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Estado de Minas DANÇA

Cultura do Guetto apresenta 'Espiral', símbolo da vitória sobre a pandemia

Companhia mineira estreia projeto dedicado à energia, após enfrentar a falta de recursos para o aluguel e ser obrigada a desistir de pedágios que a financiavam


21/08/2022 04:00 - atualizado 21/08/2022 07:07

Bailarinos jogam colega para o alto durante a coreografia 'Espiral', espetáculo do grupo Cultura do Guetto
Bailarinos ensaiaram até a exaustão a coreografia de 'Espiral' (foto: Lucas Marcílio/divulgação)


O Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas recebe, neste domingo (21/8), o novo espetáculo do grupo de danças urbanas Cultura do Guetto. “Espiral” tem como mote a energia, tudo o que ela move e gera a partir da Lei de Conservação da Massa, do químico francês Antoine-Laurent de Lavoisier, segundo a qual “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

O espetáculo resulta do movimento de transformação, explica Glastone Navarro, diretor e coreógrafo do grupo. O novo trabalho começou a ser elaborado em novembro de 2019, mas foi interrompido devido à pandemia. Entre o final de 2020 e o início de 2021, "Espiral" acabou tomando outros rumos.

"No final de 2019 e início de 2020, estávamos fazendo laboratórios, sem direcionamento muito definido do que iríamos propor, mas caminhando para falar sobre epifania. Com a chegada da pandemia, paramos tudo. Um processo criativo interrompido nunca volta de onde parou, sempre é reinício. Pensamos na energia que a gente gastou para estar ali, na energia que ainda teríamos que dispender para recomeçar. O mote acabou sendo esse”, diz Navarro.
 

''Somos nós por nós mesmos. A gente cria a obra, ensaia, se dedica, produz e ainda tem que vender, fazer o corpo a corpo para levar o público ao teatro. Isso no cenário em que as danças urbanas ainda são vistas com certo preconceito''

Glastone Navarro, diretor do grupo Cultura do Guetto


Esforço e exaustão

Dez dançarinos e dançarinas em cena expressam o tema por meio de seus corpos. “É uma obra que exige muito da parte física. Durante os treinos, alguns dançarinos e dançarinas chegavam a um ponto de exaustão que os fazia vomitar”, revela.  As atuações se dão em solos, duos e em grupo.

A pandemia representou forte impacto para o Cultura do Guetto. Fundado em 2017, o grupo, que se desdobra em vários eixos – escolas de formação e aprimoramento, equipe de competição e companhia artística voltada para repertório autoral –, possui sede própria, mas não conta com patrocínio ou suporte de leis de incentivo à cultura.

“Nossa sede é um galpão alugado no bairro Bonfim. Antes da pandemia, para arcar com as contas, a gente fazia pedágios em semáforos da cidade. Para o que faltasse a gente fazia rateio entre os integrantes. Com a chegada da COVID, não tivemos mais como fazer pedágios, deixamos de pagar aluguel durante cinco meses. Chegamos a pensar em entregar o espaço. Foi uma das situações mais difíceis e desafiadoras que a gente já passou”, conta Navarro.

A "tábua de salvação" foi a campanha de financiamento lançada no site Evoé, cuja arrecadação permitiu quitar aluguéis e retomar o pagamento em dia. “A maior parte dos alunos  vive em situação de vulnerabilidade social, então é sempre complicado arcar com os custos, ainda mais numa pandemia”, ressalta.
 
Bailarinos do grupo Cultura do Guetto erguem os braços, à meia-luz
"Espiral" se inspira na Lei de Lavoisier, segundo a qual "nada se perde, tudo se transforma" (foto: Santanas Fotografia/divulgação)
 

Reinvenção na pandemia

O coreógrafo entende a estreia de “Espiral” como algo digno de comemoração. “Durante o período mais severo da pandemia, a gente procurou fazer encontros on-line de outra natureza, com palestras sobre emprego, racismo e antirracismo, sobre profissionalização dentro do universo da dança, sobre cuidados com o corpo. Isso fez com que as pessoas continuassem no grupo, engajadas, buscando outras possibilidades de ganhar dinheiro. Felizmente, tivemos pouquíssimas desistências”, aponta.

Para Navarro, “Espiral” é, antes de mais nada, fruto de muita persistência. Ele diz que o grupo segue sem patrocínio ou qualquer tipo de apoio financeiro externo.

"Somos nós por nós mesmos. A gente cria a obra, ensaia, se dedica, produz e ainda tem que vender, fazer o corpo a corpo para levar o público ao teatro. Isso no cenário em que as danças urbanas ainda são vistas com certo preconceito. Trata-se de expressão tão legítima e potente quanto qualquer outra. Acredito que somos um dos melhores projetos independentes da nossa cidade”, conclui Glastone Navarro.

"ESPIRAL"

Com grupo Cultura do Guetto. Neste domingo (21/8), às 19h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Fone: (31) 3516-1360. Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)





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