Jeb Pyre é o quarto personagem de cunho religioso que Andrew Garfield interpreta. Mas, diferentemente do soldado médico de “Até o último homem”, do padre de “Silêncio” (ambos os filmes são de 2016) e do pastor de “Os olhos de Tammy Faye” (2021), sua fé é colocada à prova como nunca na minissérie “Em nome do céu”, disponível no Star+.
Pyre é o detetive mórmon escalado para investigar um crime brutal. Em 24 de julho de 1984, Brenda Lafferty (Daisy Edgar-Jones, de “Normal people”) e sua filha Erica, um bebê de 15 meses, foram assassinadas de forma monstruosa em sua casa, em Salt Lake City, Utah. O caso se tornou célebre porque os criminosos alegaram que as mortes foram em decorrência de um chamado divino.
A produção, adaptada do livro “Pela bandeira do paraíso” (2003), de Jon Krakauer, também autor de “Na natureza selvagem” (1996), investiga não só o caso, mas também o fundamentalismo religioso.
Mórmons
As Lafferty, família mórmon que era considerada os Kennedy de Utah, foram executadas pelos próprios cunhados e tios, que haviam sido excomungados da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Abraçaram o mormonismo radical, que pregava a poligamia e era contra o Estado.A minissérie é apresentada em três tempos. O tempo presente, da investigação; e dois do passado: da vida dos Lafferty antes e depois de se tornarem fundamentalistas e a do próprio Joseph Smith, o religioso que no século 19 fundou a religião mórmon, autodenominando-se “profeta de Deus”.
Ainda que o contexto aqui seja de uma série de true crime, a roupagem é diferente. Mais importante do que a solução do assassinato é ver a evolução dos personagens frente ao extremismo. E Garfield, cada vez mais distante do Homem-Aranha que lhe deu fama, demonstra com sutileza e dor o desespero de seu personagem, que coloca em xeque não só a sua igreja, mas tudo em que acreditou na vida.
“EM NOME DO CÉU”
• Minissérie em sete episódios disponível no Star