Jornal Estado de Minas

CINEMA

Paolla Oliveira e Lázaro Ramos são pais de primeira viagem no cinema


"A gente precisa de um pai presente" é uma das falas que mais bem localiza o fio de enredo comandado por quatro protagonistas em “Papai é pop”, longa-metragem de Caíto Ortiz (“O roubo da taça”, “Motoboys: Vida loca”), que adapta para o cinema um best-seller de Marcos Piangers. O roteiro adaptado do filme, que entrou em cartaz na quinta-feira passada (11/8) nos cinemas, tem assinatura de Ricardo Hofstetter. 





Na trama, Tom (Lázaro Ramos), programador de informática, e a advogada Elisa (Paolla Oliveira) vivem um casal em crise. Ao som de “Danúbio azul”, de Johann Strauss, numa partida de futebol com ares de balé, uma cena define a virada de lado de Tom — aos 45 minutos do segundo tempo, ele chegará ao hospital com o intuito de embalar a filha.

Queda de produtividade e sessões de crises com cólicas e arrotos, além da imaturidade, aguardam Tom. Já o recém-pai terá uma conversa "de pai para pai" com o coronel (pai de Elisa), que decreta o fim da vidinha boa, vaticinando que filho é prejuízo; "mãe é peito, e pai é bolso". 

Na "lei da compensação", surge a Vovó Gladys (mãe de Tom, capaz de crer que não "presta" para ser pai), um cândido papel para Elisa Lucinda, que ensina o centro da paternidade e maternidade: "É sobre eles (filho), não sobre você".







Pouco a pouco, a nova mãe Elisa percebe que, como destacam as amigas, ela "virou uma máquina de culpa", mas há quem a veja como uma mamãe que "já vem com tudo (de sagacidade) instalado de fábrica". 

Interagindo com a filha — para quem lê “Amoras”, o texto infantil de Emicida —, Tom fica ainda atento aos conselhos do amigo Júlio (Leandro Ramos, de “Juntos e enrolados”). Repleto de coincidências, o roteiro de “Papai é pop” valoriza o percurso de aprendizado, entre temporadas de febre e troca de fraldas.

Na base da reinvenção, em que quer deixar de ser leigo na paternidade e jamais se ver como "pai de selfie" (momentâneo e para cumprir meta de rede social), Tom se desvencilha da vida experimentada na "pura diversão".

Valorizando a ação de pais amadores, em nada conhecidos, “Papai é pop” aproveita o tema para tecer breves, mas marcantes considerações, como na cena em que o protagonista se vê em frente a muitas mulheres num ambiente escolar e solta: "Curioso: chama reunião de pais, e nunca tem pai".