Funk e feminilidade são, respectivamente, os temas dos espetáculos apresentados pelos formandos das turmas da Escola de Teatro do Cefart. “Ópera operária” estará em cartaz no Teatro Francisco Nunes, enquanto “Esquina esta” será exibida no Teatro João Ceschiatti, ambas a partir de quinta-feira (4/8).
As duas turmas, cujos alunos decidiram interromper suas formações durante o período de distanciamento social imposto pela pandemia, realizam a primeira das duas apresentações finais de conclusão do curso de 3 anos. Nessa etapa, os formandos convidam um dos professores da casa para realizar a montagem do espetáculo.
“O período de pandemia foi muito complicado, porque tivemos que interromper nosso processo de formação artística, já que nunca acreditamos que ele pudesse acontecer de forma on-line. É necessário o convívio com a turma, bem como a troca coletiva”, compartilha Izabelle Quites, de 24 anos, também formada em relações internacionais.
“Ópera operária” é a peça concebida pela turma da noite e joga luz sobre a cultura do funk, sua importância e visibilidade tanto para a sociedade quanto na vida dos formandos. “Quando a turma iniciou o processo, eles já tinham um desejo de trabalhar com o tema ‘relações de trabalho’ e com o funk enquanto cultura popular. A partir dos nossos encontros, construímos o espetáculo coletivamente”, explica Rainy Campos, professora da Escola de Teatro do Cefart e diretora da montagem.
INCLUSÃO
Essa é a primeira turma formada após a implementação da Política de Ações Afirmativas do Cefart, em que 50% das vagas são destinadas a alunos provenientes de escolas públicas, negros ou indígenas. São ao todo 11 formandos. Toda a equipe contratada para a realização do espetáculo é composta por pessoas negras.
Rainy, que assina a direção da apresentação ao lado de Lucas Fabrício, explica como os alunos participaram ativamente da construção da peça, sendo incentivados a produzirem textos que relacionassem o funk como fenômeno universal com suas próprias vivências pessoais.
“Construímos uma dramaturgia que trata das relações de trabalho atuais a partir da perspectiva dessa juventude que são as alunas e os alunos que estão em formação no teatro, mas trabalham em outras profissões para poder se manter”, conta Rainy. “Trouxemos o foco para o funk enquanto manifestação do corpo e enquanto discurso sonoro e cultural, que surge da classe trabalhadora”.
RECONSTRUÇÃO DO FEMININO
“Esquina esta” é uma alegoria construída pela turma da manhã sobre a feminilidade e a ocupação de espaço pelo feminino na sociedade. “Um felino está solto na cidade” foi a imagem fornecida pelas diretoras Ana Hadad e Raquel Pedras para a construção do espetáculo.
Como a turma é composta por 10 atrizes, sem a presença de nenhum ator, a questão do gênero foi escolhida como abordagem pelas formandas. Todas as pessoas envolvidas com a montagem, tanto elenco quanto corpo técnico, transitam pela feminilidade.
Juliana Saúde traz uma dramaturgia focada no espaço do lar, da casa e da rotina. Na proposta de Amora Tito, a feminilidade está na rua, exposta em meio aos olhares externo. Brisa Marques, por fim, estrutura a relação da mulher com o lugar que a cerca e a reconstrução do feminino (e da sociedade) sem as regras e a sujeição ao patriarcado.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro
“ÓPERA OPERÁRIA”
• De quinta (4/8) a domingo (7/8) e de 10/8 a 14/8 (quarta a domingo), sempre às 20h, no Teatro Francisco Nunes (Avenida Afonso Pena, 1.321 – Centro). Entrada gratuita, com ingressos retirados pelo
site fcs.mg.gov.br.
“ESQUINA ESTA”
• De quinta (4/8) a domingo (7/8); 9/8 (terça), 11/8 (quinta), 14/8 (domingo), 16/8 (terça) e de 18/8 a 21/8 (quinta a sábado, às 20h, domingo, às 18h), no Teatro João Ceschiatti, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro). Entrada gratuita, com ingressos retirados 1h antes da sessão na bilheteria local. Informações: (31) 3236-7400