Sucesso retumbante da televisão brasileira, a nova versão de “Pantanal” foi além das aventuras que se passam na fazenda de Zé Leôncio (Marcos Palmeira). O folhetim, que vem batendo sucessivos recordes de audiência da TV Globo e ainda liderou o ranking dos assuntos mais comentados do Twitter mundial com a cena picante entre Juma Marruá (Alanis Guillen) e Jove (Jesuíta Barbosa), tem sido responsável por colocar em evidência a música regional brasileira e, principalmente, a viola caipira.
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Súditos mineiros defendem 'modo pistola' do Rei, que chega hoje a BHAtemporais: Marina Sena e Djonga regravam grandes sucessos da MPBCarla Camurati dirige 'A flauta mágica', que estreia hoje em BHLuisa Doné lança clipe para canção sobre saudadeFestival promete trazer 100 atrações brasileiras e internacionais a BHNessa toada, músicos com uma pegada mais regionalista vêm ganhando maior visibilidade e aumentado o número de shows pelo país. Neste fim de semana, Belo Horizonte recebe os shows de Guito, nesta sexta-feira (23/9), no Sesc Palladium; e de Gabriel Sater, no sábado (24/9), no Centro Cultural Unimed-BH Minas Tênis Clube.
Eles estão no ar em “Pantanal” interpretando, respectivamente, Tibério e Trindade, peões da fazenda de Zé Leôncio.
Embora não tenham muito em comum na ficção, as coisas na vida real são diferentes. Guito e Gabriel, por exemplo, só começaram a tocar viola há aproximadamente sete anos.
“Eu sempre toquei violão. Comecei tocando com Jerry Espíndola & Croa”, conta Gabriel. “Tinha certo receio de pegar a viola. Não queria ser comparado ao meu pai a todo momento. Era um receio de ficar vivendo à sombra dele”, diz o artista, que é filho de Almir Sater.
Foi só quando aceitou o convite para interpretar o violeiro cigano Viramundo em “Meu pedacinho de chão”, novela da Globo de 2014, que o artista quebrou essa barreira que havia estabelecido com o instrumento. “Aí não teve jeito, né? Tive que aprender a tocar viola”, brinca.
Duelo de viola
A partir daí, Sater deslanchou no instrumento, protagonizando, inclusive, uma das cenas mais marcantes da atual versão de “Pantanal”, em que contracena com seu pai num duelo de viola.Guito também começou no violão. Inicialmente tocando em uma banda de rock na faculdade. Em seguida, enveredou pelo sertanejo com um parceiro com quem montou dupla em Lavras, sua cidade natal.
“As minhas referências foram os músicos que eu escutava tocando no rádio”, diz. “Almir Sater, Leandro e Leonardo, Raul e, posteriormente, Skank, foram artistas que muito me influenciaram, porque, além de ouvir esses caras, eu tocava as músicas deles.”
Vida simples
Para o show desta sexta, no entanto, Guito preparou repertório autoral, que, em suas próprias palavras, é uma breve história de sua vida.“Eu trago nas minhas músicas coisas do interior, coisas simples da vida, que as pessoas acabaram perdendo. Eu tive uma infância bem rural, meus avós tinham roça e eu fui praticamente criado lá. Então, esse contato com a natureza e a vivência que eu tive lá é que abordo nas minhas canções”, explica.
Quem conhece Guito apenas pelo papel de Tibério em “Pantanal” ou pelas modas que lançou em seu canal no YouTube não imagina a trajetória, no mínimo, curiosa dele. Nascido em Lavras, cidade do Campo das Vertentes, Guito fez carreira na engenharia.
Formou-se como engenheiro-agrônomo e trabalhou no ramo até 2014, quando decidiu largar tudo para viver exclusivamente da arte.
Fez shows por diversas cidades do país, tocou com Zé Geraldo e gravou com Nô Stopa (filha de Zé Geraldo). E, ao saber que a novela “Pantanal” seria regravada, entrou no Instagram do diretor Gustavo Fernandez e mandou uma mensagem pedindo para participar do teste de elenco, mesmo sem nunca ter atuado. Resultado: levou o papel.
É nos palcos, contudo, que ele quer mostrar a essência do ser humano que há muito vem sendo perdida. “Eu acredito que a arte faz a gente voltar para a nossa natureza. Ela diminui esses ruídos do dia a dia que atrapalham nossa vida.”
Gabriel Sater
No sábado, é a vez de Gabriel Sater contar um pouco de sua história por meio da música. Veterano, com mais de 20 anos de carreira, o compositor e agora ator adianta que preparou um show diferenciado para Belo Horizonte.Integram o repertório as canções "Romaria" (Renato Teixeira), “Caçador de mim” (Sá/S. Magrão), "Sexto sentido" (Rafael Altério/Rita Altério) e músicas autorais de seus quatro álbuns, que carregam em si fortes traços do regionalismo sul-mato-grossense, local de origem de Gabriel.
Ele ainda garante que não podem faltar “Amor Marruá”, de sua autoria, e “Amor de índio” (Beto Guedes), sucessos na trilha sonora da nova versão de “Pantanal”, sendo que a última foi gravada com nova roupagem junto do maestro João Carlos Martins.
Lado intuitivo
Embora tenha renegado por muito tempo a viola, a fim de desvencilhar sua imagem artística da imagem do pai, a chamada música caipira sempre foi uma referência para Gabriel. Desde que começou a se interessar por música, procurou estudar estilos diferentes e típicos dos demais países sul-americanos com o objetivo de criar uma sonoridade que fosse o resultado da mistura de todos esses estilos.“Eu sempre fui muito estudioso. Foi assim na escola e também na música. Eu pegava o violão e ficava por horas tocando, estudando.” No entanto, ao compor, Gabriel procura deixar as teorias de lado. “Não racionalizo minha inspiração. Prefiro deixar livre esse lado intuitivo dentro de mim”, comenta.
No palco, amanhã, ele estará acompanhado de João Gaspar no violão, Eliomar Landim no acordeom e Paulinho Vicente na bateria. “Estamos chegando com um quarteto muito forte, que vai fazer um barulho legal em BH”, diz.
“MOMENTOS RAROS”
Show de Guito. Nesta sexta-feira (23/9), às 21h, no Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. (31) 3270-8100. Ingressos à venda por R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia) na bilheteria do teatro e no site Sympla.
“QUANDO FOR A HORA”
Show de Gabriel Sater. Neste sábado (24/9), às 21h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. (31) 3516.1360. Ingressos à venda por R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), no site Eventim