Jornal Estado de Minas

ARTES VISUAIS

Obra na Documenta de Kassel é censurada a pedido de Israel

Máscaras de artistas cubanos censurados fazem parte da instalação que o Instituto Instar, de Cuba, levou a Kassel (foto: Ina Fassbender/AFP)


Uma obra classificada como antissemita, exposta na Documenta de Kassel, feira de arte contemporânea realizada na Alemanha, será coberta após pedidos de Israel e de representantes judeus para que seja retirada, anunciaram os organizadores do evento.





É um novo golpe para a feira, realizada na cidade de Kassel, que ocorre a cada cinco anos e foi criticada nos últimos meses, acusada de antissemitismo.

MOSSAD 

A feira, que começou no sábado (18/6), expõe o trabalho que mostra um soldado com uma cabeça de porco, uma estrela de Davi e a inscrição “Mossad” em seu capacete, em referência ao serviço secreto israelense. A embaixada de Israel pediu aos organizadores da feira que a recolham.

O trabalho traz também um homem com dentes grandes, cabelos encaracolados, chapéu com inscrição nazista da SS e um cigarro na boca, lembrando caricaturas antissemitas de judeus ortodoxos.

O trabalho “apresenta claramente motivos antissemitas”, disse o diretor do Centro Anne Frank e professor da Universidade de Frankfurt, Meron Mendel, por meio do Twitter.





Em comunicado, a embaixada israelense em Berlim observou que “elementos presentes em algumas das obras lembram a propaganda de Goebbels, difundida no momento mais sombrio da história alemã”. E completou: “Devem ser retirados imediatamente da exposição”.

Josef Schuster, presidente do Conselho dos Judeus da Alemanha, apoiou a retirada. “A liberdade artística termina onde começa a misantropia”, disse.


PALESTINA

O coletivo palestino The Question of Funding, altamente crítico à ocupação israelense, faz parte da edição deste ano da Documenta de Kassel.

O grupo é acusado de estar ligado ao movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que pede boicote a Israel devido à ocupação de territórios palestinos.

O BDS foi rotulado como “antissemita” pelo Parlamento alemão, em 2019, e não pode receber financiamento público. Metade do orçamento da Documenta de Kassel vem do governo federal.

Um dos maiores eventos de arte contemporânea do mundo, junto à Bienal da Veneza, a Documenta expõe trabalhos de cerca de 1,5 mil artistas e deverá atrair 1 milhão de visitantes.