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Estado de Minas ARTES VISUAIS

Obra na Documenta de Kassel é censurada a pedido de Israel

Trabalho faz alusão ao Mossad, serviço secreto israelense, traz a estrela de Davi e mostra homem com inscrição SS, lembrando judeus ortodoxos


21/06/2022 04:00 - atualizado 21/06/2022 07:07

Dois homens fazem selfies na instalação criada por artistas cubanos que reúne máscaras de intelectuais que sofrem censura em Cuba
Máscaras de artistas cubanos censurados fazem parte da instalação que o Instituto Instar, de Cuba, levou a Kassel (foto: Ina Fassbender/AFP)


Uma obra classificada como antissemita, exposta na Documenta de Kassel, feira de arte contemporânea realizada na Alemanha, será coberta após pedidos de Israel e de representantes judeus para que seja retirada, anunciaram os organizadores do evento.

MOSSAD 

A feira, que começou no sábado (18/6), expõe o trabalho que mostra um soldado com uma cabeça de porco, uma estrela de Davi e a inscrição “Mossad” em seu capacete, em referência ao serviço secreto israelense. A embaixada de Israel pediu aos organizadores da feira que a recolham.

O trabalho traz também um homem com dentes grandes, cabelos encaracolados, chapéu com inscrição nazista da SS e um cigarro na boca, lembrando caricaturas antissemitas de judeus ortodoxos.

O trabalho “apresenta claramente motivos antissemitas”, disse o diretor do Centro Anne Frank e professor da Universidade de Frankfurt, Meron Mendel, por meio do Twitter.

Em comunicado, a embaixada israelense em Berlim observou que “elementos presentes em algumas das obras lembram a propaganda de Goebbels, difundida no momento mais sombrio da história alemã”. E completou: “Devem ser retirados imediatamente da exposição”.

Josef Schuster, presidente do Conselho dos Judeus da Alemanha, apoiou a retirada. “A liberdade artística termina onde começa a misantropia”, disse.

Pessoas interagem com imensa instalação com dezenas de rostos de pessoas criada pelo coletivo tailandês Baan Noorg
Documenta de Kassel espera receber 1 milhão de visitantes este ano. Na foto, trabalho do coletivo tailandês Baan Noorg (foto: Ina Fassbender/AFP)

PALESTINA

O coletivo palestino The Question of Funding, altamente crítico à ocupação israelense, faz parte da edição deste ano da Documenta de Kassel.

O grupo é acusado de estar ligado ao movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que pede boicote a Israel devido à ocupação de territórios palestinos.

O BDS foi rotulado como “antissemita” pelo Parlamento alemão, em 2019, e não pode receber financiamento público. Metade do orçamento da Documenta de Kassel vem do governo federal.

Um dos maiores eventos de arte contemporânea do mundo, junto à Bienal da Veneza, a Documenta expõe trabalhos de cerca de 1,5 mil artistas e deverá atrair 1 milhão de visitantes.


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