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Estado de Minas MÚSICA

Cebola, contrabaixista da banda Daparte, lança o disco solo 'Brandura'

Ele canta as nove canções do registro, que classifica como 'um álbum de música popular, como algum dia já foi a MPB que hoje não é mais'


16/08/2022 04:00 - atualizado 15/08/2022 20:42

De camisa estampada, Cebola olha para a câmera
Cebola decidiu fazer uma versão em CD do trabalho. ''Valorizo isso muito também, gosto do disco físico para folhear o encarte, ver as letras e a ficha técnica e quem fez ou tocou o quê. Meu pai me transferiu esse saudosismo'', diz ele (foto: Rafael Motta/Divulgação)

O cantor, compositor e instrumentista Túlio Lima, também conhecido como Cebola, compôs a sua primeira canção há 13 anos. Porém, somente agora conseguiu realizar o velho sonho de lançar um álbum autoral. Trata-se de “Brandura” (Pacific Records), que chegou na semana passada às plataformas digitais. Cebola é contrabaixista e um dos compositores da banda Daparte.

Já no primeiro disco da Daparte, “Charles”, ele assina as canções “A cidade” e “A vista”. “Com o passar do tempo, a experiência em diversos palcos, a relação com o público e o crescimento da banda, passei a entender o impacto que uma criação minha poderia ter sobre as pessoas e as dimensões que a música poderia tomar, quando o trabalho é feito com verdade e competência”, diz. 

Depois de cinco anos tocando na banda, entendeu que esse era o momento certo de lançar um trabalho solo, que se diferencia muito do que faz na Daparte, em sua avaliação. “Mesmo porque a Daparte trabalha, em sua maioria, com composições dos dois vocalistas, João Ferreira e Juliano Alvarenga, que têm uma grande afinidade.”

Cebola conta que sempre guarda uma coleção de música. “Isso quando estou naquela fase de compor, porém, quando passa o tempo, as canções vão ficando para trás e a gente acaba desanimando. Mas chegou um momento em que disse para mim mesmo: estou com uma coleção legal e não quero me desanimar delas. Música tem que ser gravada enquanto está fresca. E estava com uma pegada assim de realmente entrar em um estúdio e gravar.”

Sem pressa de terminar

Cebola fez então contato com Léo Marques, do estúdio Ilha do Corvo, no qual havia gravado com a banda, e apresentou suas canções. “Mandei as músicas pelo celular e ele já veio com várias sugestões de arranjos. Disse para ele que faríamos o processo sem muita pressa. Começamos o projeto em dezembro de 2020 e em setembro de 2021 o álbum estava totalmente pronto.”

O disco só foi lançado agora porque, conforme o músico conta, “ficou faltando somente o planejamento com relação ao lançamento e acabei morrendo na praia com isso. É que a Daparte tem uma agenda repleta de shows e lançamentos e eu não queria quebrar isso com um disco solo”.

Ele diz que teve um retorno positivo de pessoas próximas, mas está “sem saber qual será a reação da galera. Se esperam alguma coisa parecida com a Daparte ou algo completamente diferente. Estou na expectativa, não fiz o disco pensando em um público ou em uma linha de raciocínio musical específica. As coisas foram fluindo entre mim e o Léo, e os arranjos foram nascendo, à medida que a gente ia gravando, em um processo natural, bem tranquilo, feito, inclusive, durante um momento crítico da pandemia. Mas o disco foi feito da maneira que era para ter sido e estou bem satisfeito com o resultado”.

Cebola conta que já mandou prensar o disco físico também. “Meu pai, Washington Lasmar, é um grande colecionador de vinil e CD. Ele me disse: ‘Filho, sei que não é uma coisa consumida hoje, você não irá ganhar dinheiro vendendo CDs, mas tem que ter o disco físico também, com encarte, letras e ficha técnica’. Valorizo isso muito também, gosto do disco físico para folhear o encarte, ver as letras e a ficha técnica e quem fez ou tocou o quê. Meu pai me transferiu esse saudosismo.”
 

Parceria com o pai

O pai de Cebola é músico amador. “Ele mora em Rio Casca, na Zona da Mata, onde trabalha como dentista. Tem uma canção no disco, ‘Quando chega de repente’, que foi ele quem escreveu. É a única música antiga do álbum. Eu a fiz em parceria com ele há mais de 10 anos. É uma balada de que a gente gosta muito e que a Daparte quase gravou, mas ficou de lado e guardei-a para colocar nesse projeto.”

O contrabaixista da Daparte diz que o disco traduz seu gosto por baladas.  “Diria que, pegando as nove faixas, deve ter umas três com uma pegada mais pra cima. Uma com um groove mais pegado, outra com uma batida mais dançante e uma balada mais pra cima. Acredito que as outras seis são bem baladonas mesmo, que é uma pegada na qual fui criado. Em todo disco que compro, sempre procuro as baladas.”

De todo modo, ele diz não conseguir “colocar um rótulo e falar ‘esse é um disco de rock ou pop’. É um disco de música popular, não muito rebuscada ou erudita, mas também não muito popular do mainstreaming. É um álbum de música popular, como algum dia já foi a MPB que hoje não é mais. Tem um pouquinho de coisas antigas e novas e todas as músicas são cantadas por mim”.

O disco traz as participações especiais de Marcelo Daí, que divide os vocais com Cebola em “Cinzas”, e Beto Bruno, da banda Cachorro Grande, que participa da balada “Outra estrada”. Os parceiros de Daparte Daniel Crase (baterista) e Bernardo Cipriano (tecladista) também estão no disco, em “Outra estrada”. João Paulo Buchecha, Vinícius Mendes e Ulisses de Oliveira formam o naipe de metais nas faixas “Muda” e “Aqui”.
 
Musico Cebola caminha na rua na foto da capa de seu disco, chamado Brandura
(foto: Reprodução)
 

“BRANDURA”

• Disco de Túlio Lima (Cebola)
• Pacific Records
• 9 faixas
• Disponível nas plataformas digitais


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