Inspirada nos afro-sambas de Vinicius de Moraes (1913-1980) e Baden Powell (1937-2000), que dedicaram a eles um disco clássico lançado em 1966, a dupla formada pelo mineiro Toninho Geraes e o capixaba Chico Alves lança o álbum “Aluayê” (Mills Records), disponível nas plataformas digitais.
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Capoeira
Ao se deparar com uma parceria sua com o paraense Toninho Nascimento, veio a inspiração para o projeto. “Pensei: esta canção é um verdadeiro afro-samba, tem todo aquele universo harmônico, o lance da letra e de usar os elementos da capoeira”, conta o mineiro. A partir disso, ele convidou o amigo e parceiro Chico Alves para gravar o álbum.
Tanto Toninho quanto Chico já haviam feito afro-sambas. “Disse pra ele: já temos duas, vamos fazer mais oito. E começamos a trabalhar essa ideia do disco”, relembra. Por meio de uma amiga, chegou a Jaime Alem, maestro respeitado, que por muitos anos foi diretor musical de Maria Bethânia.
Alem apoiou enfaticamente a proposta de Toninho e Chico. “Ele não só gostou da ideia, mas também das canções e deu alma ao universo de Baden e Vinicius. Maravilhoso, violonista, Jaime fez todos os arranjos, inclusive o de vozes, que ficou fantástico”, elogia Toninho.
Nesta quinta-feira (30/6), tem show de lançamento no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, com a participação de Marcel Powell, filho de Baden. A intenção da dupla é levar a turnê para outros palcos, além das rodas de samba. Toninho Geraes, autor de sucessos como “Mulheres”, hit de Martinho da Vila, diz que sua intenção é “desbravar” novos caminhos na carreira.
“Preciso de um trabalho que seja uma lança, que chegue desbravando novos terrenos, novas pátrias. Isso me motivou a entrar no universo do afro-samba. Baden e Vinicius viajaram o mundo com aquele disco deles, acredito que também podemos fazer algo parecido, pois o nosso álbum está muito legal”, comenta.
Depois de sair “da casca do ovo”, como diz ele, o álbum terá o show de quinta-feira como sua “mola propulsora”. “Já tem gente interessada em levar nosso trabalho para fora do país. O nosso objetivo é viajar pelo mundo com esse disco”, reforça.
Sonho de mineiro
Toninho Geraes sonha em se apresentar em um “grande teatro de Belo Horizonte”, sua terra natal. “Este é o momento. Gostaria que o público que gosta mais de teatro, de lugares mais confortáveis, comparecesse ao nosso espetáculo”, comenta.
“Já viajei o Brasil inteiro, mas em BH será muito importante fazer este show em um grande teatro como o Palácio das Artes ou o do Minas Tênis Clube. Vou ficar muito feliz se isso acontecer.”
Chico Alves diz que o projeto com Toninho Geraes, seu antigo parceiro, nasceu da admiração pela obra de Baden Powell e Vinicius de Moraes. “Sou apaixonado por aquele universo de falar de amor e também usando o amor, juntando com a religião africana e os orixás.”
Começou assim: Toninho fazia as melodias e Chico as letrava. O letrista destaca a importância do maestro Jaime Alem para o projeto.
“Jaime é o maestro da Maria Bethânia, sabe tudo de música. Levamos as canções de forma muito crua para ele. Fomos cantando à capela e ele ficou ali ouvindo, propondo os arranjos. Trouxe pra gente o Janaju, trio vocal maravilhoso, formado por ele, Jurema de Cândia e Nair, irmã dela, que fazem backing vocal de grandes nomes da MPB.”
Todas as faixas foram compostas por ele e Toninho, algumas com outros parceiros, mas nem todas são todas inéditas. “Três ou quatro já foram gravadas. Toninho é um amigo, um querido, gênio da raça. Agora está mudando de perfil, passando a levar a música dele para teatros e salas de concerto, almejando o mercado internacional”, comenta Chico Alves.
De acordo com o letrista, o desafio, neste momento, é divulgar o trabalho. “É aquela coisa de termos poucos espaços na mídia, (lidar com) a quantidade maluca de informações que recebemos a todo tempo, além da dificuldade de a pessoa parar e contemplar o disco inteiro”, afirma.
“Não é um disco para ser tocado em rodas ou casas de samba, onde o público está acostumado a ver o Toninho Geraes. É um álbum para ocupar teatros e salas de concerto”, garante Chico. “É de concepção refinada, música de câmara. Jaime fez todos os arranjos, é um trabalho muito acima da média que está acontecendo por aí.”
O OK de Marcel
Chico reforça que o show de lançamento terá a participação de Marcel Powell, filho de Baden. “Maravilhoso violonista, ele adorou a homenagem ao pai e ao Vinicius. Depois que os dois fizeram aquele disco de afro-sambas, ninguém mais se aventurou, ninguém teve coragem de pisar naquele terreno. Depois de 50 anos, eu e Toninho nos aventuramos. Então, Marcel nos disse: ‘Estou com vocês, vamos nessa’”, comemora.
No show, Chico e Toninho cantam juntos e em separado, mas há espaço também para o trio Janaju, não apenas fazendo backing vocal. “A gente proporciona protagonismo a elas porque são muito talentosas”, elogia o capixaba.
Além de Toninho Geraes, Chico Alves e Janaju, o disco traz a banda formada por Jaime Alem (violões), Dirceu Leite (flauta e sax), Rômulo Gomes (contrabaixo), Vitor Vieira (bateria), Felipe Tauil e Robson Batata (percussões).
REPERTÓRIO
>> “PAIXÃO É MARÉ”
Toninho Geraes e Chico Alves
>> “NUNCA MAIS”
Toninho Geraes e Chico Alves
>> “MÃE REZADEIRA”
Chico Alves e Toninho Nascimento
>> “QUEIMADA”
Marco Pinheiro e Chico Alves
>> “RAINHA GINGA”
Toninho Geraes e Toninho Nascimento
>> “BENGUELÊ”
Toninho Geraes, Chico Alves e Jaime Alem
>> “COISAS DA MINHA TERRA”
Toninho Geraes e Chico Alves
>> “CAMAFEU”
Toninho Geraes e Chico Alves
>> “DOR DE AMOR”
Toninho Geraes, Toninho Nascimento e Chico Alves
>> “DESENCANTO”
Toninho Geraes, PC Feital e Chico Alves
“ALUAYÊ – OS NOVOS AFRO-SAMBAS”
. Álbum de Toninho Geraes e Chico Alves
. 10 faixas
. Mills Records
. Disponível nas plataformas digitais