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Estado de Minas MÚSICA

João Cavalcanti lança disco como cantor para homenagear Dona Ivone Lara

Compositor carioca busca novas formas de interpretar a obra da autora de 'Sonho meu' no álbum 'Ivone rara - 100 anos da dona do samba'


17/09/2022 04:00 - atualizado 16/09/2022 23:47

João Cavalcanti sorri e segura flores brancas
João Cavalcanti é apaixonado pelos contracantos criados por Dona Ivone Lara (foto: Leo Aversa/Divulgação )

"Tem canções em que canto só a primeira parte e outras em que omito pedaços da letra. Na realidade, quis fazer uma costura nova, cerzir um negócio novo, um discurso novo"

João Cavalcanti, cantor e compositor


Primeiro álbum solo exclusivamente de intérprete de João Cavalcanti, “Ivone rara – 100 anos da dona do samba” marca momento especial da trajetória do músico carioca, de 42 anos.

“Sempre coloquei como motivação central na minha carreira, nos shows que faço e nas gravações, o fato de ser compositor e de achar que tenho por missão levar adiante um texto, um discurso, a vontade de comunicar alguma coisa”, comenta Cavalcanti. Porém, esta missão agora foi posta de lado por um motivo especial: homenagear Dona Ivone Lara.
 
O repertório do cantor reúne 15 canções e sete citações da compositora carioca para homenagear o centenário de nascimento dela, comemorado em 2021. As faixas trazem “um universo restrito da grandiosidade de Dona Ivone”, afirma João.

“São canções que chamam a atenção pelo brilhantismo da arquitetura melódica e da forma como foram compostas. Quis, em alguma medida, não repetir obviedades. Muitas já foram gravadas mais de uma vez, algumas são menos conhecidas, mas os clássicos de Dona Ivone, como ‘Sonho meu’, ‘Acreditar’, ‘Mas quem disse que eu te esqueço’ e ‘Tendência’, foram gravados muitas vezes. Eu não queria entrar, vamos dizer assim, no balaio de regravador delas”, explica João, que é filho do cantor e compositor Lenine.
 
O artista, então, se impôs a missão de buscar novas formas de reler a obra da sambista. “Minha sensibilidade meio que pediu uma formação diferente”, ressalta. De acordo com ele, isso se deu por meio da “instrumentação pouco peculiar na canção brasileira”, com piano, sanfona, cello, violino e arranjos do Marcelo Caldi.

“Acho que conseguimos imprimir novidade, um frescor, a esse repertório brilhante. Então, não precisa de muito para você já se embevecer desse repertório. Na verdade, a gente só quis fazer a pouca contribuição que podemos dar para o universo de Dona Ivone, que já é grandioso”, afirma.

Colcha de retalhos

O disco traz 15 faixas, mas são citadas 22 músicas. “Algumas faixas estão agrupadas em formato de suíte. A gente pensou muito, quebrou a cabeça para ordenar e para agrupar as músicas. Tem canções em que canto só a primeira parte e outras em que omito pedaços da letra. Na realidade, quis fazer uma colcha de retalhos. Uma costura nova, cerzir um negócio novo, um discurso novo.”

João Cavalcanti ressalta a genialidade da melodista Ivone Lara. “Ela tinha uma força criativa tão exuberante que criava de improviso os contracantos, ficou muito conhecida por isso. Quis fugir um pouco disso, porque não fazia sentido algum disputar com ela. Acaba que o violino e a sanfona, em maior medida, fazem isso. Mas até o cello e o piano cumprem esse papel no arranjo”, conta.

Na “arquitetura” musical de Marcelo Caldi, os contracantos estão postos, mas por obrigação dos arranjos, não por improvisos. “Foi o jeito mais fiel, leal e apaixonado que a gente encontrou para fazer essa homenagem para ela”, diz o cantor.

João ressalta que os arranjos do disco já estavam escritos, mas houve margem para que a violinista Wanessa Dourado, a violoncelista Adriana Holtz e a pianista Cláudia Elizeu pudessem improvisar. “O legal é que essa formação nunca havia tocado junta. Foi muito comovente o processo de gravação.”

Imersão no estúdio

O disco foi gravado em março deste ano no Estúdio Gargolândia, no interior de São Paulo. João conta que todos da equipe queriam trabalhar lá.
 
“Quando você consegue gravar no processo de imersão, é como se desse uma pausa. Os problemas continuam acontecendo, mas você dá uma pausa e se dedica àquilo. A gente acordava, tomava café e já ia falando do disco, mas não num processo exploratório, enfadonho. É outro astral, uma espécie de sonho que a gente estava realizando”, revela João Cavalcanti. 

João Cavalcanti segura flores na capa do disco Ivone rara
(foto: Reprodução)
“IVONE RARA – 100 ANOS DA DONA DO SAMBA”

.Disco de João Cavalcanti
.15 faixas
.Disponível nas plataformas digitais


FAIXA A FAIXA

» “Alguém me avisou” e “Menino brasileiro”
Dona Ivone Lara; Dona Ivone Lara e Rildo Hora

» “Canto do meu viver” e “Sereia Guiomar”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “O trovador”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Nasci para sonhar e cantar”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Nos combates dessa vida”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Sem cavaco não” e “Enredo do meu samba”
Dona Ivone Lara e Mano Décio da Viola; Dona Ivone Lara e Jorge Aragão

» “Doces recordações”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Tendência”
Dona Ivone Lara e Jorge Aragão

» “Coração, por que choras”, “Liberdade” e “Minha verdade”
Dona Ivone Lara; Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Resignação”
Dona Ivone Lara e Hélio dos Santos

» “Dizer não pro adeus” e “Adeus à solidão”
Dona Ivone Lara, Luiz Carlos da Vila e Bruno Castro; Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Alvorecer”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Samba de roda pra Salvador” e “Acreditar”
Dona Ivone Lara; Dona Ivone Lara e
Delcio Carvalho

» “Sonho meu”
Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho

» “Mas quem disse que eu te esqueço”
Dona Ivone Lara e Hermínio Bello de Carvalho



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