"Queremos ocupar espaços chamados de MPB e música acústica, que, para nós, são muito novos"
Mac, compositor
O casal Salma e Mac, fundadores da banda goiana de indie rock Carne Doce, lançam seu primeiro álbum solo, “Voo livre”, que chega às plataformas digitais nesta quinta-feira (25/8). Com pegada totalmente diferente do grupo que os tornou conhecidos, os dois exibem um pop acústico relaxante e tropical, inspirado na MPB e na bossa nova.
Salma Jô e Macloys Aquino criaram a Carne Doce em 2014. De lá para cá, a banda lançou quatro álbuns: “Carne Doce” (2014), “Princesa” (2016), “Tônus” (2018) e “Interior” (2020). Composições melódicas, letras sensuais e a forte presença de palco trouxeram reconhecimento nacional para o grupo.
Som acústico e intimista
Agora, o casal chega com disco solo minimalista, acústico e intimista, destacando a habilidade de Mac ao violão e a voz característica de Salma.
“Queremos ocupar espaços chamados de MPB e música acústica, que, para nós, são muito novos. Já nos perguntaram: ‘Como é sair do palco do pub suadões e ir para o banquinho do teatro?’”, comenta Mac.
O disco foi produzido pelo experiente Alexandre Kassin, que trabalhou com Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, Vanessa Da Mata, Erasmo Carlos, Los Hermanos e Mallu Magalhães. Ele também assina a produção do musical "Clube da Esquina – Os sonhos não envelhecem", em cartaz em Belo Horizonte.
“Gosto muito da Carne Doce. Eles trouxeram renovação e um certo frescor para o rock brasileiro. Comecei a conversar com Salma e Mac. Certa vez, eles vieram ao Rio e chamei para o estúdio. Ao vê-los tocando sem toda aquela performance da banda, achei incrível, principalmente por evidenciar letras da Salma, que é uma tremenda compositora e letrista”, relembra Kassin.
Os singles “Marquinha” e “Sobremesa” foram lançados em junho e julho. Despretensiosas e espontâneas, as canções levam o ouvinte para um café na Zona Sul carioca, de frente para a praia.
Entre as outras seis faixas, há as inéditas “Gringa”, “Na pele”, “Voo livre” e “Capacho”, além de versões acústicas – e revigoradas – de “Cetapensâno” e “Hater”, lançadas com a Carne Doce.
“Estamos na dúvida sobre qual será o impacto das músicas que ainda não divulgamos. Entre ‘Na pele’ e ‘Gringa’, qual vai chamar mais a atenção?. Elas têm tensões que as levam para públicos diferentes”, afirma Salma.
A cantora descreve “Na pele” como canção voltada para pessoas que preferem música conceitual, com letras fortes e melancólicas, parecida com as da Carne Doce. Já “Gringa”, acredita o casal, remete a trilhas sonoras – é leve e divertida.
“E ali à tôa sem ninguém/ Sem parar, me curtir, me deixar/ Lá tô eu, e meu drinque, e o sol, e o mar/ Escuto um funk, tudo bem/ Ninguém vai estranhar/ I am drunk, it’s ok/ I am gringa”. Assim é o refrão de “Gringa”.
"A canção tem muito a ver com a ideia de experimentação que estamos fazendo nesse projeto de sobrevoar pela MPB. Para nós, é tudo muito novo e revigorante"
Salma, cantora, sobre "Voo livre"
Passeio de asa-delta
A faixa-título “Voo livre” surgiu do passeio de asa-delta que o casal fez no Rio de Janeiro, em dezembro de 2021. Experiência, aliás, que inspirou o novo disco.
“Para nós, é a música mais especial desse repertório. Sabemos que talvez seja a que menos chame a atenção em termos de público, mas é a que mais se aproxima da nossa intimidade”, comenta Mac.
"A canção tem muito a ver com a ideia de experimentação que estamos fazendo nesse projeto de sobrevoar pela MPB. Para nós, é tudo muito novo e revigorante”, explica Salma.
“Cetapensâno” é a primeira faixa do segundo disco da Carne Doce, “Princesa”. Para essa nova versão, a dupla baixou um semitom, o que valorizou a suavidade da voz de Salma, que canta em dialeto verdadeiramente goianês, que até poderia ser considerado mineirês, acompanhada do arranjo de violão e violino.
“Somos primos de Minas. Considero ‘Cetapensâno’ extremamente goiana, mas se tivesse que escrever uma canção goiana hoje em dia, não saberia dizer qual é exatamente o elemento goiano. É algo que vem da nossa essência”, afirma Salma.
“Hater” faz parte do último álbum da Carne Doce, “Interior”, e foi lançada pelo casal como single em setembro de 2020.
“Tocamos versões de músicas da Carne Doce em nossas apresentações acústicas como Salma e Mac. Percebemos que ‘Hater’ ganhava nova vida, que valorizava o lado samba e MPB”, destaca Salma.
A letra fala de linchamento virtual e da política do cancelamento, cada vez mais comuns na sociedade contemporânea, problemas, aliás, vivenciados por membros da banda.
Música alegre e solar
O produtor Kassin destaca a falta de pretensão do disco do casal, o que faz dele “alegre e solar”.
“Tinha a vontade de que quando eles fossem fazer show voz e violão, a lembrança do álbum não soasse estranha para a plateia. Minha ideia era de que as coisas girassem em volta dessa premissa, que fossem minimalistas e sem grandes momentos de explosão”, explica Kassin.
“Voo livre” será lançado nesta quinta-feira (25/8) nas plataformas de streaming. Além da dupla e de Kassin, ele traz o compositor e multi-instrumentista Leonardo Reis e Felipe Ventura, compositor, violinista, guitarrista e arranjador que integrou a banda Baleia.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
"VOO LIVRE"
Disco de Salma e Mac. e Kassin. Disponível nas plataformas de streaming a partir desta quinta-feira (25/8).