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Estado de Minas MÚSICA

Ziggy Stardust, o ET pansexual de David Bowie, virou cinquentão

Personagem que transformou o roqueiro inglês em mega-astro do rock durou pouco mais de um ano, mas virou ícone da cultura pop


20/06/2022 04:00 - atualizado 20/06/2022 07:20

Em Londres, multidão fotografa mural com a imagem do rosto de David Bowie
Mural de David Bowie, pintado por Jimmy C em Londres, atraiu fãs do cantor quando ele morreu, em janeiro de 2016 (foto: NIKLAS HALLE'N/AFP/11/1/16 )


Cinquenta anos atrás, Ziggy Stardust desembarcou na Terra. O personagem extraterrestre e pansexual foi inventado pelo cantor britânico David Bowie para dar impulso à sua carreira, por meio de um álbum que se tornou clássico do rock.
 
Bowie passara uma década tentando decolar. Pertencia à geração dos anos 1960 de Londres, onde a concorrência era tal que mesmo dois grandes êxitos – “Space oddity”, em 1969, e “Changes”, dois anos depois – não lhe permitiram se destacar.
 
“Tudo o que ele tentou desde o início de sua carreira falhou”, comenta Jerome Soligny, considerado um dos maiores especialistas do mundo em David Bowie. O cantor e compositor morreu em janeiro de 2016, aos 69 anos, vítima de câncer.

AMBIGUIDADE

Bowie tinha uma carta na qual apostar naquele momento em que a música disco, a ambiguidade sexual e as roupas extravagantes começavam a ganhar força.
 
“The rise and fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars” foi o jeito de Bowie de dar um pontapé naquela década prodigiosa que havia caído no langor hippie.


 
O álbum saiu em 16 de junho de 1972. “Ziggy Stardust” misturava o rock sujo e de garagem de Iggy Pop e Lou Reed (Bowie conheceu e ajudou os dois) com os cursos de pantomima e teatro que ele havia feito em Londres.
 
Magro a ponto da anorexia, David Bowie se apresentava maquiado até as orelhas, com cabelos tingidos, roupas extravagantes e bota plataforma altíssima.
 
Assim nasceu Ziggy, alienígena sem sexo definido (ou todos ao mesmo tempo), figura que homenageava secretamente predecessores como o veterano Vince Taylor, que acreditava ser um deus extraterrestre, e Legendary Stardust Cowboy, cantor precursor do psychobilly.
 
“Não queríamos nada com os anos 60”, lembraria Bowie anos depois. “Decidimos que estávamos no início do século 21”.
 
Para o especialista Jerome Soligny, “foi um golpe de marketing, sua mais bela criação”. O álbum traz os sucessos “Ziggy Stardust”, “Starman” e “Suffragette City”.

David Bowie maquiado com um raio azul e vermelho no rosto
Imagem de Bowie se tornou ícone do pop (foto: Reprodução)

 
Os shows causavam sensação, com Bowie trocando de figurino várias vezes e interpretando provocativamente o papel de alienígena, correndo o risco de ser vaiado, como ocorreu no início.
 
Em julho de 1972, ele foi convidado do programa de televisão da BBC “Top of the pops”. Seguiu-se uma turnê americana de sucesso fenomenal. Foi um estouro.

O FIM

Tão rápido quanto veio, aquele alienígena desapareceu da face da Terra. Em julho de 1973, durante um show em Londres, Bowie anunciou que Ziggy não existia mais.
 
“Com a ajuda de alguns produtos químicos, borrar a distinção entre a realidade e a criatura que havia criado começou a se tornar muito fácil”, reconheceu o cantor e compositor.
 
David Bowie havia conseguido o estrelato do rock, e agora só precisava continuar provando seu valor. O que fez, brilhantemente, nas quatro décadas seguintes.


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