Você lembra como era o mundo em abril de 2016? Dilma Rousseff ainda era presidente do Brasil, estávamos às vésperas das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a França ainda não havia sido bicampeã Mundial de futebol... Foi nesse ponto do espaço-tempo em que Beyoncé lançou seu último álbum de estúdio, o “Lemonade”.
Com forte apelo às suas raízes negras em seu primeiro single, “Formation”, “Lemonade” fazia referência já em seu título ao uso de limões em processos de clareamento da pele. A apresentação do single no “Super bowl”, aliás, rendeu uma ótima esquete do humorístico “Saturday night live” em que satirizam a reação de pessoas brancas ao descobrirem que Beyoncé é negra.
Seis anos depois, Queen B retorna em completo controle da sua colmeia de “beyhives”, como são chamados seus fãs. Na madrugada desta sexta (29/7), foi disponibilizado em todas plataformas digitais o sétimo álbum de estúdio da popstar texana.
"Renaissance"' serve não apenas como um renascimento na carreira da já consagrada artista pop, como marca, de vez, o renascimento da house music, resgatado nos últimos anos por artistas como Drake, Dua Lipa e Lady Gaga. Esta última, aliás, a despeito da amizade entre as duas, rende forte discussão entre suas fanbases quando do lançamento de "Break my soul", lead single do álbum. Os little monsters acusaram a beyhive de menosprezar a house music quando Gaga lançou o seu "Chromatica", vendo a própria Beyoncé, agora, adicionar o gênero ao seu mais novo trabalho.
TRILOGIA
Polêmicas a parte, "Renaissance" é o primeiro ato de uma trilogia prometida pela artista. Entre os assuntos mais comentados do Twitter na manhã de ontem, grande parte eram os títulos das 16 faixas presentes no álbum que ainda apresenta uma miscelânea de referências ao trap e ao disco.
Em tempos de plataformas de streaming, a versão física do álbum contém um encarte com 28 páginas, com as letras das músicas que chegam a até seis minutos de duração. As faixas são extremamente não recomendadas para redes sociais de consumo viral, como o Tik Tok, algo que já vinha sendo discutido e posto em prática por artistas como Adele.
Ainda no encarte, Beyoncé presta homenagem a seu Tio Johnny, vítima do HIV durante a eclosão do vírus, a quem ela é imensamente grata pela influência em sua vida na luta pelos direitos das mulheres e das populações LGBTQIA + e negra.
A artista agradeceu aos fãs que evitaram escutar as músicas que já circulavam clandestinamente pela web desde a quarta-feira (27/7). O agradecimento veio seguido de um teaser do que parece ser o clipe da faixa "Pure/Honey", uma das últimas do álbum. A Abelha Rainha é conhecida por sempre lançar trabalhos visuais em paralelo aos musicais.
CRÍTICAS
Se "Renaissance" nasceu aclamado pelo público, resta saber qual será a recepção da crítica especializada. A própria Beyoncé chegou a criticar a Academia de Gravação, responsável pelo Grammy, que tem relegado o trabalho de artistas negros a categorias como melhor R&B, enquanto os ignora nas categorias principais da premiação. Isso, entretanto, só o tempo dirá. A nós, meros mortais, nos resta desfrutar cada faixa do disco e agradecer por existirmos na mesma época que Beyoncé.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro
“RENAISSANCE”.
• Beyoncé.
• Parkwood-Columbia. 16 faixas.
• Disponível nas plataformas digitais e em versão física