Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Moons lança álbum com canções em inglês sobre as emoções da pandemia


O quarto álbum do sexteto mineiro Moons, "Best kept secret", recém-lançado por meio do selo Balaclava Records, não estava nos planos da banda até o segundo semestre de 2021.

Antes disso, o grupo ainda sonhava com a ideia de retomar a divulgação do trabalho anterior, "Dreaming fully awake" (2019), interrompida precocemente devido à pandemia, mas isso mudou quando os seis integrantes se reencontraram, depois de vacinados, após um longo período afastados.





"Um dos nossos integrantes tem um sítio em Nova Lima, onde fazemos nossas imersões. No final do ano passado, quando já estávamos nos sentindo seguros para retomar as atividades da banda, fomos para lá e desse reencontro saíram umas 15 músicas. Dessas, selecionamos 10, e a gravação final ocorreu em fevereiro", conta André Travassos, que integra a Moons ao lado de Bernardo Bauer, Felipe D'Angelo, Jennifer Souza, Pedro Hamdan e Rodrigo Leite.



Gravado no estúdio Ilha do Corvo, de Leonardo Marques, que assina a coprodução do trabalho junto com os integrantes da banda, o registro conta com nove faixas inéditas em inglês que transitam por diferentes gêneros musicais. São canções sobre temas existenciais, como nos discos anteriores da banda, com uma abordagem menos intimista em razão da forma como as músicas foram gravadas.

"No nosso disco anterior, tudo foi feito de forma 100% analógica, ao vivo, com os seis tocando ao mesmo tempo. Isso traz algumas limitações. Neste trabalho, optamos por captar os instrumentos separadamente. Isso trouxe outras possibilidades de produção e tudo foi feito com muito mais cuidado e tempo", explica André.




 

Esmero

Segundo o músico, isso não mudou a sonoridade das músicas. "O nosso DNA está lá, a única diferença é o esmero técnico. Quando a gente gravou o disco anterior, a bateria vazava no microfone, por exemplo. É legal, por um lado, mas por outro gera algumas limitações. O som é mais limpo, mas não acho que seja uma sonoridade totalmente diferente", ele afirma.

Pela primeira vez, a Moons contou com um arranjador. O músico mineiro Lucca Noacco escreveu as cordas e os sopros do disco. Antes disso, os próprios músicos escreviam quando usavam algum instrumento de fora da formação básica da banda, que conta com violão, guitarra, baixo, teclados, sintetizadores e bateria.

"Nosso primeiro disco tem bastantes cordas, mas foram todas compostas dentro da banda. Desta vez a gente queria ter um olhar de fora. Queríamos uma composição que não tivesse um dedo nosso, mas que fosse de um músico que a gente confiasse. O Lucca é um cara superjovem e cheio de talento que a gente tem o maior orgulho de ter trazido para dentro da produção desse trabalho", comenta André.





Ao todo, 15 músicos participaram da gravação de "Best kept secret", incluindo os seis integrantes da banda. "É muito gostoso trabalhar no coletivo. A gente valoriza muito um trabalho assim. Somos uma banda muito agregadora. É claro que é difícil ser uma banda grande e não dá para colocar na estrada um show com 15 músicos. Mas, para nós, é sempre muito prazeroso e enriquecedor trabalhar com a maior quantidade de pessoas possível."

Vocalista e guitarrista da banda, André Travassos assina sozinho cinco das nove faixas do álbum, entre elas a música-título, "Best kept secret", além de "The will to change", "Low key", "Silver linings" e "Another you". Responsável por lançar a Moons em 2016 como um projeto solo após a dissolução da banda Câmera, ele também é creditado como compositor das outras quatro faixas restantes ao lado dos colegas de banda.

"Let's do it all again" foi feita em parceria com a guitarrista Jennifer Souza e o tecladista Felipe D'Angelo. "Confusions of a heart" é uma parceria entre o guitarrista e Jennifer, enquanto "Childlike wisdom" é fruto do encontro entre Travassos e o baixista Bernardo Bauer. Já a derradeira "Moonglow" segue o caminho contrário. A música é de autoria de todos os integrantes, o que inclui o guitarrista Rodrigo Leite, exceto André Travassos.




 

Pandemia

O músico explica que o título do álbum guarda relação com a pandemia. "A gente acabou batizando-o assim por conta da simbologia dos dois anos enclausurados em casa. Esse trabalho reúne os sentimentos desse período em que estivemos impedidos de exercer a nossa profissão. E agora que podemos voltar a exercê-la, estamos revelando os segredos e as situações que a gente viveu."

No último dia 30 de junho, a Moons fez a estreia de "Best kept secret" nos palcos mineiros. A apresentação foi no Teatro Sesiminas e contou com a participação dos músicos Vinícius Mendes (clarone, sax, tenor, e flauta), Breno Mendonça (sax tenor e flauta), João Machala (trombone), William Alves (trompete e flugelhorn) e Fred Selva (vibrafone).

"Foi muito emocionante", relembra André. "Pensamos todos os detalhes dessa apresentação com muito carinho. Desde a luz, as projeções, a ordem das músicas. Foi um show pensado para mexer com o espectador e, para isso, a gente lançou mão de várias ferramentas que um teatro permite, tudo para ajudar a transmitir a narrativa do disco", ele explica.





Apesar de admitir que dificilmente um show como esse irá se repetir, a banda já tem uma próxima apresentação marcada para a próxima sexta-feira (15/7), no Mercado Distrital do Cruzeiro, a convite da banda Young Lights. A noite também contará com show do músico Gustavo Bertoni.

"Agora nós temos um repertório extenso e não temos a menor intenção de ser uma banda que se repete. Um show em teatro abre precedente para músicas mais intimistas. Um show em uma casa de shows precisa ser mais aberto e animado. Vai muito de acordo com a ocasião", afirma André.

"BEST KEPT SECRET"
•  Moons
•  Balaclava Records (9 faixas)
•  Disponível nas plataformas digitais 
•  Vinil em pré-venda a R$ 135 no site Balaclava

YOUNG LIGHTS CONVIDA MOONS E GUSTAVO BERTONI
Na próxima sexta (15/7), às 19h, no Mercado Distrital do Cruzeiro (Rua Ouro Fino, 452, Cruzeiro). Ingressos: R$ 50, à venda no site Sympla