Com o objetivo de explorar a relação entre as artes produzidas para crianças e para adultos e quebrar as barreiras que separam conteúdos adultos dos infantis, o grupo paulista Banda Mirim traz o espetáculo “Música para crianças?” a Belo Horizonte pela primeira vez. A apresentação, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, será nete domingo (17/7), a partir das 17h.
“O ponto de interrogação no final é muito importante para o coletivo, porque é o trabalho que nós fazemos: criamos espetáculos musicais para todas as idades, com várias camadas, tanto para adultos quanto para crianças”, explica Marcelo Romagnoli, diretor e um dos fundadores da Banda Mirim.
Marcelo assina o texto e direção da apresentação, cujas músicas ficaram por conta de Tata Fernandes. Segundo o artista, é um show que propõe reflexão. “Tentamos refletir sobre várias questões que enxergamos em nossa sociedade e que reverberam nas crianças”, conta.
Transformações
“Música para crianças?”, criado em 2017, é um formato de apresentação variável, que sofre alterações conforme a evolução dos acontecimentos da sociedade e do mundo, com acréscimos de músicas ao repertório que seguem a base e o objetivo do espetáculo. “É um espetáculo volúvel, que possui a característica central de ter um olhar social crítico para nossa sociedade, mas que é, ao mesmo tempo, divertido para as crianças”, reflete Marcelo.O coletivo também tem como objetivo, segundo o diretor, discorrer sobre a importância das artes na formação cidadã e na educação emocional do público infantil. Marcelo coloca como fundamental o papel da música, do teatro e de outras modalidades artísticas para contribuir com a saúde mental e convivência em sociedade das crianças, para além do entretenimento.
Poesia
“O repertório passa por vários pontos. Ele tem essa abordagem política sobre violência, que fica explícita para as crianças. É claro que as crianças enxergam a questão das armas. Mas fazemos o texto e as músicas de forma poética, para crianças, mas que dentro de si têm um olhar crítico para o que estamos vivendo”, esclarece o artista.Para a apresentação em BH, Marcelo cita os efervescentes debates sobre a educação infantil como novidades. “Fazemos um elogio sim ao Paulo Freire, que consegue dialogar educação com sociedade. Não dizemos isso claramente no texto, mas está lá. Quem tem ouvidos, ouça”, aponta.
Formação original
A Banda Mirim, fundada em 2004 pelos artistas Alexandre Faria, Cláudia Missura, Edu Mantovani, Lelena Anhaia, Marcelo Romagnoli, Marisa Bentivegna, Nina Blauth, Nô Stopa, Olívio Filho, Simone Julian e Tata Fernandes, possui os mesmos 12 membros originais desde sua formação. Em suas quase duas décadas de existência, produziu nove espetáculos com canções e textos originais.“Não é comum um grupo que faz música e teatro para crianças no Brasil sobreviver com tantas pessoas por tanto tempo”, afirma Marcelo. O que era para ser um único show, “Felizardo”, evoluiu para o coletivo, que já teve espetáculos transformados em programas televisivos da TV Cultura e episódios publicados pela Folha de S.Paulo e produziu CDs, DVDs, documentário, livros e revistas.
“A diferença está mais em nós, que fomos amadurecendo com o tempo e entendendo o lugar da música e do teatro para crianças. Com nosso espetáculo mais recente, “Buda”, que também é o mais sofisticado do grupo, chegamos em um patamar de muito entendimento da comunicação com nosso público”, comenta Marcelo.
Belchior e Elis
A apresentação contará com as participações especiais do cantor pernambucano Paulo Neto e do baterista Caio Lopes. O grupo também traz a adição da canção “Como nossos pais”, escrita por Belchior e interpretada por Elis Regina, que, apesar de não fazer parte do repertório original, se encaixa na proposta do espetáculo.MÚSICA PARA CRIANÇAS?
Show da Banda Mirim neste domingo (17/7), às 17h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos populares: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3236-7400
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro