O Festival Internacional de Jazz de Ouro Preto - Tudo é Jazz chega à sua vigésima edição com um circuito de shows em outras cidades do estado antes de aportar em Ouro Preto. São Gonçalo do Bação (distrito de Itabirito), Miguel Burnier (distrito de Ouro Preto), Ouro Branco, Moeda, Catas Altas e Congonhas estão no roteiro do festival, cujo pontapé inicial ocorre na capital mineira, nesta quarta-feira (13/7).
Em BH as apresentações ocorrerão na Praça de Convivência do Museu das Minas e do Metal, na Praça da Liberdade. Além da programação musical, uma exposição de fotos produzidas por Eduardo Trópia ficará em cartaz desta quarta até 30/7, quando se transfere para a Casa dos Contos, em Ouro Preto.
"Eduardo é um parceiro nosso desde o primeiro festival. Mesmo quando ele não estava trabalhando como fotógrafo oficial do projeto, ele sempre fez registro de todas as edições. A gente achava que esse acervo era muito valioso. São 20 anos de projeto, com mais de 1.500 músicos, nacionais e internacionais, que foram a Ouro Preto, e ele tinha o registro completo dessas fotos", comenta Rud Carvalho, diretor do festival. "Vai haver esses registros fotográficos, vamos ter uma projeção de shows antigos para as pessoas relembrarem como era."
A curadoria do festival é assinada pelo compositor e pianista Túlio Mourão, apontado para a função pela idealizadora do festival, Maria Alice Martins (1951-2020). Falecida de COVID-19 em novembro de 2020, ainda antes da campanha de vacinação, Maria Alice legou ao colega essa responsabilidade.
"Antes de ser entubada, a gente ficou uns 40 minutos ao telefone, e ela me passou essa diretriz. 'Rud, a única pessoa em quem eu confio para continuar o trabalho que eu faço, a curadoria do Tudo é Jazz, é o Túlio Mourão.' E eu apoio 100%. Foi algo que ela mesma definiu, e a gente está cumprindo”, afirma.
Ainda sobre Túlio Mourão, Rud afirma: “Ele tem uma especialização na área musical, entende de jazz, entende como criar uma programação e dar continuidade a esse projeto. É uma peça essencial para a gente conseguir realizar o projeto este ano".
Expectativa
Túlio conta que a expectativa para o retorno após a pandemia está muito grande, em razão de uma emoção represada, à espera do reencontro entre artistas e público. A expansão do Tudo é Jazz para outras cidades, a seu ver, vem para fortalecer o consenso do valor e da qualidade do festival como atrativo turístico, ainda longe de ter esgotado todas as suas possibilidades.
"A gente busca a aderência e o consenso de nossas instituições para fortalecer o Tudo é Jazz, identificando Minas com o conceito de qualidade. A vocação de Minas, neste momento, é a qualidade, e a gente perde demorando em reconhecer isso. A nossa moda tem qualidade, o nosso teatro tem qualidade, a nossa dança, a nossa culinária, a nossa música tem extrema qualidade, e a gente tem vantagens em reconhecer a qualidade como uma marca de Minas", comenta Túlio Mourão.
Ele segue os esboços deixados por Maria Alice que havia idealizado Frank Sinatra como homenageado e fio condutor desta edição. Além dele, a própria Maria Alice será homenageada ao longo da programação.
"Essa homenagem tem um componente afetivo, ao homenagear Maria Alice indiretamente por essa escolha que ela já havia feito, mas também existe o componente afetivo de ser uma predileção da mãe dela, a Dona Terezinha, que adora Frank Sinatra. A questão consistente em torno do Sinatra é que, em seu perfil artístico duplo de cantor e ator de filmes de sucesso, ele realizou a proeza de dilatar enormemente o público do jazz, seja nos Estados Unidos, seja mundo afora. Razões não lhe faltam para ser homenageado."
Túlio Mourão participa com Chico Amaral de uma conversa mediada por Kiko Ferreira em uma edição especial do Sempre um Papo, no próximo dia 28, também na Praça de Convivência do Museu MM Gerdau. Ele destaca não apenas a capacidade artística, mas também o savoir faire técnico mineiro para lidar com a organização de eventos do tipo.
"O Tudo é Jazz chega à sua vigésima edição celebrando o que, hoje é uma convicção minha, mas eu acho que é um consenso, de que a música instrumental que se faz hoje em Minas é um dos traços mais vigorosos da produção cultural mineira contemporânea”, diz. “Fico espantado e maravilhado com a música instrumental que se faz hoje em Minas. Ela é de nível internacional, sem dever nenhum favor para os de fora, gerando também uma resposta positiva do público."
Tudo + Jazz
A programação em Ouro Preto, entre os dias 30/7 e 7/08, inclui a participação da veterana do festival Madeleine Peyroux (em ?), em homenagem a Maria Alice Martins. Wilson Sideral, Carla Scena e Jazz Big Band Bauru fazem o tributo a Frank Sinatra. Destaque também para a participação da cantora Ana Cañas.
"Tudo é Jazz junta muita coisa além de Jazz. É mais um sinônimo de qualidade. Têm os cantores do Jazz e os cantores do Tudo. A Ana entra mais no 'tudo' do que no 'jazz' pela qualidade do trabalho dela, que é sem igual," aponta Rud Carvalho.
O encerramento do festival fica por conta do cortejo pelas ruas do bloco carnavalesco belo-horizontino Magnólia. A programação completa para Belo Horizonte e mais informações podem ser encontradas no perfil do festival no Instagram. A entrada é gratuita, limitada à lotação do espaço.
*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes