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Estado de Minas HISTÓRIA

Museu em Kiev expõe as memórias (em tempo real) do front

Mísseis, passaportes de soldados russos mortos, botinas militares e réplica de abrigo antiaéreo fazem parte da exposição 'Ucrânia - Crucificação'


14/06/2022 04:00 - atualizado 14/06/2022 07:03

Mulher de máscara observa mísseis expostos em museu na cidade ucraniana de Kiev
Mulher observa mísseis utilizados no conflito com a Rússia que fazem parte da exposição "Ucrânia - Crucificação" (foto: Genya Savilov/AFP)

Os ucranianos agora podem visitar uma exposição sobre a guerra em tempo real, em Kiev, onde há capacetes, rações alimentares e mísseis recuperados após a retirada dos russos de áreas ocupadas.

“Ucrânia – Crucificação”, em cartaz no Museu da História da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial, reúne objetos autênticos coletados entre 4 de abril e 5 de maio, principalmente na região “libertada” ao norte de Kiev.

Inaugurado em 8 de maio, sua montagem em tempo recorde foi possível graças à colaboração do Exército, da Presidência do país, do governo ucraniano e de autoridades regionais.
Na entrada, uma grande estrela vermelha, feita de botas militares, pode ser vista no chão.

Notas pessoais e cartões de soldados russos mortos no front estão expostos em vitrines. Nos passaportes, datas de nascimento mostram que eram jovens. E a placa de carro da Sibéria prova que alguns vieram de longe.

Aqui podemos ver e sentir a guerra com as mãos

Yuri Savtchouk, diretor do Museu da História da Ucrânia na 2ª Guerra Mundial



Há também vários potes de ‘borchtch’ – sopa tradicional ucraniana, também típica de vários países eslavos – em sua versão halal, para atender aos combatentes chechenos de maioria muçulmana alistados pelo líder Ramzan Kadyrov.

Mísseis foram colocados na janela, escurecidos e quase destruídos por uma explosão.
Yuri Savtchouk, diretor do Museu da História da Ucrânia na 2ª Guerra Mundial, olha para a câmera
Yuri Savtchouk, diretor do Museu da História da Ucrânia na 2ª Guerra Mundial (foto: Genya Savilov/AFP)

“Aqui podemos ver e sentir a guerra com as mãos”, afirma o comissário Yuri Savtchouk. “Também é o nosso objetivo chocar as pessoas para que percebam o que está acontecendo.”

No porão, um abrigo foi reconstruído a partir de imagens. Dezenas de civis se refugiaram no local por 37 dias, incluindo várias crianças e um bebê de seis meses.

Alguns tijolos no chão simbolizam a morte de duas pessoas, que perderam a vida no subsolo insalubre e úmido. Na tela, a mãe do bebê conta sua experiência angustiante.
Pessoas observam e fotografam réplica de abrigo antiaéreo, com mesa e cama improvisadas, exposta em exposição sobre a guerra em Kiev
Réplica de abrigo antiaéreo, onde civis, inclusive crianças, se esconderam durante 37 dias (foto: Genya Savilov/AFP)

“É realmente muito difícil de ver”, diz a visitante Zoya Didok, de 26 anos, que trabalha no setor bancário. “Felizmente, eu não morava em uma dessas cidades onde os russos estiveram.”

No primeiro andar, há o pórtico de uma igreja destruída durante bombardeio e uma sala com várias obras de artistas ucranianos.

No museu, pessoas observam vitrine onde estão expostos passaportes e anotações de soldados russos mortos no confronto com a Ucrânia
Vitrine exibe passaportes e anotações de soldados russos que perderam a vida (foto: Genya Savilov/AFP)

CRIANÇAS

A granada escondida debaixo de um brinquedo de parquinho lembra o impacto da guerra em milhões de crianças ucranianas.

O memorial da Segunda Guerra Mundial, destruído na comuna de Gostomel, dá a sensação de que aquela situação já foi vivida, traçando um paralelo entre os dois conflitos.

Em museu, pessoas observam estrela desenhada no chão. Dentro dela há botas de combatentes na Guerra da Ucrânia
Estrela com botas de soldados está na entrada da exposição, em cartaz no Museu da História da Ucrânia na Segunda Guerra Mundial (foto: Genya Savilov/AFP)

“Também queremos responder à propaganda russa, que montou exposição em Moscou sobre o suposto fascismo que teria de ser combatido na Ucrânia”, explica Yuri Savtchouk. 


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