Ao final do século 18, duas perspectivas para a Independência do Brasil se confrontaram. Para além do projeto vitorioso do Rio de Janeiro, que “às margens do Ipiranga” fundou o estado monárquico, mantendo a unidade territorial da antiga colônia, a concentração de poder e a escravidão; há uma outra história menos contada.
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Grupo de teatro celebra 15 anos com peça em que une atores e plateiaMemorial do Bordado recebe doações de peças que contam histórias de famíliaRecorte da 34ª Bienal de São Paulo chega a Belo Horizonte amanhãMuseu do Ipiranga reabre hoje com Villa-Lobos e 800 convidadosMercado de arte no Brasil se reinventa para lucrar com o 'novo normal'Em 1817, toda essa movimentação de ideias abre, em Pernambuco, o ciclo revolucionário da Independência, que se estende até 1824 com a Confederação do Equador. Naquele momento, sustentou-se um programa de emancipação libertário e radical: federalista, republicano e voltado para a garantia do princípio de autogoverno provincial.
Debate
É também sobre esta “outra” história da Independência, gestada naquele momento da história em torno de um grande e panfletário debate público, que será aberta nesta quarta-feira (6/7) a exposição “Itinerários da Independência”, sob a organização da historiadora Heloísa Starling.Instalada em um Caminhão Museu itinerante, que ficará estacionado em frente à reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a entrada será gratuita. Nesta quarta-feira, a cerimônia de abertura, às 17h, terá a presença da reitora Sandra Goulart. A visitação se estenderá até sexta (8/7), das 9h às 21h.
Desenvolvida pelo Projeto República | UFMG, entre as atividades da Comissão Especial Curadora do Bicentenário da Independência do Brasil no Senado Federal, a exposição “Itinerários da Independência” usa diferentes recursos expográficos, audiovisuais e bibliográficos para contar a história dos vários projetos e conflitos políticos que existiram em torno da Independência do Brasil.
Em uma sala de cinema, são projetados vídeos curtos, como videoanimações, sobre o tema da Independência; em outra sala de realidade virtual, o visitante poderá ser fotografado participando de dois momentos históricos destes itinerários; num outro espaço, há uma biblioteca equipada com livros e HQs sobre a Independência, além de oito computadores, onde o visitante poderá escutar podcasts e acessar ao site Itinerários Virtuais da Independência – realização da UFMG em conjunto com a Comissão Especial Curadora do Bicentenário da Independência do Brasil no Senado Federal.
Caminhão Museu
Estão também expostos 11 painéis com reproduções de obras de artistas, brasileiros e estrangeiros – inclusive contemporâneos, que remetem a eventos emblemáticos destes itinerários nas diferentes províncias e nas Independências das Américas que, de alguma maneira, tiveram ressonância no Brasil.
A exposição dá especial destaque para a participação da mulher no processo histórico da Independência, sobre a qual fala-se pouco. Sob o título “As mulheres que estavam lá”, são retratadas Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, Bárbara de Alencar, Ana Maria José Lins, Maria Felipa de Oliveira, Maria Clemência da Silveira Sampaio, Maria Quitéria de Jesus, a Imperatriz Leopoldina, além de uma menina baiana.
São mulheres que desafiaram as convenções morais e sociais estabelecidas e rejeitaram a proibição do acesso feminino à participação política. Viveram o projeto de Independência do Brasil de maneiras diferentes, partindo de patamares sociais desiguais, e atuaram de forma diversa: algumas empunharam armas, outras se engajaram no ativismo político.
“ITINERÁRIOS DA INDEPENDÊNCIA”
Exposição organizada pelo Projeto República. No Caminhão Museu, em frente à Reitoria da UFMG (Av. Pres. Antônio Carlos, 6.627 - Pampulha). Abertura nesta quarta-feira (6/7), às 17h. Visitação gratuita até sexta (8/7), das 9h às 21h.