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Estado de Minas TEATRO

Peça de Gabriel Villela será encenada em Passos

Mineiro dirige o espetáculo musicado, com texto de Cláudia Barral; montagem aborda temas como espera, tempo e amor


16/07/2022 07:46 - atualizado 16/07/2022 07:50

Grupo Os Geraldos
A Companhia de Teatro Os Geraldos leva o espetáculo "Cordel do Amor Sem Fim - ou a Flor do Chico" para apresentação de rua em Passos (foto: João Caldas Filho/Divulgação)
O grupo de teatro Os Geraldos apresenta no Festival de Teatro de Passos seu novo espetáculo, “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico”, neste domingo (17/7), às 21h, em frente à Estação Cultura, antiga Estação Mogiana de Passos, no município do Sul de Minas.
 
Passos é a segunda cidade mineira a receber o espetáculo, que já esteve em Tiradentes, durante a 10ª Mostra de Artes Cênicas de Tiradentes.

A passagem por Passos faz parte do projeto “A Flor do Chico - Circulação Teatral”, patrocinado pela empresa Porto, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, que contempla dez apresentações da peça por municípios mineiros.

Enredo


“Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” reúne artistas que têm em comum o trabalho com o teatro popular: o diretor mineiro Gabriel Villela, com seu universo barroco, musical, colorido e popular, a dramaturga Claudia Barral, nascida em Salvador e inspirada pelas narrativas, poesias e culturas locais do sertão baiano, e o grupo paulista Os Geraldos, cuja trajetória, de 14 anos, está pautada na cultura popular.

Com dramaturgia de Claudia Barral e direção de Gabriel Villela, natural de Carmo do Rio Claro, o espetáculo conta a história de três irmãs que vivem em Carinhanha, cidade do sertão baiano, às margens do Rio São Francisco.

No enredo, a mais nova das moças, às vésperas de seu noivado, apaixona-se por um viajante no porto, situação que muda o rumo de todas as personagens dessa história sobre a espera, o tempo e o amor. Com músicas tocadas e cantadas ao vivo, a obra traz canções da Música Popular Brasileira.

Pandemia


O espetáculo começou a ser montado em novembro de 2019, e em março de 2020 estava pronto, mas não pôde estrear por causa da pandemia. Situação que, para Gabriel Villela, teve forte ligação com o texto de Cláudia Barral, que fala de espera, o tempo e o amor. 

“’Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico'' é um espetáculo criado num momento de muita dor na humanidade. Esperou ‘dentro de malas’ para estrear quase dois anos depois. Nosso ‘Cordel’, que é uma fábula sobre espera e amor, teve que esperar e nos ensinar a nos recolher, a silenciar palcos, ritos e liturgias sociais, em prol de nos proteger coletivamente”, conta.

“Recolhidos em casa, com cenário e figurinos também confinados, tivemos que aprender a inventar modos de nutrir esperança, a não esquecer que somos perecíveis e a perceber, mais do que nunca, que a arte presencial, carnal, de encontro, é uma realidade ilimitada que pode nos salvar”, complementa o diretor. 

Cláudia Barral


A espera, transformada em ação, já foi tema dos dramaturgos Samuel Beckett e Anton Tchekhov. E se trata de um caminho que Cláudia Barral desbrava com desenvoltura própria.

“A Cláudia está entre nossos grandes dramaturgos. Uma joia em meio ao lamaçal. Ela cria para si uma estradinha de barro, bem ribeirinha, um barranco brasileiro no Rio São Francisco. Assim, com um lirismo sensível, ela nos presenteia com um cordel pungente, um afago em tempos tão brutais”, define Gabriel Villela.

“Na fábula, a eterna espera por um amor prometido, uma promessa tão fugaz que se torna motivo de chacota, deboche e reprovação. Munidos desse texto, o trabalho com Os Geraldos decerto seria singular (jovens e aprendizes ávidos por poesia e esperança). Acreditando na volta do amor prometido, retornamos renitentes: é o amor”, complementa o diretor.

A equipe formada por Villela para “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” conta com a cantora e preparadora vocal Babaya Morais, natural de Cássia e radicada em Belo Horizonte, a cantora lírica e professora de canto italiana Francesca Della Monica e o músico paulista Everton Gennari, trabalhando na especialização e antropologia da voz, o assistente de figurinos e adereços José Rosa, de Caculé (BA), e os assistentes de direção Zé Gui Bueno e Ivan Andrade, de São Paulo.

Festival de teatro


A peça abre a 6ª edição do Festival Nacional de Passos e Região, que prossegue até 24 de julho, com a participação de grupos e companhias de Teatro de todo o Brasil. 

A primeira edição do festival aconteceu em 2017 e reuniu 22 grupos teatrais de várias partes do Brasil. Já na estreia, ficou marcado pela apresentação de três ícones: o tradicional mineiro Grupo Galpão, o ator, poeta e dramaturgo Gero Camilo e o grupo Ueba, do Rio Grande do Sul. As apresentações foram gratuitas e, somadas, reuniram mais de 25 mil pessoas na plateia.

No ano seguinte, o Festival Nacional de Passos expandiu pela região, com programações em Alpinópolis e Carmo do Rio Claro. A segunda edição recebeu 38 espetáculos teatrais de todo o país. Cerca de 200 artistas se apresentaram na programação, que incluiu também oficinas culturais, shows musicais, debates, palestras eo lançamento de um livro. O público também aumentou: 40 mil pessoas prestigiaram as atrações.

Em 2019, a recepção dos espetáculos ganhou um novo estágio: um bate-papo com um corpo de jurados ao fim de cada atração, para debater uma crítica das peças junto ao público. Essa edição foi marcada pela descentralização do festival, inserido em novos territórios, possibilitando a acessibilidade de um público que nunca tinha ido ao teatro antes e a maior regionalização do evento, alcançando novas cidades da região.

Por causa da pandemia, as edições de 2020 e 2021 não impediram o festival de acontecer. Em 2020, no formato online e, no ano passado, em modalidade híbrida, o festival se manteve de pé. A expectativa para a edição deste ano é retomar a presença e a interação entre os artistas e seu público, celebrando o momento de retomada.


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