"Eu me pergunto se tudo o que estamos vivendo um dia estará na série", afirma Liz Baxter diante do Palácio de Buckingham, onde muitas pessoas, principalmente turistas, confessam que sua afeição pela falecida rainha Elizabeth II vem da série “The crown”.
Uma multidão se reúne nas barreiras instaladas em frente ao palácio, quando o novo monarca Charles III e a rainha consorte Camilla passam em seus Rolls Royce. Liz Baxter, de 68 anos, está ao lado da filha, com quem veio prestar homenagem a Elizabeth II.
A maioria das pessoas com quem a reportagem conversou ao redor da residência real admite ter visto “The crown”, um dos maiores sucessos da Netflix.
A série, que começou a ser exibida em 2016, retrata a vida da rainha Elizabeth II diante do enorme dever de administrar a monarquia mais famosa do mundo. Ambientada em várias épocas, revê os escândalos, as crises políticas e a relação com o marido, Philip.
Segundo o jornal The Guardian, que cita dados da Whip Media, a audiência da série aumentou 800% no Reino Unido no fim de semana seguinte à morte da soberana em relação à semana anterior. Nos Estados Unidos, foi quatro vezes mais.
A quinta temporada tem previsão de estreia para novembro deste ano. A sexta temporada está sendo gravada. "Aprendi muito sobre essa família. Eu realmente não sabia muito e depois me interessei ainda mais pelos membros da família real", afirma Virginie Verrez, uma francesa de 33 anos que viajou a Londres a trabalho.
Verrez, cujas temporadas favoritas são as duas primeiras, quando Elizabeth II se torna rainha, reconhece que a série a ajudou a entender como a monarquia funciona, quando surgiu a controvérsia sobre o abandono de Harry e Meghan da família real, em 2020.
Uma inglesa, "de 73 anos como Charles" e que não quis revelar seu nome, se recusa a acreditar que Philip, marido da rainha, teve casos extraconjugais, como sugere “The crown”. "Eu me pergunto até que ponto o que é contado na série é verdade", afirma. Essa questão parece preocupar os britânicos, mas não tanto os turistas.
Gai Reckless, uma australiana que chegou de Sydney no dia seguinte à morte de Elizabeth II, reconhece ter "muito mais simpatia por ela". "Eu não sabia que ela teve que desistir de tantas coisas em sua vida para se tornar rainha", diz.
Julie Williams e Julie Grime, duas amigas de 63 anos que vieram de Manchester para homenagear a memória da soberana, admitem que já a amavam antes da série.
"Estar aqui, em frente ao Buckingham, com toda essa gente, é como viver um episódio", afirma Grime. Virginie Verrez é mais precisa: "Estamos assistindo ao final da série"