, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
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GALERIAS
Também fazem parte do processo de doação as galerias permanentes do museu, que abrigam criações de Adriana Varejão, Carlos Garaicoa, Cildo Meireles, Doug Aitken, Lygia Pape, Matthew Barney, Miguel Rio Branco, Valeska Soares, Rivane Neuenschwander e Tunga, entre outros artistas.
Empresário do ramo de mineração e siderurgia, Bernardo Paz começou a colecionar obras de arte nos anos 1980, época em que já idealizava a criação de Inhotim, em Brumadinho. A coleção ganhou status de museu em 2006, quando foi aberta para visitação pública.
“Inhotim nasceu de um projeto de vida e foi se ampliando ao longo dos anos. A doação é um processo natural desse percurso. O Inhotim não é meu, Inhotim é de todo mundo”, explicou Paz, em comunicado enviado à imprensa.
Dono da Itaminas, conglomerado formado por 29 empresas, em 2020, Paz foi absolvido de acusação de lavagem de dinheiro. Problemas judiciais do grupo chegaram a pôr em risco a propriedade do museu.
Em 2021, a Itaminas assinou acordo com a Procuradoria-geral da Fazenda Nacional em torno de seu passivo tributário, da ordem de R$ 1,6 bilhão. A União pediu o empenho de todos os imóveis do grupo, entre eles o Instituto Inhotim.
Com o acordo, o museu a céu aberto ficou livre de possível penhora e o valor da dívida foi fechado em R$ 1,2 bilhão, que deveria ser paga em 120 meses. Como garantia, o grupo ofereceu outros imóveis.
A doação das obras de arte encabeça o projeto O Inhotim de Todos para Todos, cujo objetivo é fortalecer a vocação pública da instituição, seu caráter de museu vivo e seu colecionismo ativo, de acordo com a direção.
O projeto é liderado pelo novo comando do instituto, formado pelo diretor-presidente Lucas Pessôa, a diretora vice-presidente Paula Azevedo e a diretora artística Julieta González.
“A doação e a abertura de Inhotim à sociedade são um processo que começou há muito mais tempo, quando Bernardo decidiu generosamente abrir sua coleção privada à visitação pública, em 2006. De lá pra cá, foram quase 4 milhões de visitantes em 15 anos, além de mais de 800 mil crianças, adolescentes e adultos atendidos em programas socioeducativos. Portanto, apesar de ser instituição privada, sua atividade-fim é pública”, afirma Lucas Pessôa, diretor-presidente do instituto, por meio de nota.
CONSELHO DELIBERATIVO
Foi criado um novo Conselho Deliberativo, que passa a integrar a instância máxima de gestão da instituição, atuando como guardiã da governança do museu.
Bernardo Paz será o presidente desse conselho e o empresário mineiro Eugênio Mattar o vice-presidente. Fazem parte dele outras 18 pessoas, entre executivos de diversos setores e agentes culturais.
O grupo, que será ampliado com mais 10 integrantes, será responsável por deliberações administrativas e financeiras do Inhotim, mas não terá papel decisório na programação cultural do museu.
Reconhecido em 2008 como organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) pelo governo mineiro, o Instituto Inhotim é entidade privada sem fins lucrativos mantida por doações de pessoas físicas e jurídicas, leis de incentivo à cultura, bilheteria e realização de eventos.