Jornal Estado de Minas

CINEMA

Brasil está fora do Festival de Veneza 2022, que homenageia Deneuve


O Festival de Cinema de Veneza celebra o 90º aniversário de sua primeira edição com uma série de diretores e astros que vão do México e Argentina ao Irã e Estados Unidos para narrar o que o diretor do festival resumiu como uma janela aberta para um mundo ferido.





"Dizem que os festivais são janelas abertas para o mundo e talvez seja uma imagem da qual se abusa, mas é verdade que dessa janela somos testemunhas de coisas de que não gostamos", afirmou Alberto Barbera, em coletiva de imprensa on-line, ao apresentar, nesta terça-feira (26/7), a lista de filmes selecionados. 

Para a 79ª edição da Mostra Veneziana, que será realizada entre 31 de agosto e 10 de setembro, 23 filmes foram escolhidos para concorrer ao prestigioso Leão de Ouro, sendo cinco italianos e cinco franceses, dirigidos por renomados cineastas. 

Dois latino-americanos, com histórias muito diferentes, estão entre os selecionados: o aclamado e premiado mexicano Alejandro González Iñárritu, com um de seus filmes mais pessoais, "Bardo"; e o argentino Santiago Mitre, com "Argentina, 1985", sobre a histórica decisão contra as três primeiras juntas militares da ditadura (1976-1983). 





Barbera, que denunciou a prisão de importantes cineastas no Irã, também convidou Jafar Panahi para a seleção oficial. Como o diretor cumpre pena de seis anos de prisão por "propaganda contra o governo iraniano", participará "à revelia". O cineasta concorre com "Kherst nist" ("Ursos não existem"). 

"Este é o quarto filme que ele faz em condições, digamos, clandestinas", disse Barbera, referindo-se a um dos representantes da chamada nova onda iraniana, premiada e elogiada inúmeras vezes na Europa.

A França estará particularmente representada com "Les enfants des autres" de Rebecca Zlotowski, com Virginie Efira; "Um casal" de Frederick Wiseman; "Les miens", um retrato de família de Roschdy Zem; "Athena", de Romain Gavras, sobre um motim nos subúrbios; e "Saint Omer", de Alice Diop, sobre infanticídio. 




Tapete vermelho

A Itália também concorre com cinco filmes: "A Imensidão", de Emanuele Crialese, estrelado por Penélope Cruz; "Il signore delle formiche", de Gianni Amelio, com Luigi Lo Cascio, Elio Germano, Leonardo Maltese e Sara Serraiocco; "Bones and all", de Luca Guadagnino, com elenco internacional liderado por Timothée Chalamet; "Clara" de Susanna Nicchiarelli, sobre a vida de Santa Clara; e "Monica" de Andrea Pallaoro, estrelado pela atriz trans Trace Lysette. 

Fora de competição, o cineasta Paolo Virzi apresenta “Seca”, com Monica Bellucci no elenco. Haverá um desfile de estrelas no tapete vermelho do Lido: Penélope Cruz lidera a lista, assim como a australiana Cate Blanchett, que interpreta uma maestrina de orquestra em "Tár", de Todd Field. 

O festival marca o retorno de Darren Aronofsky com "The whale", que é inspirado em uma peça de teatro. A presença da britânica Tilda Swinton deverá marcar o lançamento do filme "The eternal daughter" de Joanna Hogg; enquanto Colin Farrell participa como protagonista de "The banshees of inisherin" de Martin McDonagh. 





O filme "Blonde", de Andew Dominik, que conta a vida extravagante de Marilyn Monroe, estrelado por Ana de Armas, certamente chamará a atenção. O festival será aberto com "White noise" de Noah Baumbach (“História de um casamento”), baseado no romance do famoso escritor americano Don DeLillo. 

A argentina Laura Citarella e o chileno Fernando Guzzoni competirão na seção Horizontes, voltada à inovação cinematográfica, enquanto Carlos Eichelmann Kaiser, do México, competirá em Horizontes Extra. 

Com o título "Viagens", o renomado cineasta italiano Gianfranco Rosi narra as missões no exterior do papa Francisco com imagens de arquivo e até da viagem que está fazendo ao Canadá para pedir desculpas aos indígenas. 





Veneza também entregará o Leão de Ouro pelo conjunto da carreira à francesa Catherine Deneuve, "a eterna diva, um verdadeiro ícone da telona", como a descreveu Barbera, ao homenagear a protagonista de "A bela da tarde", do espanhol Luis Buñuel, uma das obras-primas da sétima arte. 

JÚRI DA DISPUTA
A atriz Julianne Moore (foto: ANGELA WEISS / AFP)

A atriz norte-americana Julianne Moore será a presidente do júri da competição oficial pelo Leão de Ouro. Ela terá ao seu lado para decidir a distribuição dos prêmios a diretora francesa Audrey Diwan, do recém-lançado no Brasil “O acontecimento”; a atriz iraniana Leila Hatami (“A separação”), o escritor e roteirista britânico de origem japonesa Kazuo Ishiguro (“Vestígios do dia”), o diretor italiano Leonardo di Costanzo, o argentino Mariano Cohn (“O cidadão ilustre”) e o espanhol Rodrigo Sorogoyen.


A CAÇA AO LEÃO DE OURO

Confira os filmes em competição no 79º Festival de Cinema de Veneza

>> "White noise", de Noah Baumbach (EUA)

>> "Il signore delle formiche", de Gianni Amelio (Itália)

>> "The whale" ("A baleia", título em português), de Darren Aronofsky (EUA)

>> "L'immensità", de Emanuele Crialese (Itália)

>> "Saint Omer"
, de Alice Diop (França)

>> "Blonde"
, de Andrew Dominik (EUA)

>> "Tár", de Todd Field (EUA)

>> "Love life",
de Kôji Fukada (Japão)

>> "Shab, Dakheli, Divar"
, de Vahid Jalilvand (Irã)

>> "Athena"
, de Romain Gavras (França)

>> "Bones and all"
, de Luca Guadagnino (Itália)

>> "The eternal daughter"
, de Joanna Hogg (EUA/Reino Unido)

>> "Bardo",
de Alejandro González Iñárritu (México)

>> "The Banshees of Inisherin"
, de Martin McDonagh (Irlanda/EUA/Reino Unido)

>> "Argentina, 1985"
, de Santiago Mitre (Argentina)

>> "Chiara"
, de Susanna Nicchiarelli (Itália)

>> "Monica",
de Andrea Pallaoro (Itália)

O cineasta Jafar Panahi (foto: Atta KENARE / AFP)


>> "Kherst nist" ("Ursos não existem")
, de Jafar Panahi (Irã)  

>> "All the beauty and the bloodshed"
, de Laura Poitras (EUA)

>> "A couple" ("Um casal")
, de Frederick Wiseman (França)

>> "The son"
, de Florian Zeller (Reino Unido)

>> "Les miens"
, de Roschdy Zem (França)

>> "Les enfants des autres"
, de Rebecca Zlotowski (França)