O Trio Porto Alegre, fundado em 1958 pela pianista Zuleika Rosa Guedes, se apresenta hoje (19/7) no segundo recital da série Concertos Gerdau, no Teatro do Centro Cultural Unimed, no Minas Tênis Clube.
O trio esteve adormecido durante a década de 1990 e retornou com nova formação em 2006 para apresentações durante a Copa do Mundo, na Alemanha. Desde então, Cármelo de los Santos, no violino, Hugo Pilger, no violoncelo, e Ney Fialkow, no piano, têm executado obras nacionais e internacionais da música de câmara. Para a apresentação em BH, o programa conta com repertório de obras do brasileiro Alberto Nepomuceno e do francês Maurice Ravel.
"O Ravel é uma das obras mais importantes para essa formação. Realmente é um ícone para a formação de trio com piano. Uma obra extremamente virtuosística e, ao mesmo tempo, extensa. São quatro movimentos realmente importantes para o repertório. Já é quase que um senso comum entre as pessoas que conhecem o repertório para trio. O trio de Ravel é como, para o repertório orquestral, você falar da 'Nona Sinfonia' de Beethoven," comenta Hugo Pilger.
Para ele, entretanto, a surpresa fica por conta do trio de Nepomuceno, cujas obras de câmara não são tão conhecidas no Brasil: “Esse trio, por exemplo, é um trio extremamente complexo. É extenso, tem quase 45 minutos de duração. É uma sinfonia. Ele trata o trio como uma grande orquestra. É um trio muito importante e é surpreendente não estar mais frequentemente nos concertos. Um dos nossos objetivos é sempre levar música brasileira de concerto e botar em pé de igualdade com os compositores já consagrados do repertório mundial”.
"Um dos nossos objetivos é sempre levar música brasileira de concerto e botar em pé de igualdade com os compositores já consagrados do repertório mundial"
Hugo Pilger, violoncelista
Ele conta que a obra de Alberto Nepomuceno surpreendeu os próprios integrantes do Trio Porto Alegre: “A gente não esperava algo tão rebuscado, tão complexo e ao mesmo tempo tão bonito. O público tem tido uma receptividade muito grande com essa obra, apesar de suas grandes dimensões. Ele é muito rico e repleto de mudanças de estado de espírito, mudanças de andamento. É uma grande sinfonia".
Morando cada um em uma cidade, Pilger credita o sucesso do Trio Porto Alegre ao comprometimento e imersão dos três durante os ensaios durante dias a fio. A afinação entre eles reflete na recepção do público. Em uma de suas apresentações na Academia Brasileira de Letras, disponível no YouTube, o trio conta com mais de 40 mil visualizações.
“Isso para o ambiente de música de concerto é muito raro. É como se tivesse feito um recital num estádio de futebol. A música de câmara funciona quando há cumplicidade e envolvimento entre os componentes. Nossa fórmula é essa e tem dado muito certo, a gente tem sido muito feliz nas nossas empreitadas", finaliza Pilger.
Concertos Gerdau – Trio Porto Alegre
Data: Hoje (19/7). Horário: 20h30. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), pela bilheteria ou pelo site Eventim
* Estagiário sob supervisão de Álvaro Duarte