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Estado de Minas STREAMING

Série sobre ateliê terapêutico de Nise da Silveira chega ao Itaú Play

Trabalho da psiquiatra foi tema de três documentários dirigidos por Leon Hirszman, que registrou o processo de produção artística dos internos


23/09/2022 04:00 - atualizado 23/09/2022 00:04

Interno de hospital psiquiátrico Fernando Diniz, atendido por Nise da Silveira em 1949, produz escultura com papelão
Série de Leon Hirszman sobre o trabalho de ateliê terapêutico desenvolvido por Nise da Silveira (1905-1999) com internos de hospital psiquiátrico, como Fernando Diniz, chega ao Itaú Play (foto: Itauplay/Divulgação)

Virou senso comum dizer que a linha que separa a loucura da genialidade é bastante tênue. A afirmação, contudo, cai como uma luva quando se trata dos pacientes de Nise da Silveira (1905-1999) internados no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no bairro carioca de Engenho de Dentro, entre as décadas de 1940 a 1980. 

Por meio da terapia ocupacional, Nise descobriu que existiam naquele sanatório artistas que podem ser considerados geniais. Três deles tiveram sua história contada na série “Imagens do inconsciente", de Leon Hirszman (1937-1987), que está disponível gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play, a partir desta sexta-feira (23/9).

Em quatro episódios, a série conta as histórias de Fernando Diniz, Adelina Gomes e Carlos Pertuis, e uma longa entrevista com a psiquiatra brasileira. Com narração de Ferreira Gullar, “Imagens do inconsciente” segue linha narrativa característica dos documentários e, aos poucos, vai apresentando os internos a partir de aspectos humanos que até então eram negligenciados.
 
O personagem do primeiro episódio é Carlos Pertuis. Filho de imigrantes, ele demonstrava sinais de deficiência intelectual desde pequeno. Foi com a morte do pai, no entanto, que esses sinais se intensificaram. Ele passou a vislumbrar uma imagem cósmica no céu, que era expressa em muitos dos seus mais de 25 mil desenhos, pinturas, modelagens, xilogravuras e escritos que hoje estão sob os cuidados do Museu Imagens do Inconsciente, fundado pela própria psiquiatra.

Desilusão amorosa

O segundo personagem da série, Fernando Diniz, era considerado normal pela família. Mas, aos 30, passou a ser chamado de “doido” depois de ter ficado completamente abalado por causa de uma desilusão amorosa. Não se comunicava mais, ficava de cabeça baixa e, quando falava, mal dava para ouvir sua voz.
 
A família achou por bem interná-lo no hospital de Engenho de Dentro. Durante as sessões de terapia ocupacional com Nise, Fernando se revelou artista e produziu cerca de 30 mil obras.

Adelina Gomes, protagonista do terceiro episódio, foi outra que produziu bastante no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II. Ao todo, foram 17 mil obras, entre pinturas, desenhos e esculturas. Os sintomas da esquizofrenia apareceram na juventude. Aos 18 anos, quando sua mãe reprovou o homem pelo qual ela havia se apaixonado, a reação de Adelina foi estrangular o gato de estimação da família, o que lhe custou a estada no centro psiquiátrico de Engenho de Dentro.
 
Lá, era considerada uma pessoa dócil, simpática e criativa, que se expressava pintando mulheres em forma de flor, mães com o coração fora do peito e, por incrível que pareça, gatos.

A entrevista final é um trabalho póstumo de Hirszman, concluído por Eduardo Escorel. O diretor havia gravado a entrevista com a psiquiatra, mas morreu antes de montar o filme. Escorel, conforme afirmou em entrevista recente ao Estado de Minas, procurou “mexer o mínimo possível”.

“IMAGENS DO INCONSCIENTE”

Trilogia de Leon  Hirszman sobre o trabalho de Nise da Silveira. Disponível gratuitamente a partir desta sexta (23/9), no Itaú Play



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