Jornal Estado de Minas

ESPECIAL INHOTIM

Saiba como aproveitar o museu mesmo sem ir a Brumadinho


Para quem quer conhecer Inhotim, a dica óbvia é: vá a Inhotim. O Instituto de Arte Contemporânea a céu aberto localizado em Brumadinho oferece uma experiência de encantamento aos visitantes, ao conjugar um exuberante jardim botânico com obras marcantes de artistas de renome internacional.





Mas na inviabilidade da presença física, também é possível conhecer e fruir o que Inhotim tem a oferecer de casa mesmo, graças a publicações e produções audiovisuais que focalizam este que é um dos maiores museus a céu aberto do mundo. Boa parte dessa produção está disponível no site do próprio Instituto e em suas redes sociais.

Desde 2008, o Inhotim organiza, edita e distribui publicações que cobrem diversos temas, como arquitetura, arte, botânica e sua própria história e memória. “Através – Inhotim”, por exemplo, é um livro dedicado ao acervo artístico do Instituto e também uma ferramenta para conhecimento e pesquisa de algumas das mais representativas obras em exposição. Em sua primeira edição, a publicação abordou os anos de formação do Instituto, período em que sua identidade estava em construção.

Na atualização da obra, feita em 2015, outras dimensões foram incorporadas, como paisagismo, arte contemporânea, natureza e cultura. Revista e ampliada, a segunda edição inclui novos textos sobre Chris Burden, Claudia Andujar, Doug Aitken, Giuseppe Penone, João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Jorge Macchi, Juan Araujo, Lygia Pape e Matthew Barney. O livro está disponível nas versões em português e em inglês.




Trabalhos externos

Há diversos trabalhos externos ao Instituto que também se dedicam a jogar luz sobre os elementos que o compõem – artísticos, paisagísticos e arquitetônicos. É deste último que uma edição especial da revista “Monolito”, publicada pela editora homônima, se ocupa. Nela, o crítico de arquitetura e editor da publicação, Fernando Serapião, aborda, com a colaboração de Fernando Lara, Guilherme Wisnik e Leonardo Finotti (fotografia), a interlocução da arte contemporânea brasileira com a arquitetura em Inhotim.

Lançada em 2015, a revista trata da arquitetura de nove diferentes pavilhões e galerias – de Tunga, Claudia Andujar, Lygia Pape e Adriana Varejão, entre outros artistas – e também do Centro Educacional Burle Marx, da recepção, da loja botânica e do restaurante Oiticica. A revista defende, em seu editorial, que ao fragmentar a visitação em diferentes pavilhões, construídos em momentos distintos, o Instituto torna-se um novo paradigma para os espaços expositivos.

A revista eletrônica “Paubrasilia” – periódico oficial do Jardim Botânico Floras, da Universidade Federal do Sul da Bahia – apresentou, em 2020, o dossiê “Inhotim: o paisagismo e a identidade do jardim botânico”, organizado pela equipe do próprio Instituto, composta por Nayara Mesquita Mota, Juliano César Borin, Filipe Lorenzo Framil e Sabrina Silva Carmo. A partir do paisagismo, o texto levanta outras questões relevantes, como a conservação da biodiversidade, a sustentabilidade e a educação ambiental.




Inhotim na Netflix

Para quem quiser se inteirar mais sobre o Instituto sem sair de casa, ele também está no catálogo da Netflix, com a série documental “Inhotim – Arte presente”. Lançada originalmente em 2018, no canal Curta!, ela chegou ao streaming em 2020. Com uma temporada de 13 episódios, a produção oferece ao espectador a oportunidade de se aproximar do trabalho e do universo particular de alguns artistas cujas obras figuram na coleção do Instituto.

Reconhecida no 18º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2019, a série funciona como um aprofundamento no universo de alguns criadores. Os 13 episódios dirigidos pelo cineasta Pedro Urano focam o trabalho de grandes nomes da arte contemporânea, como Claudia Andujar, Giuseppe Penone, Rirkrit Tiravanija, Cildo Meireles, Chris Burden (1946-2015), Miguel Rio Branco, Matthew Barney, Jorge Macchi e Olafur Eliasson.

Um dos episódios, intitulado “Arte natureza”, se detém sobre as relações entre seres biológicos e obras de arte em conversas com botânicos, curadores e artistas, como Olafur Eliasson, Giuseppe Penone, Mathew Barney e Tunga. Outro, centrado no trabalho de curadoria, traz uma entrevista com o idealizador do Inhotim, Bernardo Paz, e com alguns curadores sobre como surgiu a coleção que o instituto abriga e como foram escolhidas as obras e os artistas que a compõem.




Produção original

Mais do que saber sobre o Inhotim, suas obras e sua natureza, é possível também acompanhar, por meio dos canais digitais do Instituto – site, YouTube, Instagram, Twitter e Facebook –, a produção original dedicada a um universo artístico amplo e variado. 

Tanto no site quanto por meio das redes sociais, pode-se acessar ações desenvolvidas durante a pandemia e que permanecem disponíveis, como o Inhotim em Cena, criado para fomentar a produção de artistas durante o período de isolamento social e proporcionar ao público uma forma diferente de apreciar música, artes plásticas, natureza e arquitetura juntas.

A produção consistiu no registro, entre maio e outubro do ano passado, de pequenos shows, com duração média de 30 minutos, de nomes da MPB contemporânea se apresentando em diferentes locações do Instituto. Arnaldo Antunes na Galeria Psicoativa Tunga, Otto na Estufa Equatorial, Pedro Luís e Orquestra de Câmara Inhotim na Galeria Cosmococa, Xenia França em meio às patas-de-elefante e Agnes Nunes na Galeria Rivane Neuenschwander compõem o painel do projeto, que propõe um formato audiovisual que extrapola os limites habituais da mera gravação de shows.




Séries da pandemia

Também pelo site e pelas redes sociais do Inhotim é possível acompanhar algumas séries desenvolvidas no período da pandemia. Uma delas, intitulada “Bastidores”, foi criada para mostrar o que se passa nas coxias de uma instituição museológica. 

O primeiro episódio traz a artista Laura Vinci comentando sobre o “X” como elemento emblemático em seu percurso e materializado em duas obras comissionadas para o projeto Múltiplos Inhotim, criado para fomentar o colecionismo e incentivar a produção artística brasileira.

Em outro episódio, é mostrado o processo de restauração de umas das obras mais conhecidas do Inhotim: “De lama lâmina” (2004-2009), de Matthew Barney. Realizado em 2019, o trabalho envolveu a equipe técnica do Instituto e integrantes do Matthew Barney Studio em um trabalho minucioso que redundou em um restauro de grandes proporções.





Outra série a que o público tem acesso por meio dos canais digitais do Inhotim é “Diálogos”, que traz discussões sobre arte, meio ambiente e cultura com artistas, curadores e especialistas em botânica, ao longo de oito episódios. No primeiro deles, o curador associado do Inhotim Douglas de Freitas conversa com Sara Ramo. No bate-papo, gravado por videoconferência, a artista conta sobre sua trajetória, referências e exposições recentes.

Em outro episódio, Adriana Varejão e o escritor português Valter Hugo Mãe se encontram em um bate-papo mediado pelo ex-diretor-presidente do Inhotim Antonio Grassi, em que estabelecem ligações poéticas entre a arte e a escrita e entre o passado e o presente que ligam Portugal e Brasil.

Veículos de informação

Além de canal de escoamento para essas produções, as redes sociais do Inhotim também atuam como veículos de informação sobre a rotina, as ações e as novidades do Instituto. O Twitter mantém o público informado sobre as obras expostas e a flora do jardim botânico. 





Pelo Facebook, os interessados podem se inteirar, por exemplo, sobre a relação do Inhotim com efemérides e datas especiais, como a Semana do Meio Ambiente, em destaque nas últimas postagens, com o projeto Ser do Cerrado.

No Instagram, as postagens mantêm um diálogo direto com as do Facebook, destacando o dia a dia do Inhotim, as ações desenvolvidas e até as novidades da lojinha do Instituto, como uma linha de caixas de fósforos colecionáveis inspirada nas obras de Adriana Varejão, Helio Oiticica e Rommulo Vieira Conceição.

E em janeiro deste ano estreou o “Inhotim Podcast”, feito em parceria com a Rádio Novelo. O programa, cuja primeira temporada tem como tema o “Território Específico”, propõe uma caminhada pelos jardins e galerias, conduzida pela atriz Barbara Colen, que apresenta as obras do Instituto com a intenção de conectar o ouvinte/espectador a outros olhares e outras locações.