O Prime Rock Brasil promete agitar a Esplanada do Mineirão neste sábado (16/7), a partir das 11h30. Nando Reis será o primeiro artista a subir ao palco, com show marcado para as 13h30. O line up de apresentações segue com Biquíni, Titãs, Humberto Gessinger, Paula Toller, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocando Legião Urbana, Capital Inicial e encerra com Paulo Ricardo.
Alguns desses grupos e artistas lançaram trabalhos recentemente – caso do Biquíni, com o álbum “Através dos tempos”, e de Humberto Gessinger, com “Não vejo a hora” –, mas o foco do festival é mesmo a produção que remonta à década de 1980. Criador do festival, que debutou em 2018, em Curitiba, e teve uma primeira edição em Belo Horizonte em 2019, o produtor Mac Lovio Solek explica que esse é o conceito que norteia o Prime Rock.
“É um evento dedicado aos clássicos do pop rock brasileiro, com um direcionamento muito bem definido. É diferente de quando você tem um festival mais multifacetado, onde um artista agrada a uma parte do público e outro nome agrada a outra parte. Com esse nosso conceito, a gente sabe que todo mundo que está na plateia gosta de todo mundo que estiver se apresentando no palco”, afirma.
Prime Rock Brasil
Baseado nas experiências pregressas – o Prime Rock já teve uma edição também em Recife (PE) – ele diz que a tendência é não haver flutuação de público, ou seja, quem chega para assistir à primeira atração fica até a última. Solek conta que começou a projetar o festival em 2016, mas que suas origens remontam há 15 anos ou mais, quando passou a produzir shows dos artistas dessa geração em Curitiba.
Ele recorda que resolveu apostar no segmento num momento em que a música sertaneja estava em franca expansão. “Duplas como Jorge e Matheus, Fernando e Sorocaba, João Bosco e Vinícius estavam estourando, e todas as empresas produtoras de eventos queriam fechar shows com esses artistas. Era uma disputa muito grande nesse território, então pensei que eu tinha que apostar minhas fichas em outra coisa”, conta.
Apaixonado pelo pop rock brasileiro dos anos 1980 desde a infância, ele resolveu trabalhar nessa seara, na qual identificava um potencial grande. “De repente, eu estava tendo a honra de trabalhar com essas bandas das quais eu tinha pôsteres pregados na parede do meu quarto quando eu era criança, adolescente”, diz.
“Além do negócio, aquilo me trazia uma satisfação pessoal muito grande. Eu promovia shows separados, ao longo do ano, de Capital Inicial, Jota Quest, Titãs, Nando Reis, e, sempre ao final, no camarim, todo mundo falava dessa ideia de fazer algo maior, um festival”, relata.
Movido pela percepção de que havia um hiato grande de eventos com esse perfil, ele resolveu criar o Prime Rock. “Era um momento em que já tinha passado a onda dos festivais com esse perfil”, diz, lembrando que o Pop Rock Brasil, promovido pela rádio 98FM, em Belo Horizonte, por exemplo, cumpriu um longo período de existência, de 1983 até 2008. “Mas desde então não teve mais nada”, aponta.
Com o apoio dos próprios artistas com os quais vinha dialogando ao longo dos últimos anos, Solek começou a fechar as agendas e promoveu a primeira edição em 2018. “Ninguém desse meio da produção de eventos acreditava que pudesse dar certo, só eu e os artistas; o pessoal do Jota Quest, o Dinho Ouro Preto, eles foram verdadeiros embaixadores desse festival, porque sempre apostaram na ideia e deram a maior força.”
Motivação passional
Ele aponta que o Prime Rock foi uma ideia muito bem construída e executada, mas observa que a motivação para sua realização foi menos racional do que passional. “Não tinha patrocinador e não tinha nada que me garantisse que eu ia ter uma venda de ingressos que custeasse a produção, mas a coisa virou, deu certo. Era um sonho compartilhado por mim e mais uma dúzia de grupos e artistas daquela geração que, agora, consolidado, começa a se expandir”, diz, destacando que entre este e o próximo ano, o Prime Rock vai circular por oito capitais do país.
Ele credita a perenidade e o apelo de público que a produção dos anos 1980 ainda tem nos dias atuais à forma apaixonada como os artistas daquela geração criaram seus repertórios. “Esses caras faziam música com o coração, músicas atemporais, porque falavam coisas em que realmente acreditavam”, considera.
Ele diz que as temáticas, muito ligadas ao momento histórico do país, que saía de uma ditadura militar, não se tornaram datadas, o que permitiu que as músicas atravessassem décadas. Solek acredita que as canções feitas na década de 1980 pela geração do pop rock falavam basicamente de duas coisas: amor e contexto social.
Desejos e anseios
“Acho que toda música que fala de amor tem chance maior de ser um sucesso atemporal, e se você pegar uma playlist dos anos 1980 vai ver que metade do que tem ali são sucessos que falam de amor”, aponta. A outra metade, ele diz, tem a ver com crenças que se vinculam ao momento político, que era de desejos e anseios. “E o impressionante é como isso foi escrito e tocado há 40 anos e, no entanto, permanece atual. São músicas feitas para durar.”
Paulo Ricardo, que vai fechar a programação desta edição do Prime Rock em Belo Horizonte com um show que celebra os 35 anos de “Rádio pirata ao vivo”, acredita que a perenidade da produção dos anos 80 também esteja ligada a uma equação que os grupos e artistas da época souberam fazer que aproximou a música brasileira do pop internacional.
Ele cita gêneros como o pós-punk, o industrial, o tecno-pop, o new romantic, e grupos como Depeche Mode, Duran Duran, Bauhaus, The Cure, Joy Division e New Order como referências importantes para o som do RPM e de várias outras bandas daquela geração. “Trouxemos e incorporamos essas informações musicais que foram o embrião de várias tendências que vieram a seguir, o que garantiu a continuidade desse tipo de som”, diz.
Fiel ao original
Ele destaca que o show comemorativo pelos 35 anos de “Rádio pirata ao vivo” – turnê e álbum detentores de vários recordes, de público e vendas, que até hoje não foram quebrados – que o público verá hoje na Esplanada do Mineirão busca ser o mais fiel possível ao que o país acompanhou entre 1985 e 1986.
A turnê que chega agora a Belo Horizonte estreou nos estertores de 2019 e teria seu ápice em 2020, mas o processo foi abortado pela chegada da pandemia. Os shows foram retomados em setembro do ano passado. Paulo Ricardo diz que o público tem tido a oportunidade de reviver – assim como ele próprio tem revivido – o que foi aquele momento de sucesso retumbante do RPM, que debutou com seu primeiro álbum, “Revoluções por minuto”, em 1985 e no mesmo ano foi para a estrada com a bombástica turnê de lançamento.
O músico e compositor lembra que, para completar o repertório daquele show, novas músicas foram compostas e dois covers foram incluídos no roteiro musical – de “Flores astrais”, do Secos & Molhados (em homenagem a Ney Matogrosso, que assinava a produção do show), e “London, London”, de Caetano Veloso, que catapultou o grupo definitivamente para o estrelato.
Música pirateada
“A música não tinha sido lançada, estava só no show, mas foi pirateada e começou a tocar nas rádios das cidades onde nos apresentávamos. No meio da turnê ‘Rádio pirata’, ela chegou ao primeiro lugar das paradas de todo o Brasil, daí tivemos que gravar o disco ao vivo para que houvesse um registro oficial de ‘London, London’. Num espetáculo que se chamava ‘Rádio pirata’, tivemos uma música pirateada que deu origem ao álbum ‘Rádio pirata ao vivo’, um sucesso absurdo e espontâneo”, relembra.
Ele destaca que o show do Prime Rock segue não só o repertório, mas também repete todos os elementos da direção proposta por Ney Matogrosso há pouco mais de três décadas e meia. “Tivemos esse privilégio, de logo na nossa primeira turnê contar com uma superprodução, com a direção do Ney, que é um mestre do palco, já trabalhou como iluminador, contrarregra. Tinha o raio laser, que até aquele momento era coisa de filme de ficção científica. A direção dele continua sóbria, precisa, elegante”, diz.
Resgate de álbuns
Paulo Ricardo aponta que achou pertinente seguir com o show comemorativo de “Rádio pirata ao vivo” depois da pausa provocada pela pandemia não só porque ainda é tempo de celebrar os 35 anos daquele acontecimento marcante, mas também porque o resgate de álbuns icônicos tem sido uma constante entre artistas das mais diversas latitudes.
Ele cita, como exemplos, a turnê que Milton Nascimento fez sobre o álbum “Clube da esquina” e a que o U2 fez com base em “Joshua Tree”. “São formas de trazer esses discos à tona novamente, para um novo público. No meu caso, a turnê foi mais importante, porque foi ela que deu origem ao álbum. Ambos representaram um divisor de águas, com números difíceis de serem batidos”, aponta.
Esplanada do Mineirão
Sobre a estrutura montada na Esplanada do Mineirão, Mac Lovio Solek diz que ela tem padrão internacional. “A gente prima muito pela entrega para o público e para o artista. O modelo de palco é o mesmo em que Paul McCartney, Bon Jovi, U2 ou Stones tocam. Som e luz estão a cargo de uma das melhores empresas do Brasil nesse ramo”, destaca.
Para o público, o Prime Rock Brasil BH está dividido em três setores – pista; Camarote Secreto, com bares, banheiros e entradas exclusivos, além de acesso ao front stage e de um palco próprio, onde, nos intervalos dos shows, Rodrigo Santos, do Barão Vermelho, vai executar clássicos do pop rock nacional; e Lounge Prime, espaço exclusivo para no máximo 800 pessoas, com entrada, banheiros e bares próprios, acesso a todas as áreas do evento, side stage com bar de drinks, e área especial em frente ao palco.
PRIME ROCK BRASIL 2022
Com shows de Nando Reis, Biquíni, Titãs, Humberto Gessinger, Paula Toller, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá tocando Legião Urbana, Capital Inicial e Paulo Ricardo, neste sábado (16/7), a partir de 11h30, na Esplanada do Mineirão, na Pampulha. Ingressos para pista (5º lote) a partir de R$ 460 (inteira) e R$ 230 (meia); para o Camarote Secreto (5º lote) a partir de R$ 760 (inteira) e R$ 380 (meia); e para o Lounge Prime (5º lote) a partir de R$ 1.580 (inteira) e R$ 790 (meia), que podem ser adquiridos pelo site.