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Estado de Minas LITERATURA

Pela primeira vez em sua história, Flip vai homenagear autora negra

Maria Firmina dos Reis será destaque da 20ª edição do evento. Maranhense lançou 'Úrsula' (1859), primeiro romance publicado por mulher negra na América Latina


17/09/2022 04:00 - atualizado 16/09/2022 23:31
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Imagem de Maria Firmina dos Reis
Imagem de Maria Firmina dos Reis divulgada pelo memorial dedicado à autora maranhense (foto: Reprodução)

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) vai homenagear uma escritora negra pela primeira vez em sua história de 20 edições: a pioneira maranhense Maria Firmina dos Reis. O anúncio foi feito, esta semana, pelos curadores Fernanda Bastos, Milena Britto e Pedro Meira Monteiro e o diretor artístico Mauro Munhoz.

“Foi uma autora esquecida no cânone que hoje é pesquisada principalmente por mulheres”, disse Bastos. “A Flip ainda é uma estância de consagração, por isso queremos sugerir um outro século 19, uma outra independência”, afirmou Meira Monteiro.

Com o romance “Úrsula”(1859), Maria Firmina derrubou barreiras na literatura feminina e abolicionista brasileira. Seu legado será esquadrinhado pela crítica literária Fernanda Miranda e pela historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto na mesa que abrirá a Flip, em 23 de novembro.
 
O romance de Firmina, possivelmente, é o primeiro publicado por mulher negra na América Latina, segundo o portal de literatura afro-brasileira da UFMG.

Estará em Paraty a francesa Annie Ernaux, uma das principais referências da literatura contemporânea mundial, autora de “O lugar”, “Os anos” e “O acontecimento”, lançados pela editora Fósforo. A escritora, de 82 anos, participará de mesa, em 26 de novembro, com a brasileira Veronica Stigger.

Outras presenças internacionais são a antropóloga francesa Nastassja Martin, autora de “Escute as feras (Editora 34), o chileno Benjamín Labatut, de “Quando deixamos de entender o mundo” (Todavia), e a cubana Teresa Cárdenas, voz central da literatura negra latino-americana.

Tributo a Claudia Andujar

A festa também celebrará a carreira da fotógrafa Claudia Andujar, cujo trabalho junto aos yanomamis marcou história no país. “É uma das inovações deste ano homenagear um artista vivo”, afirmou Munhoz.

Estarão em Paraty artistas visuais como a transgressiva Lenora de Barros, a quadrinista Fabiane Langona e o poeta mineiro Ricardo Aleixo, que mistura arte multimídia a sua literatura. Aleixo puxa uma programação forte de brasileiros de projeção ascendente – Carol Bensimon, Cidinha da Silva, Geovani Martins e Amara Moira.

Moira se junta a Camila Sosa Villada, de “O parque das irmãs magníficas”, numa seleção atenta à literatura produzida por pessoas trans.
 
Outro destaque é Cida Pedrosa, vencedora do Jabuti por “Solo para vialejo”. Esta pernambucana exemplifica como a programação busca escapar à fadiga do eixo literário do Sudeste, algo que se materializa na presença da baiana Luciany Aparecida, do paraibano Christiano Aguiar, da paraense Nay Jinknss e dos gaúchos Eduardo Sterzi e Luiz Maurício Azevedo.

O foco na diversidade geográfica, somado às dificuldades de captação de recursos pelo estrangulamento da Lei Rouanet, revela uma edição com menor presença internacional. Até agora, são 10 autores estrangeiros confirmados, contra 13 das edições presenciais em 2018 e 2019. Será uma edição mais enxuta, de 23 a 27 de novembro, com apenas 17 mesas confirmadas até agora. 


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