Assim como nas paradas de sucesso radiofônicas de décadas atrás, o Inhotim também tem as suas preferidas do público. O Instituto guarda os números de visitação a obras e galerias ao longo dos últimos quatro anos, a partir de 2019 até o último mês de maio, e eles apontam a canadense Janet Cardiff no topo do ranking. A obra da artista foi vista – e ouvida, já que se trata de uma instalação sonora – por 254.154 pessoas nesse período.
“Há pintura, aqui representada pela obra de Adriana Varejão; fotografias, representadas pelo trabalho de Miguel Rio Branco; instalações, como nas obras de Cildo Meireles, Doris Salcedo e Janet Cardiff. É uma tipologia do que é o acervo do Inhotim”, diz.
A seguir, confira informações sobre cada uma das cinco galerias mais visitadas de Inhotim.
Janet Cardiff
(254.154 visitantes desde 2019)
A obra “Forty part motet” (2001, instalação sonora em 40 canais, com duração de 14’7”, dimensões variáveis), de Janet Cardiff, está em exibição na Galeria Praça desde 2006. Na instalação, a artista reúne oito conjuntos de cinco caixas de som, cada uma posicionada em um grande semicírculo. Cada caixa reproduz a voz de um integrante do coral da catedral de Salisbury (Reino Unido), captada por microfones individuais, antes do início da música e durante sua execução.À medida que percorre a instalação, o espectador pode se aproximar e se afastar das caixas para ouvir as diversas vozes, e perceber as diferentes combinações e harmonias entre elas. A composição escolhida para registro chama-se “Spem in alium nunquam habui” (“Em nenhum outro está minha esperança”), composta por Thomas Tallis, no século 16, para a comemoração do quadragésimo aniversário da rainha Elizabeth I da Inglaterra, em 1575.A formação inicial de Janet Cardiff foi em fotografia e gravura pela Queens University (Canadá), em 1980. Após a sua experiência com o cineasta Georges Miller, em 1983, Cardiff passou a produzir trabalhos envolvendo o som e instalações sonoras. Em suas obras, ela explora a emoção, a memória e a imaginação, tendo a audição como sentido central na construção de espaços que permeiam a ficção e a realidade.
Galeria Adriana Varejão
(185.069 visitantes desde 2019)
Inaugurada em 2008, com projeto do arquiteto Rodrigo Cerviño, a galeria reúne quatro obras distintas – porém dialógicas – de Adriana Varejão. “O colecionador” (2008, óleo sobre tela, 320×750 cm) faz parte da série “Saunas”, em que a artista trabalha com peças de cerâmica monocromática, que evoca uma falsa arquitetura, fazendo um jogo de perspectiva. “Passarinhos – de Inhotim a Demini” (2008, azulejos pintados à mão, 100x382 cm) se encontra exposta a céu aberto, revestindo os bancos presentes no terraço da galeria. Os azulejos pintados à mão são suporte para reproduções individuais de mais de 490 pássaros de diversas espécies. O trabalho é o resultado da vivência da artista na aldeia Watoriki, que fica na região do rio Demini, na terra indígena do povo Yanomami.“Linda do rosário” (2004, óleo sobre alumínio e poliuretano, 195x800x25 cm) traz em sua superfície a referência de azulejos comuns, com quadrados de cerâmica branca, recorrentes em ambientes relacionados com assepsia, como banheiros e cozinhas. Vísceras, também pintadas, saem do que seria o interior dessa parede arruinada.
“Celacanto provoca maremoto” (2004-2008, óleo e gesso sobre tela, 110x110 cm cada, com 184 peças) ocupa as quatro paredes da sala da galeria com 184 azulejos grandes, com superfície craqueada, como se tivessem sofrido os efeitos da passagem do tempo. Eles são montados de maneira desordenada, de forma a produzir a aparência de uma grande onda, um maremoto.
Cildo Meireles
(170.913 visitantes desde 2019)
Assinada pelo arquiteto Paulo Orsini, a Galeria Cildo Meireles foi inaugurada em 2004 e, depois de dois anos, passou por alterações em seu projeto original. Atualmente, estão expostas três obras do artista: “Através” (1983-1989, materiais diversos, 600x1500x1500 cm), “Desvio para o vermelho I, II e III: Impregnação; Entorno; Desvio” (1967-1984, materiais diversos, dimensões variáveis) e “Glove Trotter” (1991, malha de aço, bolas de vários tamanhos, cores e materiais, 25x520x420 cm).
Nesta última, Meireles parte de questões clássicas da escultura, como volume, peso e gravidade, incorporando também referências de outros contextos, como da geografia e da astronomia. Dividido em três ambientes articulados, “Desvio para o vermelho” apresenta duas datas na legenda: o ano em que o projeto foi concebido (1967) e o ano de sua primeira montagem, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1984. No Inhotim, está em exibição permanente desde 2006.
Em “Através”, o artista trabalha com objetos e materiais corriqueiros para a construção de barreiras – como grades, cercas e arames – para que, através de um jogo formal de elementos, o visitante caminhe por esse labirinto, cujo chão forrado por cacos de vidro introduz o som como instaurador da atmosfera do trabalho.
Miguel Rio Branco
(130.259 visitantes desde 2019)
Com o projeto assinado pelos Arquitetos Associados, a Galeria Miguel Rio Branco foi inaugurada em 2010, com uma proposta construtiva que dialoga com a referência barroca presente na obra do artista. Aproveitando o terreno em declive, a arquitetura se divide em um bloco suspenso e outro subterrâneo.
Essa contraposição também está presente na iluminação dos espaços, já que no pavimento inferior predomina a luz natural indireta, enquanto o segundo é marcado pela ausência de luz. Dessa maneira, o caráter dramático da produção do artista é evidenciado pelas lâmpadas direcionadas individualmente para as obras, dispostas em duas séries, “Entre os olhos e o deserto” (1997) e “Blue tango” (1984).
Miguel Rio Branco estudou fotografia no New York Institute of Photography (EUA), em 1966. A sua produção está situada na fronteira entre arte, fotografia e cinema. Em paralelo ao seu trabalho como fotógrafo e diretor de filmes experimentais em Nova York, de 1970 a 1972, desenvolveu uma pesquisa em fotografia autoral, unindo o caráter documental com uma forte carga poética em cenas de violência e sensualidade, marcadas especialmente pelo uso dramático da cor. Em suas instalações, exibe projeções fotográficas juntamente com recortes de jornais, cacos de espelhos ou retalhos de tecido.
Doris Salcedo
(123.678 visitantes desde 2019)
Inaugurada em 2008, a galeria abriga – e, de certa forma, se funde com – a obra “Neither” (2004). O espaço possui as mesmas dimensões da sala onde o trabalho foi exposto pela primeira vez, em 2004, na galeria White Cube (Londres). Em sua obra, a artista lida com estruturas de poder e como elas interferem na vida das pessoas. Aqui, essa discussão se dá em uma intervenção no espaço, tendo como referência histórica a arquitetura dos campos de concentração.O espectador que entra na galeria se depara com uma grande sala branca sem janelas, aparentemente neutra, com paredes inteiramente penetradas por grades, expondo a tensão entre espaço externo e interno, segurança e aprisionamento.Doris Salcedo concluiu a sua formação em belas artes na Universidad de Bogotá Jorge Tadeo Lozano (Colômbia), em 1980, e se tornou mestre em escultura pela New York University. A sua produção gira em torno de relatos da violência, especialmente a política, e de seus desdobramentos, como o desaparecimento, o esquecimento, o luto e a memória.
SAIBA COMO VISITAR O INHOTIM
O Instituto de Arte Contemporânea (Rua B, 20, Inhotim, Brumadinho) funciona de quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. Para garantir o ingresso, a compra deve ser feita antecipadamente pela plataforma Sympla. Os valores são: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), para um dia; R$ 88 (inteira) e R$ 44 (meia), para dois dias; R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), para três dias.
Entrada gratuita na última sexta-feira de cada mês, exceto feriados, mediante retirada prévia pelo Sympla. Também têm direito à entrada gratuita moradores de Brumadinho cadastrados no programa Nosso Inhotim, mediante apresentação da carteirinha do programa ou comprovante de endereço junto ao documento de identidade; Amigos do Inhotim, mediante apresentação da carteirinha virtual ou CPF cadastrado no programa; crianças de até 5 anos (certidão de nascimento ou identidade para comprovação); guias de turismo credenciados pela Embratur e Cadastur (crachá ou credenciais virtuais para comprovação).
A meia-entrada é válida para crianças/estudantes de 6 a 18 anos (documento de identidade), idosos com 60 anos ou mais (documento de identidade), pessoas com deficiência e um acompanhante, estudantes acima de 18 anos (carteirinha de estudante física ou virtual, boleto de pagamento do mês corrente ou declaração), professores das redes pública e privada de ensino (contracheque, carteira de trabalho ou acesso ao portal da instituição de ensino. Todos devem constar o cargo de professor), funcionários da Vale e até três dependentes (crachá ou carteira digital do plano de saúde), participantes do Clube de Assinantes Estado de Minas e um acompanhante (carteirinha física ou virtual ou acesso ao aplicativo do Clube A do titular), ID Jovem (carteirinha física ou virtual), Amigos da Pinacoteca (carteirinha física ou virtual), membros do Programa Agente MAM Rio.
Como chegar
De carro
Acesso pela rodovia BR-381 (passando por Mário Campos) ou pela rodovia BR-040 (passando por Piedade do Paraopeba). Estacionamento gratuito.
De transfer/ônibus
Transfer Belvitur
.Embarque: 7h45. Saída: 8h. Ponto de embarque: Hotel Holiday INN (Rua Professor Moraes, 600, Savassi, BH). Retorno: de quarta a sexta-feira, às 16h30; sábados, domingos e feriados, às 17h30. R$ 95 (ida e volta) e R$ 50 (apenas um trecho). Agendamentos pelo telefone (31) 3195-9090 (contato apenas por WhatsApp) ou pelo site www.bticket.com.br.
Viação Saritur
.Saída: 8h15. Retorno: de quarta a sexta-feira, às 16h30; sábados, domingos e feriados, às 17h30. Ponto de embarque: Rodoviária de Belo Horizonte (Av. do Contorno, 340, Centro, Belo Horizonte.) Valores: R$ 51,75 (ida), R$ 46,05 (volta), R$ 97,80 (ida e volta). Outras informações no site do Instituto de Arte Contemporânea (https://www.inhotim.org.br/)