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Estado de Minas CINEMA

Filmado em Minas, longa 'A queda' é drama sobre relação entre avô e neto

Com Gracindo Júnior e Daniel Rocha nos papéis principais, filme do diretor mineiro radicado em Londres Diego Rocha estreia na próxima quinta-feira (14/7)


10/07/2022 04:00 - atualizado 13/07/2022 21:16

Gracindo Júnior e Daniel Rocha durante cena do filme A queda
Gracindo Júnior e Daniel Rocha interpretam os protagonistas do filme do diretor mineiro radicado em Londres Diego Rocha (foto: O2 Filmes/Divulgação)

Dois homens, um que tem todo o tempo do mundo e outro que quer fazer tudo o que puder no período que lhe resta, estão no centro do longa-metragem “A queda”. A produção mineira, rodada em Cataguases e Leopoldina, na Zona da Mata, e em Belo Horizonte, chega aos cinemas na próxima quinta-feira (14/7). Dirigida por Diego Rocha, traz nos papéis principais Daniel Rocha e Gracindo Júnior.

Eles são Beto e Gera, avô e neto. Fotógrafo forense, Beto vive com o homem mais velho, que o criou. Há alguns pontos de atrito, pois o avô, querendo aproveitar o máximo possível, se descuida da saúde. Impaciente com o neto certinho, dá suas escapadelas sempre que pode.  

A virada de chave se dá quando Beto começa a acompanhar a investigação da morte de um rico empresário de 75 anos. Enquanto estava acamado, o homem caiu do sétimo andar de um hospital. Para o responsável pelo caso, o delegado Nogueira (Rodrigo dos Santos), não há dúvidas de que tenha sido suicídio. 

AMANTE 

Beto acha a história estranha. O empresário havia acabado de mudar seu testamento, incluindo nele a jovem amante Bárbara (Juliane Guimarães). Desta maneira, o casal de filhos teria que dividir os milhões do pai. Por conta própria, o fotógrafo começa a frequentar o hospital. Lá conhece a médica Ana (Branca Messina), com quem acaba se envolvendo.

“A queda” passeia entre gêneros – tem um forte teor dramático, mas com muitas nuances de thriller. “Eu queria fazer uma história de amizade. No início, nem era avô e neto, mas pai e filho”, conta Diego Rocha. 

A partir de uma situação particular – um exame de tomografia computadorizada, em que teve que assessorar sua mãe e sua avó, que acabou sendo levada para o filme – o diretor e roteirista mudou os protagonistas. “Quis colocar duas pessoas de gerações bem diferentes e com objetivos diferentes também.”

Nascido em Divinópolis, o cineasta, depois de viver em Belo Horizonte, mudou-se para Londres, onde está há 15 anos. Foi lá que estreou na direção de longas, no terror “Writers retreat” (2015, não lançado no Brasil). “A queda” é seu primeiro longa feito no Brasil.

Othon Bastos foi a primeira opção de Diego para o papel de Gera. Ele chegou a ler o roteiro,  mas quando o filme foi ser rodado, o ator já tinha assumido outro compromisso. “Ele me disse que iria indicar um amigo, o Gracindo Júnior. Mandei o roteiro para ele às três da tarde; às oito ele me respondeu: ‘Esta é a minha vida, quero fazer o filme’”, relembra Diego, acrescentado que não imagina hoje outro ator para o papel. “Ele é engraçado, extrovertido, tinha muito a ver com o personagem”. Gera foi inspirado em três amigos de Diego.

MEMÓRIA 

Quando foi chamado para o filme, Daniel Rocha tinha acabado de fazer o pugilista Acelino “Popó” Freitas na série “Irmãos Freitas”. “A história de um avô e um neto em que o papel se inverte, em que o mais novo se torna como um pai do avô me pegou. Todo o mundo vai passar por envelhecimento, perda de memória. E o filme é muito sobre os dois, ainda que tenha suspense”, diz o ator.

Criado pelos pais sem os avós por perto, Daniel não tinha muito presente esta relação em sua vida. “Foi interessante viver isto de outra maneira”, comenta ele, que assistiu a vários filmes sobre envelhecimento. Destaca “Amor” (2012), de Michael Haneke, vencedor do Oscar de Filme Internacional. “É uma relação muito bonita de despedida, do tempo contado, da hora que vai chegar, seja amanhã ou daqui a um mês.”

“A queda” traz uma trama urbana, mas metade do filme foi rodado entre Cataguases, Leopoldina e lugarejos próximos – o filme contou com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), patrocínio da Energisa (cuja sede fica em Cataguases), via Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, e apoio do Polo Audiovisual da Zona da Mata.

As filmagens começaram na Zona da Mata – inclusive a cena final, rodada em uma casa do interior. “Filmamos também em Cataguases muitas cenas internas. A delegacia é lá, como também a casa de repouso. Até mesmo a casa do Beto e Gera, que foi rodada em um sítio. Em Belo Horizonte, exploramos muito a noite, com várias externas, pois gosto de planos abertos”, conta Diego.

Ainda que Belo Horizonte não seja identificada no filme, a cidade é facilmente reconhecível. Há uma cena que mostra uma placa indicando a Savassi, outra rodada no estacionamento São José, no Centro, conhecido por ter elevadores para carros. O hospital também é em BH – o Mater Dei da Avenida do Contorno, que, na época da filmagem, no final de 2018, estava com os últimos andares desocupados.

“Foi um achado, pois (um hospital) seria muito difícil e caro de reproduzir. E eu queria ter realismo”, diz o diretor. As sequências no hospital contam com a participação de vários rostos conhecidos do teatro mineiro. Chico Pelúcio, do Galpão, interpreta um médico, enquanto Rodolfo Vaz faz um doente terminal. Gustavo Werneck é o diretor do hospital, Jefferson da Fonseca, o filho do empresário morto, e Beth Grandi a responsável pela casa de repouso.


A “Rua Guaicurus” em filme

Outro filme mineiro deve chegar aos cinemas nesta semana. Primeiro longa-metragem de João Borges, “Rua Guaicurus” combina documental e ficção para tratar do universo da prostituição na via histórica de Belo Horizonte. Desde 1950, a rua no Baixo Centro da cidade abriga hotéis em que trabalham profissionais do sexo.

O longa partiu de um intenso processo de pesquisa, iniciado em 2016, quando Borges participou de uma residência artística em parceria com a Associação das Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG), realizada nos hotéis da região. Na época, ele produziu uma série de imagens usando uma câmera de infravermelho, registrando as trabalhadoras do sexo e seus clientes nos quartos.

O roteiro acompanha três mulheres. Uma delas, a mais jovem e inexperiente, acaba de chegar à rua para iniciar a vida na prostituição. A segunda, mais experiente, recebe, acolhe e dá conselhos à novata. E a última, mais velha, decide voltar para sua cidade de origem, no interior. 

As histórias que as personagens apresentam foram tiradas de casos relatados ao diretor pelas profissionais na época da pesquisa. Uma das atrizes é Elizabeth Miguel, que trabalhou na Guaicurus até 2017, época em que conheceu João Borges. 


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