Uma coincidência marcou, na semana passada, a estreia de “O palestrante”. O longa-metragem, nono na carreira do humorista Fábio Porchat, entrou em cartaz nos cinemas no mesmo dia em que ele comemorava os 20 anos de sua chegada à Cidade Maravilhosa.
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“Fico muito feliz com a construção da minha carreira e em chegar aonde cheguei. Há 20 anos, não imaginava que isso poderia ser possível. Hoje, vejo que tenho o mundo pela frente. Muita coisa para conquistar, estou feliz com os caminhos. Vamos ver o que acontecerá nas próximas duas décadas.”
Artista onipresente nas telas
Conversar com Fábio Porchat é difícil em qualquer época do ano. Não por má vontade do humorista. Basta olhar para a telona, a televisão, as redes sociais e a internet para encontrar o nome do ator, roteirista e comediante nos créditos das produções. Ele não para. E, se depender de sua cabeça fervilhante, conseguir tempo em sua agenda será sempre difícil.
“Tenho uma ideia na cabeça de um livro que quero muito fazer, Quero fazer um musical ainda, um programa de viagens”, enumera, sem esconder a alegria de fazer parte de uma produtora como o Porta dos Fundos, que lhe garante uma boa estrutura para criar e desenvolver seus projetos.
Mais recente deles, “O palestrante”, que estreou no último dia 4, traz como novidade para o humorista contracenar pela primeira vez com a amiga Dani Calabresa. “Uma maravilha trabalhar com ela, amiga que tenho desde 2007 e nunca havíamos trabalhado juntos. Nunca fizemos nada. Muito impressionante isso”, afirma.
Porchat conta que escreveu o roteiro da comédia romântica pensando nela, que praticamente lhe encomendou o filme. “‘Fábio, você tem que fazer um filme para fazermos juntos’, ela dizia. E aí conseguimos fazer.”
Porchat conta que escreveu o roteiro da comédia romântica pensando nela, que praticamente lhe encomendou o filme. “‘Fábio, você tem que fazer um filme para fazermos juntos’, ela dizia. E aí conseguimos fazer.”
VEJA trailer de "O palestrante":
Se para Fábio Porchat contracenar com Dani Calabresa é uma novidade, para os fãs da humorista vê-la em cena atuando longe de toda aquela extravagância, sua marca registrada, é surpreendente. “Ótimo que ela fez (a personagem) contida, porque essa era a ideia. A Denise (Dani Calabresa) não está bem mesmo. Não estou contracenando com a Calabresa, e isso mostra como ela é uma atriz potente”, diz ele.
As mulheres de Porchat
Na trama, Porchat interpreta Guilherme, um corretor cujo casamento e a carreira afundaram. Ele decide fazer algo inusitado e, no aeroporto, assume o lugar de um guru motivacional que era aguardado para uma palestra. Calabresa faz o papel da mulher por quem ele irá se interessar.
No elenco do longa estão outras atrizes e até um ator que, volta e meia, fazem par romântico com Porchat. Ele brinca sobre a hipótese de Miá Mello, que desta vez não tem final feliz com o personagem de Porchat, ter ficado enciumada.
“A Miá é minha mulher da minha vida jurídica. Um prazer estar com ela, por isso trago para todos os projetos. O ciúme, claro, é na brincadeira. Tem a Letícia (Lima), que é minha mulher do Porta dos Fundos. Paulo Vieira, minha mulher do talk show. Aguardem ‘Meu passado me condena 3’”, anuncia ele, citando o novo título da franquia que tem Miá Mello como coprotagonista.
O filme também marca o primeiro trabalho de Porchat com direção de Marcelo Antunez (“Até que a sorte nos separe 3”, “Qualquer vira lata 2”, “Polícia Federal: a lei é para todos”). Ele conta que procurava um diretor, e Marcelo foi indicado com boas referências.
“Disseram que era um cara muito parceiro e foi um achado. O Marcelo deixa os atores criarem , está o tempo todo em prol da comédia, do humor, mas jogando a história para a frente”, elogia. “Bateu muita bola comigo. Eu e ele ficávamos falando sobre a cena, se comicamente estaria funcionando ou não”, acrescenta, revelando que os dois já têm um novo projeto juntos.
Diferentemente de seu personagem em “O palestrante”, um homem insatisfeito com os rumos que tomou, Porchat diz que a sua vida está muito boa. “Estou com a mulher que amo. Estamos juntos há sete anos e, curiosamente, 4 de agosto (o dia em que o longa estreou) é nosso aniversário de namoro.”
Ele aponta ainda a felicidade de estar bem de saúde, de estar ao lado da família e fazendo o que gosta, como o programa de televisão “Que história é essa, Porchat?”, exibido no GNT e na Globo, além de projetos no teatro e no Porta dos Fundos. “A expectativa é de que possamos anunciar mais novidades boas.”
Se pudesse mudar alguma coisa na vida, ele diz que seria recuperar o tempo em que ficou sem fazer exercícios físicos. “Por questão de saúde mesmo. De poder estar com a musculatura bem, o corpo mais inteligente, pensando justamente na minha saúde na velhice.”
Quem for ver a comédia pensando encontrar uma crítica aos palestrantes que vivem de lições motivacionais vai se decepcionar. Fábio Porchat diz que a ideia não é criticar esse universo.
“O Guilherme nem sabe, nem conhece esse mundo. Era mais uma brincadeira de ter um cara para baixo, triste, tendo que motivar todo mundo. Como se a parte cômica fosse mais essa do que vermos como é o mundo dos coachs. Isso o Guilherme não tem nem ideia. Mas é sempre bom brincar com um assunto sobre o qual está todo mundo rindo.”
“O Guilherme nem sabe, nem conhece esse mundo. Era mais uma brincadeira de ter um cara para baixo, triste, tendo que motivar todo mundo. Como se a parte cômica fosse mais essa do que vermos como é o mundo dos coachs. Isso o Guilherme não tem nem ideia. Mas é sempre bom brincar com um assunto sobre o qual está todo mundo rindo.”
Humorista recomenda voto consciente
Sobre o futuro do Brasil, Porchat reconhece que este ano é muito importante para o país e seu sistema democrático. “Precisamos votar com consciência. A gente tem que lembrar que político não é celebridade. Político trabalha para a gente. A gente está votando na pessoa que vai usar o nosso dinheiro para melhorar o país em que a gente vive”, afirma.
O ator afirma que “temos que cobrar dos nossos políticos, independentemente de em quem você vai votar. A gente não pode idolatrar um político. Temos que poder cobrar dele, saber o que ele está fazendo, coisas boas ou ruins. Temos que estar no pé de qualquer político que esteja no poder”.
Porchat acredita que, no futuro, quando olharmos retrospectivamente para o Brasil de hoje, não vamos rir. Para ele, a história vai nos levar a uma reflexão para tentar entender como deixamos a situação chegar a este ponto. “Como deixamos isso acontecer? Estava na nossa mão. Como fomos enganados? Como fomos usados? Mas, felizmente, a gente aprende com os erros. Precisamos errar para acertar na frente.”