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Estado de Minas CINEMA

'Eike - Tudo ou nada' é história bem contada da falência de Eike Batista

Filme deixa fofocas de lado e prioriza o imbróglio financeiro protagonizado pelo mineiro, que frequentou a lista dos 10 homens mais ricos do mundo


22/09/2022 04:00 - atualizado 21/09/2022 22:01

Ator Nelson Freitas está de braços abertos, de casaco laranja, no filme Eike Tudo ou nada
Nelson Freitas é Eike Batista no filme que priorizou "traduzir" para o público o fracasso econômico do bilionário brasileiro (foto: Paris Filmes/divulgação)

É difícil ficar indiferente diante de “Eike – Tudo ou nada”. O longa narra a história de Eike Batista, empresário da área de mineração que rapidamente foi alçado para a lista dos 10 homens mais ricos do mundo – para em seguida perder quase tudo.

 

A maneira de comandar o grupo EBX, com reflexos próximos aos de jogador de pôquer, e as peculiaridades do dia a dia, como o costume de brindar com leite e não com bebidas alcoólicas, já fazem do protagonista um grande personagem.

 

De posse de tamanho trunfo e com clareza na estrutura narrativa, o filme maneja o suspense e conta de maneira saborosa a narrativa de ascensão e queda de Eike Batista. Não se trata de um filme estilisticamente inovador. Tampouco se deve esperar atuações impressionantes. Estamos, sim, diante de uma história rica em informações e muito bem contada.

 

 

Roteiro se baseou em livro-reportagem

O filme se inspira no livro-reportagem de Malu Gaspar, que era chefe da sucursal carioca da revista Exame à época em que a fortuna do empresário cresceu vertiginosamente, até somar, há 10 anos, mais de US$ 30 bilhões. A jornalista acompanhou a derrocada de seus negócios, ao longo dos anos seguintes, culminando em sua prisão, cinco anos atrás.

 

O recorte que os diretores e roteiristas Andradina Azevedo e Dida Andrade deram à biografia de Eike Batista privilegia os aspectos econômicos de sua trajetória. A trama dá pouco destaque, por exemplo, a seu casamento com a atriz e modelo Luma de Oliveira.

 

O enredo resiste, assim, à tentação de reconstituir o desfile da Tradição no sambódromo, em 1998. Quem não se lembra do nome dele grafado na coleira com que ela desfilava? O filme também não perde tempo em mostrar corridas de iate, festas e o luxo em que vivia o protagonista.

Carol Castro usa gargantilha onde está bordada a palavra Eike no filme Eike Batista Tudo ou nada
Carol Castro faz o papel de Luma de Oliveira, que exibiu coleira com o nome do marido em desfile de carnaval (foto: Paris Filmes/divulgação)

Todo o esforço narrativo se concentra na nada óbvia tarefa de tornar compreensível e, mais importante, agradável a história dos negócios de Eike Batista, do sucesso na abertura do capital de sua mineradora à decisão de investir na exploração de petróleo.

 

Por incrível que pareça, o filme consegue explicar como o empresário e seu séquito, conhecido como “guarda pretoriana”, surfaram após a descoberta do pré-sal, adquirindo jazidas e especulando sobre sua capacidade de produção. Ajudam, nesse ponto, recursos jornalísticos, como infográficos inscritos sobre a imagem. É um caso em que o registro televisivo é explorado de maneira proveitosa.

 

Interpretado por Nelson Freitas, o Eike Batista do cinema tem contornos cômicos e carisma irresistível. Intrigado e cativado pelo discurso sedutor de empresário tão singular, o espectador consegue entender os investidores de pequeno porte que acreditaram nele e adquiriram ações do grupo, quebrando a cara quando o empresário começou a perder seus poderes de Midas.

 

Para o público, é uma lição de capitalismo especulativo. E o prazer de uma narrativa alicerçada na bem apurada reportagem que dá origem ao filme. 

 

“EIKE – TUDO OU NADA”

Brasil, 2022, 110min. De Andradina Azevedo e Dida Andrade. Com Nelson Freitas, Carol Castro e Thelmo Fernandes. Estreia nesta quinta (22/9), no BH 4 (18h25, 21h), Pátio 2 (15h50, 21h30), Boulevard 1 (14h20, 18h30, 20h50), Cidade 6 (14h20, 18h30, 20h40), Contagem 7 (14h10, 18h30, 20h50), Del Rey 7 (16h05, 20h50), Minas 6 (13h50, 18h40), Monte Carmo 6 (14h, 18h40, 21h) ePonteio 4 (14h20, 19h). 

 

 

 

 


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