Reunidos em uma sala de cinema no Leblon, no Rio de Janeiro, elenco e técnicos de “Cine Holliúdy” não escondiam a emoção de ver pela primeira vez o capítulo que marca o início da segunda temporada da série, que chega nesta terça-feira (23/8) à TV Globo, logo depois da novela "Pantanal".
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O ator Matheus Nachtergaele, que faz o prefeito Olegário, assegura que a segunda temporada chega para fazer o brasileiro gostar novamente de ser brasileiro. “Esta é a pequena operação delicada que, espero, o 'Cine' faça nos nossos corações”, enfatiza.
Chico City, Trapalhões e Jô Soares
O programa é "um caldeirão", comenta Matheus. De acordo com ele, a série tem o ritmo de "O auto da Compadecida" (filme de Guel Arraes, de 2000); reúne o elenco do “Cine Holliúdy” (filme de 2013), com comediantes à la Dercy Gonçalves e Ronald Golias; tem um pouco de “Os Trapalhões” no DNA; tem “Chico City” (humorístico de Chico Anysio exibido na Globo entre 1973 e 1980); e traz “Viva o gordo”, criação de Jô Soares e Max Nunes que foi ao ar na década de 1980).
O ator diz que toda boa comédia é uma crítica a problemas que se repetem, atrapalhando a vida de todo mundo. “O político machista, ignorantão, que usa o dinheiro público a seu favor, ladrão, corrupto e fisiológico, é uma das figuras que mais atrapalham o Brasil. Portanto, é recorrente você querer tirar sarro desse tipo de pessoa”, afirma Natchergaele ao explicar o perfil de seu personagem.
“Te confesso: nos últimos anos, tive tanta raiva do que vinha acontecendo no Brasil que boa parte dessa fúria eu botei no Olegário”, afirma. “Claro, para a gente gargalhar. À toa ele perde a cabeça, é um cara destemperado. O destempero dele é o meu destempero, a minha falta de paciência com a eterna política fisiológica deste país.”
Socorro (Heloísa Périssé) assume a prefeitura da cidadezinha e tem de enfrentar o machismo para se impor, além de suportar os embates com o marido, Olegário, antecessor dela na administração municipal, que não aceita ficar à sombra da mulher.
O elenco traz duas novidades: Lorena Comparato, como Formosa, filha de Lindoso (Carri Costa) e Belinha (Solange Teixeira); e Luisa Arraes, como Francisca.
Francisgleydisson (Edmilson Filho), o herói da trama, que na primeira temporada se orgulhava de ser o dono do cinema, única atração cultural de Pitombas, agora tem de se virar para concorrer com a televisão. Patrícia Pedrosa assina a direção artística.
Realismo fantástico com amor e humor
“Como novidade, a nossa prefeita, no sertão do Ceará, vai tentar mandar em um monte de homens, a grande dificuldade dela. E o Francisgleydisson, nosso grande sonhador, terá uma missão tremenda ao conhecer Francisca, menina que chega à cidade cheia de ressentimentos, em busca do pai. Ao longo dos 11 episódios, ele vai ajudá-la a conhecer o amor – do pai e por ele”, resume Marcio Wilson.
Luisa Arraes diz que foi o maior barato ver "Cine Holliúdy" na telona, durante a sessão de quinta-feira (18/8). “Na verdade, é a batalha do cinema contra a televisão que a gente faz na TV. Só isso é uma piada pronta”, brinca.
“'Cine Holliúdy' é um grande representante da cultura brasileira, que está tentando resistir a duras penas”, afirma Luisa. E compara essa resistência ao esforço de Francisgleydisson para salvar a sua sala de cinema.
Ao lembrar a trajetória do projeto, Halder Gomes, diretor do longa que deu origem à série, considera "Cine Holliúdy" case único no país.
“É raríssimo no mundo um curta que começou em 2003, virou filme, que virou parte dois, que virou primeira temporada de sucesso medonho, virou reprise, que foi outro sucesso medonho (a série foi reprisada ano passado). E vem a segunda temporada, que será um sucesso medonho”, diz.
Bem-humorado, Halder garante: Pitombas é o 185º município do mapa cearense. “Criamos um município queridíssimo. Pensa na responsa: no Ceará, eles já consideram Pitombas município. Será oficial daqui pra sempre."
VEJA os bastidores de "Cine Holliudy 2":
Tempero e alegrias do Brasil
Edmilson Filho, que desde o curta-metragem interpreta Francisgleydisson, conta que seu maior orgulho é poder exibir para o Brasil, em cada detalhe, a cultura popular. “A representatividade nordestina, cearense, brasileira, o tempero, as alegrias, as cores, cada vírgula dos escritores”, enumera.
“Estamos enfrentando momentos difíceis na cultura brasileira, 'Cine Holliúdy' é mais que Tylenol, é um alívio pelo que estamos passando hoje”, diz.
Apesar de ser obra ficcional, Edmilson Filho afirma que tudo o que é visto na série existe. “Se você for ao interior, às cidades do Nordeste, encontrará o prefeito e todas essas figuras. Me ofende quando alguém diz que é caricato. Só é para quem nunca viu”, critica.
"CINE HOLLIÚDY"
• A série estreia nesta terça-feira (23/8), às 22h35, na TV Globo