Do Museu do Prado ao Centro Pompidou, passando pelo Met de Nova York, 42 exposições em todo o mundo marcam o aniversário de 50 anos da morte de Picasso, uma "mobilização sem precedentes" em torno do pintor espanhol, o "artista mais famoso da arte moderna", segundo Madri e Paris.
Preparado em conjunto pela França e pela Espanha durante 18 meses, o chamado Ano Picasso mobilizará "38 instituições de grande importância na Europa e nos Estados Unidos", segundo afirmou o ministro espanhol de Cultura, Miquel Iceta, em ato de apresentação no Museu Rainha Sofia de Madri, nesta segunda-feira (12/9).
Estas exposições vão "mostrar todas as faces" do artista espanhol, nascido em Málaga (Sul da Espanha) em 1881 e que morreu em Mougins (Sudeste da França) em 1973, acompanhadas em paralelo por uma série de "colóquios" e "debates" sobre o pintor e sua obra, acrescentou sua homóloga francesa, Rima Abdul Malak.
As celebrações terão início em 23 de setembro, na Fundação Mapfre, em Madri, com a exposição "Pablo Picasso e a desmaterialização da escultura" e vão até abril de 2024.
Os eventos em homenagem ao pintor espanhol serão principalmente na Espanha, França e Estados Unidos, com atividades também na Alemanha, Suíça, Romênia e Bélgica.
Entre as instituições participantes estão o Metropolitan Museum of Art de Nueva York, o Museu do Prado em Madri, o Guggenheim de Bilbao, o Centro Pompidou de Paris e os museus Picasso de Barcelona e Paris.
"Nosso objetivo é reivindicar o legado artístico de Picasso e a atualidade de sua obra", afirmou Miquel Iceta em frente ao “Guernica”, um dos mais famosos quadros do mundo, datado de 1937.
Esta obra imortalizou o massacre na cidade de Guernica - bombardeada em abril de 1937 pela aviação nazista em apoio ao general Franco durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939).
Violência e #MeToo
Além de suas referências políticas e históricas, as retrospectivas organizadas dentro do Ano Picasso também vão retratar os "excessos" e "contradições" do artista, segundo seus organizadores.
A figura de Picasso foi afetada há alguns anos por acusações de misoginia e violência contra suas parceiras, no contexto do movimento #MeToo. O artista foi acusado pela jornalista Sophie Chauveau em sua obra "Picasso, o Minotauro" de ser um homem "ciumento", "perverso" e "destrutivo".
"É importante que o público conheça melhor Picasso e conheça também a parte da violência que havia nele. Não é algo que deva ser escondido", reconheceu Rima Abdul Malak, que julgou necessário no entanto "não reduzir toda a obra de Picasso" a esse tema.
A relação do artista com as mulheres será abordada em uma oposição prevista no Brooklyn Museum de Nova York, no verão de 2023.