O título da mostra em cartaz no Cine Humberto Mauro, “As origens de Tim Burton”, pode sugerir um foco nos primeiros trabalhos do diretor que despontou para o sucesso com “Os fantasmas se divertem”, de 1988. Essas “origens”, contudo, recuam até a década de 1920, com títulos vinculados ao Expressionismo Alemão – possivelmente a escola mais influente para a obra de Burton, segundo Vitor Miranda, da gerência de Cinema do Palácio das Artes e um dos responsáveis pela curadoria.
Trata-se, assim, de um grande painel, que parte das obras do diretor homenageado para construir um mosaico de gêneros, filmes e diretores que inspiram seu estilo. O rol que emoldura a filmografia de Burton inclui desde “O gabinete do Dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene, até “Veludo azul” (1986), de David Lynch, passando por “Metropolis” (1927), de Fritz Lang, “O circo” (1928), de Charles Chaplin, e “Godzilla” (1954), de Ishiro Honda.
Do próprio Burton, estão presentes na programação títulos como “Edward mãos de tesoura” (1990), “Ed Wood” (1994), “Marte ataca!” (1996), “Peixe grande e suas histórias maravilhosas” (2003) e os remakes “Planeta dos macacos” (2001) e “A fantástica fábrica de chocolate” (2005), bem como os longas originais, de 1968, dirigido por Franklin J. Schaffner, e de 1971, dirigido por Mel Stuart, respectivamente.
Vitor Miranda observa que a programação foi pensada de forma a colocar as obras em diálogo. Num mesmo dia, o público poderá assistir, por exemplo, a “Peixe grande” e “O circo”. “Edward mãos de tesoura” e “Frankenstein”, “A fantástica fábrica de chocolate” e “O mágico de Oz”, “Ed Wood” e “Plano 9 do espaço sideral” são outros filmes que guardam relações estéticas e conceituais entre si e que serão exibidas em sequência.
SALADA DE REFERÊNCIAS
“Tim Burton é desses diretores que têm uma salada de referências muito interessante e muito bem delineada. A curadoria partiu dos filmes dele, e daí fizemos uma pesquisa sobre o que o inspirou em cada filme. E tem obras que ele cita como preferidas e que, portanto, também foram incluídas. Foi bem isso, esse gesto comparativo”, diz Miranda.
Ele aponta que entre as preferências do diretor está José Mojica Marins, o Zé do Caixão, que também marca presença especial na mostra, com a estreia, em Belo Horizonte, de “A praga” (1980), na próxima quinta-feira (14/7). Considerado perdido por muito tempo, o longa-metragem é o único filme inédito de Mojica conhecido até o momento.
As latas de negativo em película super-8 com as filmagens foram encontradas em 2007, e após um longo processo que incluiu digitalização, dublagem, novas filmagens e pós-produção, a obra terá exibição dupla e conjunta com o documentário “A última praga de Mojica” (2021), que acompanha o processo de resgate e finalização do filme.
MARATONA DE TERROR
Além de “A praga”, outro longa de Mojica, “À meia-noite levarei sua alma” (1964), será exibido duas vezes ao longo da mostra – uma delas, durante a “Maratona de terror”, uma espécie de mostra dentro da mostra, com mais de 30 horas de exibição de filmes, ininterruptamente, entre os próximos dias 22 e 23 (sexta-feira e sábado), tanto no Cine Humberto Mauro quanto no Jardim Interno do Palácio das Artes.
“A 'Maratona do terror' repete um pouco o que a mostra está fazendo, relacionando clássicos do gênero que ecoam na obra de Tim Burton. O público vai ter a oportunidade de varar a madrugada – algo que a gente costumava fazer antes da pandemia, com maratonas de terror dos anos 1980 e 1990, por exemplo”, detalha Miranda.
Ele destaca que mostra “As origens de Tim Burton” abarca várias séries do Cine Humberto Mauro, como a “Cinema e psicanálise”, pela qual será exibido o filme francês “Os olhos sem rosto” (1960), que lida com elementos e temas igualmente caros à filmografia do cineasta estadunidense; e a “História permanente do cinema”, que vai promover cinco sessões comentadas de filmes relacionados com as temáticas e a estética presentes sem seu trabalho.
ON-LINE
Além das sessões presenciais, que se estendem até 4 de agosto, oito filmes da mostra “As origens de Tim Burton” irão para a plataforma CineHumbertoMauroMAIS, onde também será lançada a subdivisão “Coleção de terror”, com um total de 13 filmes do gênero disponibilizados on-line.
Além das sessões presenciais, que se estendem até 4 de agosto, oito filmes da mostra “As origens de Tim Burton” irão para a plataforma CineHumbertoMauroMAIS, onde também será lançada a subdivisão “Coleção de terror”, com um total de 13 filmes do gênero disponibilizados on-line.
“Para a plataforma, a gente escolheu filmes que são menos vistos e que merecem atenção. Vai estar lá, por exemplo, um filme seminal para a história do cinema, ‘O gabinete do Dr. Caligari’, do expressionismo alemão, e também outros que estão nesse cruzamento do terror com a ficção científica, dos quais Burton é tão fã”, diz Vitor.
“E na plataforma estão obras com uma característica de produção independente, de filme B. Tim Burton, mesmo tendo grandes orçamentos, sempre optou por fazer filmes mais baratos. No início da carreira, isso é mais visível, ele gostava desse cinema independente, como, por exemplo, os filmes do Ed Wood e do Roger Corman”, acrescenta.
EXPRESSIONISMO ALEMÃO
Ele destaca o Expressionismo Alemão por ser um movimento que influenciou várias correntes que surgiram depois e nas quais o cineasta também se inspirou, como o cinema gótico e os filmes de monstro dos anos 1950 e 1960. “Os grandes diretores, os atuais principalmente, têm uma base muito sólida do que os influenciou. Muita gente pergunta: o que teria na locadora do Tim Burton? Essa mostra é a locadora dele”, ressalta.
Ele destaca o Expressionismo Alemão por ser um movimento que influenciou várias correntes que surgiram depois e nas quais o cineasta também se inspirou, como o cinema gótico e os filmes de monstro dos anos 1950 e 1960. “Os grandes diretores, os atuais principalmente, têm uma base muito sólida do que os influenciou. Muita gente pergunta: o que teria na locadora do Tim Burton? Essa mostra é a locadora dele”, ressalta.
MOSTRA “AS ORIGENS DE TIM BURTON”
• Até 4 de agosto, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro)
• Entrada gratuita. A programação completa no site da Fundação Clóvis Salgado (https://fcs.mg.gov.br/). Para as sessões convencionais, os ingressos poderão ser retirados na bilheteria do Cine Humberto Mauro a qualquer momento no dia das sessões. Para a “Maratona de terror”, serão distribuídos na bilheteria 1 hora antes de cada exibição. Informações: (31) 3236-7400