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Estado de Minas MÚSICA

Jovem Orquestra de Ouro Branco vai tocar na Sala Minas Gerais

Concerto 'Vozes da liberdade' destaca, neste domingo (18/9), peças de Villa-Lobos, Guarnieri, Lina Pires de Campos, Tom Jobim, Ernani Aguiar e Calimério Soares


18/09/2022 07:40 - atualizado 18/09/2022 07:42

Jovem Orquestra de Ouro Branco
Jovem Orquestra de Ouro Branco é formada por alunos de oficinas realizadas pela Casa da Música de Ouro Branco (foto: Lucas de Godoy/Divulgação)
 
O concerto “Vozes da liberdade”, que a Jovem Orquestra de Ouro Branco (Joob) apresenta neste domingo (18/9) à noite, na Sala Minas Gerais, vai destacar a riqueza e a multiplicidade da música brasileira. O repertório reúne peças de Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Lina Pires de Campos, Tom Jobim, Ernani Aguiar e Calimério Soares.

A orquestra é formada por jovens instrumentistas que iniciaram estudos musicais na cidade de Ouro Branco, a 100 quilômetros da capital. Com regência do maestro Marcos Silva-Santos, o concerto homenageia o bicentenário da Independência e os 100 anos da Semana de Arte Moderna.
 
A convidada especial da noite é a soprano mineira Fabíola Protzner, que vai interpretar “Melodia sentimental”, de Villa-Lobos, e “Tema de amor de Gabriela”, de Tom Jobim, com arranjo assinado por André Reis.

''É a realização de um sonho, algo muito especial e que vamos fazer com muita responsabilidade, carinho e paixão. Significa muito para a gente pisar naquele palco, onde muitos artistas de quem somos fãs pisam todos os anos''

Marcos Silva-Santos, regente


O maestro Marcos Silva-Santos destaca que a música de concerto brasileira, assim como a cultura do país, é fruto de heranças e influências estéticas vindas de diversos povos. 

“Do caldeirão cultural brasileiro surgiram tendências composicionais variadas, representadas por nomes como Camargo Guarnieri (1907-1993) e Villa-Lobos (1887-1959)”, ressalta.

O regente chama a atenção para a peça de Lina Pires de Campos (1918-2003), pedagoga dedicada ao piano e discípula da pianista fluminense Magdalena Tagliaferro (1893-1986). O legado desta autora paulista tem sido pouco divulgado, lamenta Santos.
 
Villa-Lobos toca piano em sua casa. Sentada no sofá, mulher ouve a apresentação
Villa-Lobos influenciou várias gerações de compositores no Brasil (foto: Luciano Carneiro/O Cruzeiro/Arquivo EM/1960)
 

Debussy, o francês adorado no Brasil

O programa contempla criações de Ernani Aguiar e Calimério Soares (1944-2011), compostas sob encomenda para a Joob, além de uma valsa de Claude Debussy (1862-1918). O francês é o único estrangeiro do repertório. Ele está presente no concerto devido à forte influência que exerceu sobre a música brasileira erudita e popular. Há ecos de Debussy na bossa nova, por exemplo.

Santos destaca que “Vozes da liberdade” se volta para a diversidade. “Alguns compositores beberam mais em fontes europeias, outros exploraram o nacionalismo em cores do hibridismo com a música negra e com a música urbana do Rio de Janeiro do início do século 20”, observa. “Villa-Lobos acaba sendo um compositor incontornável, quando se fala de música brasileira, e, justificadamente, porque é realmente um gênio.”

Villa-Lobos, aliás, é uma espécie de “centro” do programa – em torno dele, orbitam vários autores. “Camargo Guarnieri, por exemplo, e compositores que estão vivos, como Ernani Aguiar. Calimério Soares, que faleceu em 2011, é outro. E temos também a compositora, pianista e educadora musical paulista Lina Pires de Campos, que é pouco tocada, apesar de ter obra considerável e de muita qualidade.”

Profundamente influenciado por Debussy e Villa-Lobos, Tom Jobim (1927-1994) terá seu “Tema de amor de Gabriela” justaposto com “Melodia sentimental”, de Villa. “A ideia é mostrar o quanto o modernismo de 1922 e os procedimentos composicionais desta escola ultrapassam em muito aquele marco do tempo. Jobim é um dos compositores, mas vários outros poderiam mostrar esse eco de Villa-Lobos”, afirma o maestro.

A soprano Fabíola Protzner vai estrear na Sala Minas Gerais, que fica na sede da Filarmônica mineira, no Barro Preto. O maestro revela que o arranjo de “Tema de amor de Gabriela”, que será interpretado pela cantora, foi encomendado a André Reis especialmente para o concerto deste domingo.

Outras duas obras do programa foram compostas para a Joob. “A do compositor Ernani Aguiar se chama 'Sinfonietta Terza – Ouro Branco'. Inclusive, ele compôs a ópera ‘Aleijadinho’, que estreou recentemente em Ouro Preto”, comenta o regente. “A outra peça é ‘Peripécias’, de Calimério Soares. As duas foram criadas em 2006 para a nossa orquestra”, diz Silva-Santos.

Emoção no palco

Esta noite, 23 jovens músicos subirão ao palco da Sala Minas Gerais. “É a realização de um sonho, algo muito especial e que vamos fazer com muita responsabilidade, carinho e paixão. Significa muito para a gente pisar naquele palco, onde muitos artistas de quem somos fãs pisam todos os anos, nas temporadas da Filarmônica”, comenta o regente.

Criada em 2001, a Joob é formada por alunos das oficinas de instrumentos da Casa de Música de Ouro Branco, entidade cultural sem fins lucrativos.

PROGRAMA

“Ponteio nº 1”
. De Lina Pires de Campos

“Dança brasileira”
. De Camargo Guarnieri

“Sinfonietta terza – Ouro Branco”
. De Ernani Aguiar

“Peripécias”
. De Calimério Soares

“La plus que lente”
. De Claude Debussy

Medley: “Melodia sentimental”, “Tema de amor de Gabriela” e “Bachianas brasileiras nº 9”
. De Heitor Villa-Lobos e Tom Jobim

“VOZES DA LIBERDADE”

Concerto da Jovem Orquestra de Ouro Branco, sob a regência do maestro Marcos Silva-Santos. Neste domingo (18/9), às 18h, na Sala Minas Gerais. Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Informações: (31) 3219-9000.


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