Jornal Estado de Minas

CURA 22

Cura BH: artistas do MST são convidados para pintar mural em edifício

De forma inédita, um coletivo artístico do Movimento Sem Terra (MST) foi convidado para participar da 7ª edição do Circuito Urbano de Arte (Cura). Os artistas ficarão responsáveis por fazer o mural do Edifício Rochedo, localizado na Rua Goitacazes, Região Central de Belo Horizonte. O Festival começa nesta quinta-feira (15/6) e segue até o dia 25 de setembro.





Com a temática da terra, toda a programação do Cura 2022 será baseado neste elemento, levantando questões de territorialidade, agricultura responsável e ancestralidade. “Fizemos aquela narrativa conceitual de sair da Rua Sapucaí e chegar à Praça Raul Soares. Para isso, passamos por toda a Avenida Amazonas, com a narrativa da força das águas e do Rio Amazonas, toda curadoria foi feita em torno disso. Este ano, o Cura chega em terra firme”, afirmou Priscila Amoni, uma das idealizadoras do projeto. 

Segundo ela, serão destacados não somente algumas ‘faces’ da terra, como o barro, a argila e o tijolo, mas também o elemento como uma questão central da solução do Brasil e lança luz sobre distribuição territorial. “Vamos abordar a população trabalhadora, indígena e negra. A terra participará tanto na sua plasticidade e cores quanto em questões sociais.”

Além disso, são convidados do evento a artista baiana Selma Calheira, o anfitrião do festival Pedro Neves, morador de Betim, Região Metropolitana da capital, e Sueli Maxakali, que integra o povo indígena Maxakali ou Tikmu’un, localizado em uma região entre Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Já a artista selecionada na convocatória foi Willand Cabal, moradora do Aglomerado da Serra. 




'Empena do MST'

O Primeiro Empena do MST, que contará com a participação de artistas da Escola de Artes João das Neves, segundo Priscila, é parte de uma construção coletiva. “Fomos convidas, em julho, para darmos uma oficina e compartilhar o nosso conhecimento sobre ocupação do espaço público. Foi uma experiência transformadora, pois fomos convidados pelo MST e tivemos a chance de descobrir artistas incríveis que integram o movimento”, afirmou.

Para ela, o coletivo poderá relatar parte de sua história, a agroecologia, segurança alimentar e dar destaque para trabalhadores rurais do MST, no evento artístico. “Acreditamos que é um marco muito grande para o Cura poder ter a honra de fazer o primeiro prédio e mural de um movimento tão importante para o Brasil. O festival também está muito relacionado com a agricultura sustentável, inclusive já fizemos feiras de agroecologia”, explicou. 

A escola de artes do MST foi fundada pelo dramaturgo João das Neves. Entre os artistas que guiam o projeto, atualmente estão Sérgio Pererê, Guê das Neves e a cantora Titane. “Eles fazem várias ações para que os artistas do movimento possam ter ferramentas para guiar a sua arte”, contou a idealizadora do Cura. 





Além disso, para fechar o festival, foi convidado o cantor Mateus Aleluia, que fará um show gratuito na Praça Raul Soares, às 18h, no último dia do evento. “O nosso sexto elemento é a terra em forma de música. A ancestralidade e a força de Aleluia tem um papel significativo e está muito ligada à proposta do evento deste ano”. 

Arte e NFT

Outra novidade do Cura 22 é que o artista convocado foi selecionado a partir de uma obra digital com NFT (Non Fungible Token) — Token não fungível, na tradução literal. A arte se tornará física, por meio de um pôster lambe-lambe e ocupará a fachada do Hotel Sorrento, na Praça Raul Soares. 

“A gente apostou nessa pegada de introduzir o mundo digital no festival. A ganhadora é uma pessoa não-binária e dançarina de Vogue. Ela trará um pouco desta modalidade artística típica das periferias, além de ressaltar a presença LGBTQIAPN+ no território da Raul Soares, que é tão tradicional”, contou Priscila. 





Já o edifício Copacabana, também localizado na Praça, terá o mural do artista Pedro Neves, enquanto o Edifício Roma, na Avenida Paraná, vai expor o trabalho de Sueli Maxakali, que traduz, em imagens, as vivências de um povo que, há várias gerações, vive e cuida da terra.

É a primeira vez que os artistas vão pintar um mural em edifício. “Todos os artistas estão estreando sua atuação em pintura de prédios e, para isso, temos uma equipe que já tem expertise nisto. Garantimos essa inclusão e damos a oportunidade para esses artistas amostarem sua arte de modo diferente”, afirmou Priscila. 

Já a artista Selma Calheira fará o Levante, que conta com cerca de 30 esculturas de bonecos de barro dispostas na Raul Soares. Além disso, o festival contará com a estreia da Loja CURA, apresentações musicais e de dança. 




Confira a programação do festival

De 15 a 24 de setembro — Pinturas e instalações, das 16h20 às 22h
  • Exposição instalação “Levante” de Selma Calheira (BA)
  • Pintura empenas Pedro Neves (MG), Sueli Maxakali (MG) e MST (Brasil)

Quarta-feira, 21 de setembro, das 16h20 às 22h
  • Lançamento da Loja CURA com House of Cabal: desfile e apresentação do espetáculo PINK GARDEN
Quinta-feira, 22 de setembro
  • DJ Pelas — 16h20 às 18:30h 
  • Lançamento Catálogo CURA com a mesa “CURA e a cidade”, com Binho Barreto, Felipe Thales, Carol Jaued, João Perdigão e Flaviana Lasan. Mediação Roberto Andrés - 18:30h às 20h 
  • DJ Kingdom — 20h às 22h 
Sexta-feira, 23 de setembro
  • Becks apresenta Pedro Pedro e João Nogueira — 16h20 às 22h 
Sábado, 24 de setembro

  • Xeque Mate apresenta Lázara e Jambruna — 16h20 às 22h 
Domingo, 25 de setembro
  • Espaço CURA — arte, comida e agroecologia/parceria MST — 10h às 22h 
  • DJ Palomita — 10h às 14h - 
  • Performance Solstício: Dança para o amanhã — 14h às 15h 
  • DJ Pat Manoese — 15h às 18h 
  • Show Mateus Aleluia — 18h às 19h 
  • DJ Rico Jorge — 19h às 22h 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira