Jornal Estado de Minas

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Minissérie conta a eletrizante vida da escritora chilena Isabel Allende


Escritora viva de língua espanhola mais lida no mundo – seus quase 30 títulos, traduzidos para 42 idiomas, já venderam 74 milhões de exemplares –, a chilena Isabel Allende completa, na próxima terça-feira (3/8), 80 anos. Em plena atividade.



No início do ano, lançou “Violeta”, romance em que a personagem-título repassa os acontecimentos de sua vida, todos permeados por grandes eventos, como a Gripe Espanhola, a Grande Depressão, a luta pelos direitos das mulheres.

A trajetória de Isabel Allende é tão rica – em alegrias, conquistas e também em tragédias – quanto a de seus personagens. Partes marcantes estão na minissérie em três episódios que o canal Lifetime lança nesta sexta (29/7). “A história íntima da escritora Isabel Allende” será exibida de hoje a domingo (31/7).

Isabel é chilena e, desde 2003, cidadã norte-americana – radicou-se nos Estados Unidos no final da década de 1980. Mas nasceu em Lima, Peru, onde o pai, primo do presidente Salvador Allende, trabalhava como diplomata. A carreira paterna a levou a uma infância itinerante, que prosseguiu quando sua mãe, abandonada pelo marido, casou-se novamente – com outro diplomata. Sua vida adulta foi marcada pelo golpe militar de Pinochet (1973), que a levou a se exilar com a família na Venezuela, e pela tragédia da morte da filha Paula, aos 29 anos. 







A estreia na literatura, com “A casa dos espíritos” (1982), veio após uma carreira na imprensa. Engajou-se no feminismo, conviveu com Pablo Neruda, conheceu Che Guevara, entre outras grandes figuras do cenário político e artístico latino-americano. Estas passagens são mostradas na minissérie, que é protagonizada pela atriz Daniela Ramírez. A narrativa ficcional é ilustrada por vídeos pessoais da escritora e por imagens históricas. 

Tragédia

A minissérie começa em 1991, quando Isabel, em meio ao lançamento de seu quinto livro, “O plano infinito” (1991), recebe a notícia de que Paula (Catalina Silva) está hospitalizada com uma crise de porfiria, doença rara que afeta o transporte de oxigênio no sangue. A partir deste momento, a história vai e volta no tempo.

Em entrevista coletiva virtual para a imprensa latino-americana, Isabel comentou sobre a dificuldade de ver a sequência inicial da minissérie, com a filha no hospital. “Comecei a chorar muito e não consegui assistir a cena. Meu marido me disse: ‘Quando terminar essa cena, te chamo’.” A escritora só assistiu à sequência depois. 





“Quando vi a série, senti novamente o terrível ano da agonia da minha filha. E acho que me ajudou muito vê-lo agora, na velhice, porque estou chegando mais perto do fim da minha própria vida e também mais perto da ideia de morte, de que tudo acaba. (É o momento) Para se livrar das coisas e se despedir das pessoas, o que minha filha não teve tempo de fazer. Tudo isso me instigou muito nesse sentido agora”, disse.

A escritora também comentou sobre a parte da série que mais celebrou, justamente quando escreveu “A casa dos espíritos”, que está completando 40 anos. “Mudou completamente a minha vida e me deu uma voz. Muitas mulheres me contaram que começaram a escrever porque leram o livro.” 

Sobre a vida pessoal, ela comentou que a sequência que mais a “constrangeu” foi a passagem em que abandona a família por ter se apaixonado por um argentino. “Não é que eu quisesse que esta parte não estivesse na série; gostaria de não ter vivido isso. Eu me arrependo porque fiz outras pessoas sofrerem, especialmente meus filhos. E também acho que o momento que justifica a série é a morte de Paula. Porque eu não teria escrito o livro (‘Paula’, de 1994, sua primeira obra autobiográfica) e contado minha história se não tivesse aquela dor”, comentou.

 “A HISTÓRIA ÍNTIMA DA ESCRITORA ISABEL ALLENDE”
Minissérie em três episódios que serão exibidos em dias subsequentes no canal Lifetime. Estreia nesta sexta (29/7), às 20h. Os demais capítulos irão ao ar no sábado (30/7), às 19h50, e no domingo (31/7), às 20h10.