Há algo estranho lá fora, as imagens nas redes sociais não se cansam de mostrar. Mas, na vida real, as coisas parecem normais. É sobre o medo do desconhecido, como também sobre luto e perda, a minissérie “El refugio”. A primeira incursão latina da Starzplay no universo da ficção científica estreia na próxima quinta-feira (23/6).
É uma série com elenco mexicano, produzida e rodada no Chile (os irmãos Pablo e Juan de Dios Larraín são os produtores) e dirigida por um argentino, Pablo Fendrik.
VERÃO
Ambientada em Tepoztlán, pequeno município a 80 quilômetros da Cidade do México, a história acompanha uma família nos últimos dias das férias de verão.
Divorciada de Damián (Alberto Guerra), Victoria (Ana Claudia Talancón) vai buscar os três filhos no rancho dos ex-sogros. Já na primeira noite coisas estranhas começam a acontecer. A filha mais velha, Sofía (Camila Valero), contrariando a mãe, não tira os olhos do telefone. Vídeos de todo o México e de várias partes do mundo mostram objetos desconhecidos nos céus.
Rapidamente as imagens vão para as redes de TV. E coisas igualmente estranhas começam a acontecer nos arredores da casa, onde a família vai se fechar.
Em meio a isso, eles têm de lidar com a perda da filha mais velha, Dani. Pelo que o episódio piloto mostra, ela morreu há pouco – à medida que a história se desenvolve, isso será devidamente explicado.
“A ideia de mistério é ambígua, pois os personagens não sabem o que está acontecendo, mesmo sabendo que tem algo ocorrendo. Há coisas suspeitas ao redor deles, mas nada necessariamente paranormal. Até que tudo começa a mudar”, afirma Fendrik.
Misto de drama e sci-fi, “El refugio” tem um quê de produções apocalípticas em que a família acaba se reunindo depois de graves incidentes. “Guerra dos mundos”, de Steven Spielberg, é referência imediata.
“São muitas as referências tanto dos personagens quanto do próprio cenário. Como não temos muitas referências desse tipo de história na América Latina, tivemos que buscar lá fora”, diz Alberto Guerra.
Para a atriz Camila Valero, que aos 25 anos interpretou uma adolescente de 17 (em plena crise com os pais e as instituições), “El refugio” lida muito com a imaginação. “Muito do suspense e do medo que a série provoca vem de não saber o que está acontecendo.”
A série foi rodada no interior do Chile, em região rural próxima a Santiago, durante a pandemia. O início da produção, Fendrik conta, foi realizado de forma remota.
“Moro em Buenos Aires e, na época, as fronteiras estavam fechadas. Então, não pude viajar. Para não ficar parado, uma segunda equipe de filmagem começou a realizar os vídeos (que são exibidos nas redes falando da invasão extraterrestre). Eram mensagens de whatsapp todos os dias. O melhor das novas tecnologias é que você pode fazer quase tudo remotamente. Não é o ideal, mas é possível.”
Pouco depois, o elenco mexicano finalmente chegou ao Chile. “Na época, a maior parte do mundo estava mais aberta, exceto o Chile. Tanto que quando chegamos, tivemos de ficar 10 dias de quarentena”, relembra Camila.
PANDEMIA
Em momento algum a produção foi interrompida por causa da COVID-19. “Como a série foi feita para ser rodada na pandemia, tudo era muito controlado. E como estávamos em uma locação só, a experiência foi única”, acrescenta Alberto.
Trabalhar com equipes de diferentes nacionalidades tem se tornando corrente, diz Fendrik, que no ano passado lançou, na HBO, a série “Entre homens”.
“Há poucos países, o Brasil talvez seja exceção, capazes de absorver a quantidade de conteúdo que as plataformas estão demandando. É difícil ter um time completo (roteirista, diretor, elenco, equipe técnica) disponível em um só país, já a produção na América Latina aumentou muito. Todos os projetos em que tenho me envolvido contam com profissionais de vários países”, conclui.
“EL REFUGIO”
Minissérie em seis episódios. Estreia na próxima quinta-feira (23/6), na Starzplay. Um novo capítulo por quinta-feira.