No ano passado, o cantor e compositor Jorge Vercillo começou a lançar faixas avulsas, como “Endereço” e “Tempestade”, e segue nessa toada até o fim deste ano, quando o conjunto de singles terá formado seu novo álbum, “Raça menina”.
Ao mesmo tempo, ele já está na estrada, desde o último mês de março, com a turnê homônima que promove esse trabalho, e chega com ela a Belo Horizonte para única apresentação nesta sexta-feira (12/8), no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Vercillo diz que esse modelo de lançamento a conta-gotas é uma forma de dar um destaque maior a cada faixa e também um estudo sobre novas possibilidades de mercado. “Não só eu, mas todo mundo do meio musical está tateando para descobrir como trabalhar nesse novo cenário em que tudo se afunila nas plataformas de streaming. Ainda não se conseguiu equacionar um valor justo para o artista dentro desse modelo”, afirma.
Ele destaca que o repertório do show “Raça menina” resgata sucessos de carreira, que foram trilha sonora de novelas ou tiveram alta rotatividade nas rádios, como “Que nem maré”, “Monalisa”, “Homem Aranha”, “Ela une todas as coisas” e “Sensível demais”, mas também abre um espaço generoso para as novas composições.
“A gente sempre fica buscando esse equilíbrio, incluindo no roteiro os hits da carreira, porque é o que o público espera, mas querendo mostrar as novidades. Para mim, como compositor, isso é importante. Fico pensando a respeito: quanto mais sucessos acumulamos na trajetória, menos espaço temos no show para apresentar músicas novas”, diz.
"Não só eu, mas todo mundo do meio musical está tateando para descobrir como trabalhar nesse novo cenário em que tudo se afunila nas plataformas de streaming. Ainda não se conseguiu equacionar um valor justo para o artista dentro desse modelo"
Jorge Vercillo, cantor e compositor
Novas composições
Pelo menos cinco músicas do novo álbum estão incluídas, segundo ele: “Endereço”, “Tempestade”, “Marjaravon”, “Teu olhar me fisgou” e a faixa-título, composta para sua filha Luiza, que nasceu em outubro de 2020. Ele ressalva que não tem nada contra retornar constantemente às mesmas músicas que caíram nas graças de um público numeroso.
“Minha sorte é que sempre consegui trabalhar nas rádios e tornar conhecidas canções que fazem parte da minha verdade, que gosto de cantar. Nunca me dobrei para fazer uma música estritamente comercial ou apelativa, em função de um sucesso a qualquer custo, então me dou muito bem com elas todas”, ressalta.
Vercillo destaca que o novo álbum mantém o que considera ser uma característica marcante de sua discografia – a dualidade entre um lado filosófico e outro mais sensual e apaixonado. O que “Raça menina” traz de novo, conforme aponta, é um diálogo mais aberto com o pop.
Levadas eletrônicas
“É meu disco mais eletrônico, com muitos arranjos feitos em cima de ritmos como o reggaeton, o house, o trap e o funk, mas sempre tudo muito misturado com minha linguagem de MPB já conhecida do público”, afirma.
“Sempre busquei a diversidade e a pluralidade em todos os meus trabalhos, mas este é, com certeza, o maior registro do meu flerte com o eletrônico, o que me agrada, porque me aproxima de uma audiência mais jovem.”
A presença da família também é um elemento marcante em “Raça menina”. Além de a faixa-título ter sido inspirada pelo nascimento da filha, uma das músicas, intitulada “Sabiá-laranjeira”, é composição de seu irmão mais velho, Octávio Alves, que, conforme diz, é engenheiro, mas sempre gostou muito de música e foi uma influência importante em sua formação.
“Essa música é um encontro familiar, porque meu irmão canta comigo; tem meu filho, Vini Vercillo, na produção de estúdio; e tem o Bruno Alves, que é meu sobrinho, participando também. É a faixa mais MPB tradicional do disco, com arranjo de cordas, bateria jazzística, violão”, destaca.
Presença do filho
A propósito, Vini Vercillo integra a banda que tem acompanhado Vercillo nos shows como guitarrista, ao lado de André Neiva (contrabaixo e direção musical), Claudio Infante (bateria), Misael da Hora (teclados), Leo Mucuri (percussão) e Jessé Sadoc (sopros).
“É muito legal poder acompanhar o que o Vini vem somando em termos de arranjos, de sonoridades, de propostas, de ideias. E ele faz vocal também, é muito presente no show, tanto no instrumento quanto no canto”, comenta.
O cantor e compositor diz que o filho também já está começando a trilhar uma carreira própria e acaba de lançar um segundo single, batizado “Real”, que sucede à sua estreia como compositor, com “Somos nós”.
“Essa nova faixa dele está indo muito bem nas plataformas, então, volta e meia a gente inclui no roteiro dos meus shows. É interessante porque a musicalidade dele não segue a minha, mas agrada muito ao meu público também. Essa música, ‘Real’, está mais para Michael Jackson ou Simply Red”, aponta.
“RAÇA MENINA”
Show de Jorge Vercillo, nesta sexta-feira (12/8), às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, 31.3236-7400). Ingressos para plateia 1 a R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia), plateia 2 a R$ 130 (inteira) e R$ 65 (meia) e plateia superior a R$ 110 (inteira) e R$ 55 (meia), à venda na bilheteria e no site Eventim.