Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Cícero volta a Belo Horizonte com a turnê do disco 'Cosmo'


Enquanto cursava a faculdade de direito, o músico carioca Cícero Rosa Lins integrava a banda de indie rock Alice, com a qual chegou a se apresentar, em 2004, em Belo Horizonte, pela primeira vez fora da capital fluminense. De lá para cá, o cantor que atende apenas pelo primeiro nome, Cícero, já lançou uma extensa discografia solo. A presença constante em Belo Horizonte, entretanto, permanece.



"Fora do Rio de Janeiro, acho que é o lugar em que eu mais toquei…", comenta. "É um carinho muito específico." Ele retorna à capital mineira no próximo sábado (20/8), com a turnê de seu disco mais recente, "Cosmo" (2020). Antes da pandemia, porém, ele já estava fortuitamente afastado dos palcos. O interesse em saber se havia virado apenas uma lembrança carinhosa na memória do público o chamou de volta.

"Eu vi que não, justamente por as coisas estarem muito rápidas, as pessoas voltam para os lugares em que elas sabem que vão encontrar uma sensação de pertencimento, e essa sensação se encontra em alguns de meus discos, inclusive o que eu lancei durante a pandemia. Como eu lancei na época do lockdown, achei que as pessoas não iriam ouvir, mas ouviram. As pessoas estão cantando as músicas do último disco."

Ele conta que tem percebido as pessoas buscando por canções que elas já conhecem e são confortáveis para a memória. "Toda vez que eu toco 'Tempo de Pipa' nessa turnê, é um carnaval. É um sentimento muito bonito." 

O lançamento mais recente foi o single "Sem distância", disponível nas plataformas de streaming. Ele prefere lançar os álbuns cheios apenas após suas turnês. Outro single seria divulgado antes do início da turnê, mas o artista acabou sendo diagnosticado com COVID-19 uma semana antes de começar seu giro pelo país. 



Aula de Brasil

Com a entrada em turnê, ele ficou sem tempo para entrar em estúdio para gravação, mas revela não ter pressa. "Depois que lançar, é para sempre." Quanto à retomada de shows, ele diz que "tem sido uma aula, principalmente sobre Brasil. Belo Horizonte não, porque eu já me apresentei muito por aí, eu tenho uma relação muito íntima, mas nessa turnê, especificamente, eu fui em várias cidades pela primeira vez. É quase como se fosse um primeiro dia de aula, e a turma tem sido muito receptiva. Estou me sentindo muito sortudo em poder ter conseguido conquistar o público novamente".

Além do eixo da BR-040 - ele esteve em Goiás e no Distrito Federal, no último fim de semana-, Cícero se apresenta também em Vitória, em breve, além de Teresina, São Luís e Natal, no Nordeste, onde ele nunca havia se apresentado. 

O artista destaca o poder transformador que a música teve para ele durante a pandemia, quando, além do isolamento, enfrentou importantes perdas pessoais, redimensionando os afetos dentre de si.

"A música voltou a ter uma importância que ela tinha lá no começo, que é de tocar para mim mesmo e para as paredes e tentar encontrar, nesse exercício solitário, um lugar mental pacífico, porque, conforme eu fui crescendo e a música foi se transformando num ofício, ela foi ganhando camadas de intenções. Você começa a querer fazer a música bem gravada, bem produzida, bem lançada, um bom clipe, um bom show… Você começa a querer agradar as pessoas."





Essa reconexão consigo mesmo e com o público é a força motriz da nova turnê. Seu álbum de maior sucesso, "Canções de apartamento", de 2011, completou uma década de lançamento no ano passado. O show, portanto, para além das músicas de outros álbuns presentes no repertório, é um reencontro. Para ele, é como um reencontro entre amigos de faculdade, 10 anos depois; e por ser um reencontro, ele afirma se sentir mais livre para fazer experimentações que não fazia antes, como colaborações com outros artistas no palco.

CÍCERO

Show do cantor e compositor, neste sábado (20/8), às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro). Ingressos disponíveis apenas para o setor plateia 2: R$ 80 e  R$ 40,00 (meia), à venda pelo site Eventim e na bilheteria do teatro.

*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes