Jornal Estado de Minas

ARTE GRÁFICA

Revista de poesia ''Bric a brac'' tem lançamento amanhã em Belo Horizonte


“2022 - O Pau-Brasil Sangra” é o tema da edição de relançamento da revista cultural “Bric a brac”, que tematiza o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. A publicação tem lançamento nesta quinta-feira (4/8), em Belo Horizonte, no espaço cultural Asa De Papel Café & Arte.





A “Bric-a-Brac” é um projeto de poesia experimental que se apoia na mescla da tradição com a inovação, como o próprio nome sugere: “Bric a brac é uma mistura entre o moderno e o passado. A melhor definição dessa expressão francesa seria uma ‘miscelânea de objetos pequenos’”, afirma o editor e fundador da revista, Luís Turiba.

A respeito do novo número da revista, Turiba afirma que “não se trata de uma reflexão acadêmica sobre o que foi 22, mas sim uma celebração, na qual todos escrevem sobre o que acham da Semana de Arte Moderna, ou escrevem à maneira dela, que continua muito viva, em termos de poesia”.

Surgida em Brasília, em meados dos anos 80, durante o período da redemocratização do país, a revista lançou seis edições, entre 1985 e 1992. O longo hiato de 30 anos entre o sexto e o sétimo números foi brevemente interrompido em 2005, com a edição do catálogo da exposição “Bric a brac – 21 anos”, que ocupou o salão principal da Caixa Cultural, em Brasília.





Segundo Turiba, o longo processo de gestação da revista – que, a propósito, teve duração de nove meses – foi encabeçado pelo trio composto por ele próprio, por Rômulo García, responsável pela edição gráfica, e pelo poeta e arquiteto João Diniz.

O logograma GG80 faz homenagem aos 80 anos recém-completados do cantor e compositor baiano Gilberto Gil (foto: Bric a brac/Divulgação)

“Eu precisei refazer uma equipe para essa edição especial. Nessa remontagem, ela passou a ser uma revista mineira: tanto o Rômulo quanto meu parceiro de edição, o João Diniz, são belo-horizontinos”, comenta.

Rômulo García aponta que a “Bric a brac” "foi uma revista importante nas décadas de 1980 e 1990, importante para a poesia da época”. Sobre sua participação no relançamento da publicação, ele afirma: “O João Diniz me indicou para que eu fizesse o projeto gráfico da nova revista e eu fiquei em uma alegria enorme! Eu a acompanhava há tempos, quando era jovem, e poder fazê-la agora, perto dos meus 60, foi um desafio delicioso”.





Com mais de 60 colaboradores, que contribuem com textos poéticos, crônicas, artes gráficas e grafismos, o novo número da revista se propõe a fazer em suas 110 páginas  uma colcha de retalhos com as discussões atuais no cenário brasileiro, assim como ressaltar o legado da Semana de Arte Moderna.

“O modernismo é a escola que sustenta a poesia de invenção no Brasil. Um poeta, por exemplo, como o Arnaldo Antunes, ou a própria Tropicália e o Concretismo, são grandes heranças do modernismo. A nossa geração faz uma poesia híbrida, que conversa com as artes plásticas e a música, que conversam com os conceitos modernistas”, diz Turiba.

A folha de rosto é ocupada pela “Santa bala”, numa homenagem Luís Eduardo Resende, o Resa, designer gráfico responsável pelas edições anteriores da publicação. 

Jorge Amâncio é um dos 60 colaboradores da publicação, que tem 110 páginas (foto: Bric a brac/Divulgação)


“O Turiba foi muito feliz com o título na capa, que é um retrato do Brasil atual: ‘o Pau-Brasil sangra’ com a violência, o aumento do feminicídio e as questões políticas que estamos atravessando. A obra do Resa, na qual ele faz um oratório mineiro tradicional, mas coloca uma bala de fuzil no meio, conversa com a foto do pau-brasil sangrando, tirada por Xico Chaves no Museu Botânico em Brasília”, pontua Rômulo García.





O editor gráfico também destaca a conversa informal entre Turiba e o professor e acadêmico Antonio Carlos Secchin, que aponta e comenta 10 importantes livros para a formação do modernismo: “Pau-Brasil” (livro de estreia em poesia de Oswald de Andrade), “Macunaíma” (Mário de Andrade), “Cobra Norato” (Raul Bopp), “Libertinagem” (Manuel Bandeira), “Murilo Mendes: Poemas” (1930), “Alguma poesia” (Carlos Drummond de Andrade), “Martim Cererê” (Cassiano Ricardo), “O conto do brasileiro” (Augusto Frederico Schmidt) “O quinze” (Rachel de Queiroz) e “Casa-grande & senzala” (Gilberto Freyre).

A revista foi lançada nacionalmente em Brasília no último dia 13 de julho. Em Belo Horizonte, o lançamento ocorrerá no espaço cultural Asa de Papel Café & Arte, na quinta-feira (4/8), a partir das 17h30, com a presença de Turiba, Rômulo García e João Diniz.

(foto: Bric a brac/Divulgação)

“BRIC A BRAC”
• Lançamento da sétima edição da revista. Nesta quinta-feira (4/8), a partir das 17h30, no espaço cultural Asa de Papel Café & Arte. Rua Piauí, 631, Santa Efigênia. Mais informações: (31) 98703-1501.

*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes