Jornal Estado de Minas

CIDADE HISTÓRICA

Festival de Gastronomia de Tiradentes volta com destaque a comida mineira



Às vésperas do bicentenário da Independência do Brasil, o Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, que será realizado de 19 a 28 de agosto, terá como mote de sua 25ª edição a Inconfidência Mineira.



A programação proposta se inspira no movimento libertário liderado por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, para uma grande celebração com convidados de todo o Brasil em torno da cultura e da cozinha de Minas Gerais.
 
Depois de uma edição virtual em 2020, no auge da pandemia, e de uma híbrida em 2021, com atividades presenciais restritas a alguns restaurantes, o festival retorna, este ano, ocupando as ruas e praças da cidade histórica. “Vai ser uma festa muito bonita. A gente está muito feliz, porque é nosso aniversário; fazer 25 anos não é para qualquer um”, diz Carolina Daher, curadora da parte gastronômica do evento.
 
Ela chama a atenção para a vasta programação, que inclui de chefs preparando receitas em praça pública na seção “Cozinha ao vivo”, passando por cursos e pontos de “comidaria”, com a venda de quitutes tipicamente mineiros, até a Mercearia Fartura, com produtores regionais. Esta última, segundo a curadora, é a oportunidade que o público tem de se aproximar do produtor e entender como os insumos são tratados.





Comida dos tropeiros “A gente pediu a todos os chefs que vão cozinhar durante o festival para que façam uma grande homenagem à gastronomia mineira, com leituras pessoais de pratos típicos. Nos eventos ao ar livre, estaremos com forno de cupim, forno montado em praça pública, com os chefs cozinhando na brasa no meio da rua. Queremos promover o resgate da comida dos tropeiros, da gastronomia do interior de Minas Gerais”, aponta.
 

Cozinha ao vivo

Ela considera que o “Cozinha ao vivo” é justamente um dos pontos altos da programação, porque representa o reencontro do público com os chefs convidados, num momento em que o cenário epidemiológico permite esse tipo de interação. “A gente sente que as pessoas estavam com saudades de ver a comida acontecendo, uma saudade do ritual, de acompanhar o chef com a mão na massa”, destaca.
 
Carolina diz que as estruturas montadas em espaços públicos incluem, além dos fornos e do equipamento necessário para a preparação dos pratos, espaços de degustação e as “comidarias”. “A ideia do festival sempre foi tentar democratizar a gastronomia, então a gente convida grandes chefs que vão para a rua, vender a comida que preparam de modo acessível, em barraquinhas”, explica.





Restaurantes anfitriões A curadora destaca que oito restaurantes locais serão palco dos concorridos Festins, que são jantares especiais com cozinheiros convidados. Desta vez, ela aponta, quatro renomados chefs de diferentes estados e quatro chefs de Minas assinam, com os anfitriões, menus que refletem as diversas interpretações da tradicional culinária mineira.


Festins

 
“Normalmente, o festival conta com a presença de mais chefs de fora, mas, como a temática é a Inconfidência Mineira, optamos por dar esse foco maior em nomes locais”, diz. Esses nomes são Juliana Duarte, da Cozinha Santo Antônio; Ivo Faria, do La Palma; Caio Soter, do Pacato; e Mônica Rangel, do Gosto com Gosto, que fica em Visconde de Mauá. Os convidados de fora são Onildo Rocha, da Paraíba; Fabrício Lemos, de Salvador; Tássia Magalhães e Jefferson Rueda, ambos de São Paulo.
 
Os restaurantes de Tiradentes que vão receber esses chefs são o Gourmeco, o Angatu, o Mia, o Viradas do Largo, o Bistrô Casa Direita, o UaiThai, o Tragaluz e o Dengo.

“A gente fica pensando no casamento dos chefs convidados com os locais, o que pode resultar desses encontros. Teremos, por exemplo, a Juliana Ferreira cozinhando com o Ivo Faria, numa aproximação da comida mineira com a italiana. Quando você estuda as duas gastronomias, vê que elas se encontram em vários momentos, têm pratos parecidos”, aponta Carolina.





Apresentações artísticas Além da parte estritamente gastronômia, Tiradentes também será palco, ao longo da realização do festival, de diversas apresentações artísticas. Serão shows variados de música instrumental em praça pública e espetáculos de artes cênicas, congregando artistas locais e também de outros estados.
 
“Compor esse panorama de atrações é importante porque uma das coisas que a gente mais defende aqui é que gastronomia é cultura. Depois da língua, o que mais nos aproxima como povo é o que a gente come, ou seja, é algo estritamente cultural. Poder aliar a gastronomia com teatro, música e apresentações em geral torna isso mais evidente, é um diferencial do festival”, diz a curadora.