Jornal Estado de Minas

LITERATURA

Escritora Hilary Mantel morre aos 70 anos


A escritora britânica Hilary Mantel morreu na quinta-feira (22/9), aos 70 anos, anunciou a Editora HarperCollins, que a publica na Inglaterra. A causa não foi especificada, mas o comunicado diz que ela morreu de forma repentina e tranquila.





Mantel é considerada uma das principais autoras de língua inglesa. Recebeu duas vezes o Booker Prize, maior distinção literária do idioma, pelos dois primeiros livros da série "Wolf hall". Foi a primeira mulher premiada duplamente com o troféu.

A trilogia, composta por "Wolf hall", "Tragam os corpos" e "O espelho e a luz" – que acabou sendo a última obra lançada por Mantel em vida, em 2020 –, foi editada no Brasil recentemente pela Todavia.

Esses livros tornaram Mantel referência absoluta no campo da ficção histórica ao engendrar a história de Thomas Cromwell, primeiro-ministro do rei Henrique VIII, com o vigor de romance.

A Record já havia lançado outros livros da autora no Brasil, como "Além da escuridão" e "O assassinato de Margaret Thatcher", além do volume que abriu sua trilogia mais famosa.




Nas listas do Nobel

Mantel recebeu a Ordem do Império Britânico pela sua contribuição à literatura e frequentava a lista de autores “nobelizáveis” há vários anos.
 
A escritora publicou seu primeiro livro em 1985 ("Every day is mother's day"), mas é conhecida pela trilogia sobre a turbulenta vida de Thomas Cromwell, um dos principais nomes da Reforma na Inglaterra.

Os dois primeiros volumes da série, traduzida para 41 idiomas, renderam-lhe o Booker Prize em 2009 e 2012. O terceiro volume ("O espelho e a luz") foi elogiado pela crítica, e o lançamento provocou muitas filas nas livrarias.

Mantel (antes Hilary Mary Thompson) nasceu em 6 de julho de 1952, em Derbyshire (Centro de Inglaterra), em família de origem irlandesa. Em suas memórias ("Giving up the ghost", 2003), afirma que cresceu com a desvantagem "de ser mulher, do Norte e pobre".





No livro de memórias, ela imagina o que teria sido sua vida com a filha que jamais teve, porque ficou estéril depois de sofrer de uma doença desconhecida na época, a endometriose.

Batizada de Catriona, a filha imaginária foi, sem dúvida, o fantasma mais comovente dos vários espectros que marcaram sua obra.

Depois de estudar direito na London School of Economics e, em seguida, na Universidade de Sheffield, ela viajou com o geólogo Gerald McEwen, que se tornaria seu marido, para Botsuana, onde moraram por cinco anos. Depois, morou por quatro anos na Arábia Saudita, antes de retornar para a Grã-Bretanha em meados dos anos 1980.

Repercussão

"Hilary era a melhor de sua geração deste período, uma romancista importante, corajosa, com uma imensa empatia (...) Vamos sentir muita falta de sua companhia, de seu humor e sempre amaremos seu incrível legado literário", afirmou Charlie Redmayne, presidente da HarperCollins no Reino Unido.

Cada um de seus livros oferecia "uma trama inesquecível de frases luminosas", elogiou seu ex-editor Nicholas Pearson, ao revelar que a escritora trabalhava, mês passado, em um novo livro.

"Nós perdemos um gênio", tuitou J. K. Rowling, autora da saga “Harry Potter”.
 
"Todos no Booker Prize estão profundamente tristes com a morte de Hilary Mantel", afirmou a conta no Twitter do principal prêmio literário britânico.