Indicada ao Oscar em sua primeira atuação no cinema, a mexicana Yalitza Aparicio, de 28 anos, pode ser vista desde o último dia 16 em um papel inusitado: o de Lua. Não, não se trata de uma pessoa que se chama assim, mas do próprio satélite natural da Terra.
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O caso ilustra o momento pelo qual Yalitza vem passando. "Não faz tanto tempo que me disse para deixar de lado os preconceitos e ideias equivocadas", afirma. "Não tenho por que aceitar esse tipo de coisa."
Até então, Yalitza só havia feito o papel de Cleo, a empregada doméstica que é a protagonista de "Roma" (2018), longa de Alfonso Cuarón. Pelo papel, ela se tornou a primeira atriz de origem indígena indicada ao Oscar, algo com que ela nem se permitia sonhar. "Eu era uma pessoa incrédula, que achava que o cinema era um meio totalmente alheio à minha realidade e não para todos", explica. "Fui bombardeada por mensagens subliminares ao longo dos anos. E, além de aceitá-las, eu as estava reproduzindo."
"Só quando comecei a fazer parte da indústria é que descobri a força que tem a voz de todos e que podemos fazer tudo o que quisermos", diz. "Não é um mundo alheio, mas simplesmente ainda não é aberto ao máximo, como gostaríamos, para aceitar rostos diferentes. Isso foi o que me motivou a continuar."
Mas quem esperava que ela fosse emendar um papel atrás do outro depois de “Roma” acabou se frustrando. Só neste ano é que Yalitza estrelou seu segundo longa, o suspense "Presencias", que não tem previsão de estrear no Brasil.
Pouco tempo depois, chegou o convite para "Los Espookys". "Quando me falaram no que consistia a personagem, comecei a assistir à série para entender", conta. "A narrativa me chamou a atenção e me fez rir muito. Quis tentar, porque era diferente do que eu tinha imaginado que me convidariam para fazer."
O desafio da comédia
O fato de ser uma comédia, cujo tom nem sempre é fácil de acertar, não a assustou. "É uma comédia muito peculiar, você não precisa ficar contando piadas ou caindo para que as pessoas riam", explica. "É uma coisa mais sarcástica, na qual você acaba rindo até de si mesmo. Eu me diverti muito e tentei não cair na gargalhada nas cenas, é preciso um controle imenso sobre si mesmo."
Ela diz que o fato de ser uma personagem com menos tempo de tela não a torna menos complexa. "A Cleo era algo que não tinha nada a ver comigo e que implicava ter que analisar um pouco mais a fundo a pessoa em que estava inspirada para poder dar vida a ela na tela, mantendo a essência", afirma.
"No caso da Lua, é uma personagem com mais segurança, muito carismática e pura na hora de fazer as coisas e de compartilhar suas ideias", compara. "Também tive que ir descobrindo como construir essa personagem – e não é tão fácil como algumas pessoas acham. Cada personagem tem sua essência, você tem que ir construindo de alguma maneira e procurar o que você quer refletir dele."
“LOS ESPOOKYS”
Segunda temporada da série de comédia latina, em cartaz na HBO Max, com novos episódios sempre às sextas-feiras.