Há mais de um ano, quando montava a programação de 2022, o maestro Fabio Mechetti aventou a possibilidade de uma turnê internacional em meio às comemorações do bicentenário da Independência. Tanto por isso, agendou para o início de setembro, na Sala Minas Gerais, programa que celebrasse a música de compositores brasileiros e portugueses – caso a viagem fosse confirmada, as peças já estariam prontas para execução.
Hoje (1º/9) e amanhã (2/9), a Filarmônica apresenta em sua sede o programa “Entre Rio, Campinas e Lisboa”. Com o pianista Jean Louis Steuerman como convidado, as duas noites terão peças do carioca Villa-Lobos, do campineiro Carlos Gomes e do lisboeta Braga Santos.
Temporada além-mar
No domingo (4/9), maestro, orquestra e solista embarcam para Portugal, onde a Filarmônica dá início, na próxima terça-feira (6/9), à temporada de quatro concertos além-mar.
Será a primeira turnê europeia da orquestra, e a segunda internacional – há uma década, ela tocou na Argentina e no Uruguai. As apresentações começam terça-feira, na Casa da Música, no Porto. Na quarta, 7 de setembro, a orquestra faz concerto aberto no jardim da Torre de Belém, na programação do festival Lisboa na Rua. Na quinta (8/9), continua na capital, onde se apresenta no Centro Cultural de Belém. Na sexta (9/9), encerra a temporada no Convento São Francisco, em Coimbra.
O programa será o mesmo de BH: Braga Santos (“Abertura sinfônica nº 3, op. 21”), Villa-Lobos (“Choros nº 6” e “Bachianas brasileiras nº 3”) e Carlos Gomes (“O escravo: Abertura e alvorada”). Na apresentação a céu aberto, a peça de Braga Santos será executada ao lado de obras de Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, César Guerra-Peixe, Lorenzo Fernandez e Carlos Gomes.
“Como é um programa luso-brasileiro, escolhi os melhores representantes do século 19, o Carlos Gomes, e do século 20, Villa-Lobos. Braga Santos tem certo paralelismo com a música de Villa-Lobos, pois utiliza material folclórico. Então, há esse diálogo”, diz Mechetti.
"Turnê internacional é a valorização do nosso trabalho e a oportunidade de mostrar para o resto do mundo o que de melhor se faz no Brasil"
Fabio Mechetti, regente da Filarmônica de MG
Para a apresentação aberta houve mudanças, “pois certos repertórios não são propícios para ser executados ao ar livre”, explica Mechetti .
O maestro escolheu peças de mais impacto, como “Batuque”, de Lorenzo Fernandez. O concerto do dia 7 será transmitido pela RTP, emissora pública portuguesa, pelo canal da Filarmônica no YouTube e pela Rede Minas.
Os últimos meses, diz o diretor artístico da Filarmônica, foram de intensa preparação para a turnê. Patrocínio, logística – tudo se dá em grande escala, pois serão 112 pessoas, entre músicos e equipe.
A viagem de uma orquestra traz especificidades, como, por exemplo, a questão dos instrumentos. À exceção de contrabaixos, tímpanos e harpa, de grande porte, todos os demais embarcam com os próprios músicos.
“Turnê internacional é a valorização do nosso trabalho e, ao mesmo tempo, a oportunidade de mostrar para o resto do mundo o que de melhor se faz no Brasil. Gravações são importantes, transmissões também. Mas concertos ao vivo, e para plateia europeia, são especiais”, acrescenta o maestro.
A temporada da próxima semana representa estreia também para o próprio Mechetti. Com 64 anos de vida e 45 de regência, ele nunca se apresentou em Portugal. “Nunca é tarde para começar”, finaliza o maestro.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concerto “Entre Rio, Campinas e Lisboa”. Hoje (1º/9) e sexta-feira (2/9), às 20h30, na Sala Minas Gerais. Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Inteira: de R$ 50 a R$ 167. Ingressos à venda na bilheteria e no site www.filarmonica.art.br