Quem circula pelas ruas de Belo Horizonte poderá reparar, pelos próximos três meses, fotos feitas pelos próprios moradores da capital mineira. Organizada pelo fotógrafo e diretor de audiovisual João Vargas Penna, a mostra “Ar livre” reúne 62 registros fotográficos espalhados por 186 pontos de ônibus da cidade.
Desde a sua concepção, foram decupadas 3.274 fotos inscritas no projeto, selecionadas pelo professor da Escola Guignard e artista plástico Marco Paulo Rolla e pela professora de fotografia da UFMG, Ana Karina. A mostra conta com coordenação de curadoria do fotógrafo Eugênio Sávio.
Para o idealizador, a escolha da equipe curatorial busca refletir uma diversidade de olhares por meio da experiência em fotografia e artes visuais, bem como a diversidade de olhares presentes nas fotos enviadas. A equipe estará reunida em live nesta terça (26/7) no perfil do projeto no Instagram (@arlivrebh) , a partir das 19h, para dialogar com o público sobre o processo de produção da mostra.
João Vargas, que já trabalha há algum tempo com a temática urbana, considera que a mostra é uma forma de democratizar o olhar sobre a cidade durante a pandemia. "Basicamente, vi esse mobiliário urbano subutilizado, à época de pouca atividade financeira, mas que estava sendo muito útil para quem passava, mesmo efemeramente. Estava precisando de espaço e pensando, inicialmente, em trabalhos e coisas minhas, mas vi que a escala demandava algo social, que esse trabalho poderia ser mais interessante se fosse coletivo e as pessoas pudessem se relacionar com a cidade em que elas moram e, mais importante, com os percursos," reflete o fotógrafo. "Os pontos de ônibus estão em toda a cidade e isso não distingue o centro da periferia."
Pluralidade
João Vargas destaca o interesse que sempre teve pela pluralidade que a cidade oferece. "Cada um tem a sua cidade. Ela pode ser muito parecida, a sua com a minha em um ou outro aspecto; em outros, não. Cada um tem um local, uma esquina, por mais indiferente que possa ser para as outras pessoas. Muita gente teve experiências ali, conheceu pessoas, deixou para trás. A cidade é escrita por todo mundo que mora nela. É um mecanismo vivo. O tempo todo ela tá mudando".
Segundo ele, a ideia realmente era pulverizar a mostra, por isso se evitou convidar artistas profissionais ou criar um prêmio para a melhor foto, mas sim a criação de uma interação com a cidade e as pessoas, contribuindo fortemente para o circuito de arte urbana na capital. A maioria dos fotógrafos, inclusive, é amadores, que têm recebido feedbacks extremamente positivos em relação à exibição de seus trabalhos.
QR Code
As fotos exibidas nos painéis estarão todas vinculadas ao perfil do projeto no Instagram, por meio de códigos de resposta rápida, os QR Codes. De acesso livre e aberto, o perfil apresenta toda a exposição, bem como a ficha técnica das obras, informações do fotógrafo e mapa dos locais de exibição.
AR LIVRE MOSTRA DE FOTOGRAFIAS DE BH
Fotos de moradores de Belo Horizonte em 186 pontos de ônibus de Belo Horizonte. Live com os curadores da mostra nesta terça-feira (26/7), às 19h, pelo Instagram @arlivrebh
*Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro